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Você pode (ou melhor, deve) se preparar para um envelhecimento saudável. A geriatra Maisa Kairalla, da Universidade Federal de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, ensina como

Fake news e detox de vacinas: o atual cenário da imunização no Brasil

Notícias falsas e promessas enganosas envolvendo vacinas seguem em alta no país. Situação ameaça a proteção contra a Covid-19

Por Maisa Kairalla
19 abr 2023, 16h40
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Disseminação de notícias falsas sobre vacinas é uma ameaça à saúde da população.  (Ilustração: visuals/Unsplash/Divulgação)
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Passados três anos do início da pandemia da Covid-19 no Brasil, e com uma desaceleração do cenário vivenciado nesse período graças à vacinação em massa, continuam surgindo notícias falsas (as chamadas fake news) relacionadas à imunização.

Na esteira disso, em pleno 2023, ainda temos ouvido denúncias sobre médicos que estão vendendo tratamentos enganosos de “detox” de vacina, conhecidos também como desvacinação. A proposta é reverter os efeitos dos imunizantes contra o coronavírus.

Acontece que esses médicos estão prescrevendo medicamentos que podem trazer sérios problemas de saúde, além de incorrerem no ato de indicar tratamentos sem embasamentos científicos.

“Desvacinação” da Covid-19

De forma totalmente irresponsável e, como indicado por denunciantes, com ares de charlatanismo, alguns médicos estão comercializando falsas formas de “desintoxicar” o organismo da vacina da Covid-19.

O público-alvo é, em grande maioria, formado por pessoas que hesitaram em se vacinar, mas o fizeram por alguma necessidade específica – como viajar para países que exigiam o comprovante de vacinação.

Entre os medicamentos receitados estão doses altíssimas de vitamina D, além de ivermectina.

+ LEIA TAMBÉM: O que é a vacina bivalente

Ao ingerir essas substâncias, o indivíduo pode ter um grande aumento das taxas de cálcio no sangue, gerando a hipercalcemia. O quadro desencadeia sintomas como confusão mental, náusea, desidratação e até mesmo insuficiência renal.

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Por fim, é importante lembrar que não existe nenhuma forma de retirar do seu sistema imunológico algo que ele guardou como uma memória. Em outras palavras, após a vacinação, o sistema imune vai tentar se defender do vírus.

Aí você pode questionar: “Mas, então, para que servem as doses de reforço?”. Bem, elas ajudam o sistema imunológico a permanecer sempre alerta para um eventual contato com o vírus – mas não quer dizer que as injeções anteriores sumiram do organismo. É preciso estar ciente disso.

Falsos tratamentos

Além de prometerem o tal detox da vacina, muitos desses médicos aproveitam para oferecer, na sequência, terapias sem comprovação científica.

Entre os métodos, estão sessões de ozonioterapia para anular prejuízos que as vacinas possam ter provocado no organismo.

Mas é importante destacar aqui que o Conselho Federal de Medicina (CFM) não autoriza a prática dessa técnica no Brasil.

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+ LEIA TAMBÉM: Entenda as novas recomendações da OMS sobre as vacinas da Covid-19

Existem mais indicações perigosas que encontramos por aí, como a ingestão de ivermectina e aspirina “pelo resto da vida”.

Além disso, há cursos, livros e grupos em aplicativos de mensagens online que divulgam “protocolos pós-vacina para desintoxicação”, sessões de biorressonância, entre tantos outros procedimentos sem eficácia comprovada.

Notícias falsas colocam o Brasil no ranking de mortes

Em março de 2023, o Brasil atingiu a marca de 700 mil mortes devido ao coronavírus.

Esse pico foi alcançado um ano e cinco meses depois da marca das 600 mil mortes, em outubro de 2022.

Ou seja, foi o maior intervalo de tempo visto desde o início da pandemia para somarmos mais 100 mil mortes.

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Essa queda nos óbitos tem um motivo: o esquema de vacinação com primeira e segunda doses.

Porém, ainda assim, o Brasil leva consigo a marca de ser o segundo país com maior acúmulo de mortes, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

+ LEIA TAMBÉM: A batalha pela vacinação

Esse número poderia ser muito menor se nós tivéssemos adotado rapidamente práticas efetivas para combater o vírus assim que a pandemia começou.

Mas houve muita discussão envolvendo exatamente as famosas fake news, principalmente de porta-vozes nacionais, que espalharam pânico, defenderam medicamentos comprovadamente ineficazes e atrasaram a aderência à vacina.

Mentiras não param – e são cada vez mais elaboradas

Ainda que a contribuição das vacinas para o controle da pandemia seja evidente, as fake news seguem a todo vapor. E não envolvem só o Brasil.

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Recentemente, circulou a fake news de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tinha ordenado que todo o estoque de vacinas contra o coronavírus no país fosse destruído.

Essa “notícia” se espalhou pelas redes sociais e muitas pessoas acreditaram. Acontece que não passava de uma “brincadeira” de mau gosto.

Também disseram que, nos Estados Unidos, militares haviam encontrado uma suposta droga denominada escopolamina em vacinas destinadas às crianças. Outra balela.

Ainda nos Estados Unidos, algumas pessoas começaram a questionar se o presidente Joe Biden havia sido vacinado de verdade ou se era apenas encenação para a mídia.

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A vacina bivalente

Em fevereiro, iniciamos a aplicação da vacina bivalente, que tem como objetivo melhorar a imunidade diante da cepa original e também proteger contra a variante Ômicron e suas subvariantes.

A primeira fase da campanha é voltada à aplicação da vacina nos grupos prioritários, o que incluiu os idosos.

Até o momento, cerca de 7,8 milhões de doses bivalentes foram usadas nesses grupos.

Como já era de se esperar, também surgiram fake news sobre essa vacina.

Tivemos o conhecimento de que estão circulando áudios por meio de grupos de mensagens nos quais alguém diz que a vacina bivalente é fatal.

Trata-se de uma alegação totalmente falsa, já que todas as vacinas passam por muitos estudos e testes de segurança.

“Todos os dados do uso das vacinas contra Covid-19 no Brasil, disponíveis até o momento, apontam para benefícios superiores aos riscos. A ocorrência de eventos adversos graves se mantém rara”, diz a Anvisa.

Inclusive, o Comitê de Imunizações da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, do qual sou coordenadora, elaborou o material “Vacina Bivalente para Covid-19 – o que sabemos”, que pode ser acessado aqui.

+ LEIA TAMBÉM: A importância de manter a vacinação da Covid-19 em dia

Acredite nas vacinas

Precisamos continuar atentos às informações e fazer pesquisas em fontes confiáveis para não acreditar nem disseminar fake news, que são extremamente nocivas à saúde da população.

Além disso, esses casos de médicos prescrevendo medicações controversas e prometendo falsos tratamentos para reverter algo que não existe (e que não é necessário, afinal, as vacinas visam promover a saúde) devem ser investigados.

Justamente por causa das fake news, nossa população enfrentou o atraso no início da vacinação, o que resultou em grandes (e irreparáveis) perdas.

Agora, mais do que nunca, devemos continuar acreditando na ciência e em todo o apoio que ela pode dar para nossa saúde.

Por fim, é importante reiterar que as vacinas contra a Covid-19 são comprovadamente seguras, aprovadas e testadas clinicamente por agências regulatórias, e apresentaram resultados eficazes nos imunizados.

Vacine-se para proteger você e os outros ao seu redor contra a doença e a transmissão do vírus.

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