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A era da semaglutida: não precisamos mais de cirurgia bariátrica?

A abordagem contra a obesidade deve ser individualizada, e os medicamentos têm ajudado a definir quem realmente precisa ser operado

Por Sidney Klajner
18 jan 2025, 06h00
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A luta contra a balança vai muito além de "força de vontade". (Ilustração: Henrique Petrus/Veja Saúde)
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Medicamentos com semaglutida vêm sendo usados por um número crescente de pessoas com obesidade. Com eficácia cientificamente comprovada, eles têm sido indicados pelos endocrinologistas como uma boa alternativa de tratamento da doença.

Mas o sucesso ou fracasso dessa abordagem não depende apenas do princípio ativo desses remédios. Depende também do paciente. Quem os utiliza precisa mudar comportamento em relação à alimentação e prática de atividade física.

Sem isso, precisarão a vida inteira das chamadas “canetas emagrecedoras”. Se param, recuperam o peso perdido e acabam buscando na bariátrica a solução.

Além disso, muitas pessoas não conseguem se adaptar a alguns efeitos associados ao uso desses remédios, como constipação intestinal (intestino preso) e refluxo gastroesofágico.

E não se pode classificá-los como efeitos adversos. São apenas mudanças fisiológicas decorrentes dos mecanismos de funcionamento desses medicamentos, que agem de forma análoga ao GLP-1, um hormônio produzido naturalmente no nosso organismo no final do intestino delgado.

Entre suas principais ações, esse hormônio promove a sensação de saciedade em nível cerebral, lentifica o movimentos do intestino para que sejam absorvidos mais nutrientes, estimula o pâncreas a produzir mais insulina e prolonga o tempo que os alimentos permanecem no estômago (fechando o piloro, pequeno músculo que permite que passem ao intestino).

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Só que essa produção natural de GLP-1 é pontual: aumenta quando comemos e depois volta ao nível basal. O que essa nova classe de medicamentos faz é prolongar seus efeitos.

+Leia também: Ozempic é só o começo: os remédios que prometem mudar o tratamento da obesidade

Dessa forma, junto com a sensação de saciedade que o remédio assegura pode vir a constipação intestinal, causada pela lentificação do intestino, e o refluxo, pelo longo tempo que os alimentos permanecem no estômago (até 21 dias).

É possível, sim, tratar estes dois problemas, mas isso vai tirar um pouco do efeito do medicamento.

A demora no esvaziamento gástrico tem outra implicação importante que precisa ser considerada quando o paciente vai ser submetido a qualquer cirurgia eletiva ou procedimento que exija anestesia ou sedação: ela precisa suspender por três semanas o uso do medicamento para evitar que haja comida no estômago no dia do procedimento.

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Caso reste algum alimento por lá, existe o risco de uma pneumonia aspirativa, quando o paciente vomita e aspira o alimento para o pulmão. Se for uma cirurgia de urgência, a intubação é feita com o indivíduo acordado, para prevenir essa grave complicação.

No meu consultório — sou cirurgião do aparelho digestivo e coloproctologista — tenho recebido um número crescente de pacientes que fazem uso desses medicamentos com queixa de refluxo ou constipação. Chegam também vários que pararam de usá-los, por não tolerar os sintomas ou pelo alto custo do tratamento prolongado, reganharam o peso perdido e agora buscam a cirurgia bariátrica.

O papel da bariátrica

Vale lembrar que esse procedimento é indicado para pessoas obesas com índice de massa corpórea (IMC) acima de 40 (obesidade mórbida) ou acima de 35 com doenças associadas, como diabetes, colesterol alto, pressão alta, doença cardiovascular de alto risco, apneia do sono e problemas ortopédicos relacionados ao peso.

Desde 2018, o Conselho Federal de Medicina incluiu nessa lista outros distúrbios, como depressão e fobias sociais derivadas de estigmas relacionados com a obesidade.

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+Leia também: Dossiê bariátrica: 17 perguntas e respostas sobre a cirurgia

Seria de se imaginar que a demanda por cirurgias bariátricas diminuiria com o aumento do uso desse tipo de medicamentos para emagrecer. Embora haja poucos dados a respeito, os existentes indicam que o número desses procedimentos continua estável.

O que explica isso pode ser resumido por frases que ouço de pacientes quando chegam ao meu consultório. “Doutor, já fiz de tudo, até Ozempic (ou outro similar) eu tomei.” “Tive de parar com o remédio por causa dos sintomas e voltei a engordar os 40/50 quilos que tinha perdido”. Na prática, esses remédios estão ajudando a definir quem precisa mesmo ser operado.

É muito positivo pensarmos que, além de mudanças no estilo de vida, quem precisa combater a obesidade conta atualmente tanto com a abordagem medicamentosa como com a cirurgia bariátrica. Qual a mais indicada? É aquela que melhor se adapta ao perfil e às necessidades do paciente.

O mais importante é que ele perca o excesso de peso que tanto ameaça a sua saúde física e mental.

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