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Esse é o blog de Patricia Julianelli, jornalista especialista em nutrição, esporte e qualidade de vida, além de apaixonada por comida e corrida de rua. Ela é autora do livro "Boca Livre - Comida e Boa Forma com Prazer e sem Neura" e apresentadora do quadro "Saúde em Movimento", da rádio CBN

Números não me definem

A maturidade pode levar colágeno e massa magra embora, mas traz experiência para sabermos que somos únicos

Por Patricia Julianelli
25 abr 2024, 18h24
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Comparações e metrificações podem ser injustas com você. (Ilustração: Veja Saúde/Veja Saúde)
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Com que segurança você responde à pergunta “Que tamanho você usa?”. No meu caso, só há uma resposta: “Depende”. Depende da loja, da peça, se é para a parte de baixo ou de cima do corpo… Às vezes, em uma mesma loja, eu sou capaz de me sentir bem com um 38, um 40 e até mesmo um 42.Fico me perguntando como isso é possível: em um dia você é um 38 e, no outro, um 42. É preciso muita autoestima e terapia em dia para não se deixar abalar. 

E olha que sou uma mulher magra, bem dentro dos padrões impostos. Se você está com sobrepeso – realidade de mais da metade dos brasileiros -, uma calça que não fecha pode ser um gatilho e tanto.

Mas por que nós mulheres deixamos que números nos definam? Escrevo mulheres porque – salvo raríssimas exceções – os homens não se deixam abalar por um número em uma etiqueta de roupa. Aliás, se tem algo que eu invejo nessa vida é a autoestima masculina. Já queria ter nascido com ela.

É claro que o sobrepeso pode ser um problema real, se estivermos falando de mais que alguns quilos extras na balança. Minha questão é com o peso que damos ao peso, sabe? O número pelo número: da calça, da balança, da idade, do relógio esportivo. Como se eles definissem o nosso valor.

Eu não me peso voluntariamente há muitos anos, talvez décadas. Só descubro meu peso se sou “obrigada” a subir na balança em alguma consulta médica. São as roupas e o espelho que me dizem se estou bem. Se a calça aperta, já sei que algo desandou.

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E faz parte: a vida está em constante movimento. Nem sempre (ou quase nunca), as coisas andam como planejamos. E muita coisa pode interferir na nossa relação com a comida e a atividade física, por exemplo.

Então, é normal que nosso peso oscile. Eu tento ficar na “margem de erro”, como nas pesquisas eleitorais: dois pontos para cima ou para baixo.

O lance é a gente não entregar os pontos. Percebeu que o corpo mudou e a mudança não lhe agrada? Respire fundo, mentalize que você é muito mais que seu peso e retome os cuidados com a saúde. Só de começar – seja uma atividade física ou uma dieta mais nutritiva –, você já vai se sentir melhor.

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Meu corpo mudou nos últimos 20 anos. Mas eu gosto e valorizo o que vejo. E tento não me comparar com a Patricia de 27 anos, muito menos com outras mulheres, especialmente as que vejo só nas redes sociais. Por lá, as pessoas exibem um recorte da realidade, e eu não faço ideia do todo.

+Leia também: Geração Ozempic

Eu pratico corrida há quase 20 anos. Outra coisa que também mudou foi a minha velocidade. Estou mais lenta. 

E isso á algo natural, até esperado. Nossa massa muscular – especialmente das fibras de contração rápida – tende a diminuir com a idade. Assim como os níveis de certos hormônios e a flexibilidade de nossas articulações.

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Não vou negar: em um mundo pautado pela performance, ver seus números caindo pode ser duro. Por isso eu decidi mudar o foco. 

Se antes a meta era ficar mais rápida, hoje tento aumentar as distâncias, até porque a nossa resistência é menos afetada pela idade. Dia ou outro, ainda sai um treino rápido e eu comemoro, claro.

Também passei a valorizar mais o privilégio de correr, de ter esse tempo só para mim. Adoro treinar ouvindo música, sentindo o vento no rosto. De preferência numa manhã fria e ensolarada no parque. Não importa o ritmo nem a distância, finalizar um treino sempre melhora o meu dia.

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O número no relógio, na calça jeans, na balança. Nada disso me define. A maturidade pode levar embora colágeno e massa magra, mas traz essa certeza inabalável de que somos únicos, incomparáveis. 

Hoje, eu tenho a consciência de que sou um mulherão, e meu corpo nem está entre as minhas principais qualidades.

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