Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Cientistas Explicam

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Erguendo a bandeira da divulgação científica, um seleto grupo de pesquisadores se une para esclarecer, debater (e se divertir com) os temas mais complexos e polêmicos da biologia e da medicina
Continua após publicidade

A nossa guerra às superbactérias

Em meio aos avanços da medicina, alguns micro-organismos resistentes a antibióticos preocupam médicos e ameaçam a população

Por Natalia Pasternak Taschner*
Atualizado em 28 fev 2023, 17h09 - Publicado em 11 Maio 2017, 09h07
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Antibióticos são usados na medicina e na pecuária há décadas e, graças a eles, doenças que antes dizimavam populações estão controladas. No entanto, parte desses compostos passa inalterada pelo intestino de humanos e animais e chega ao meio ambiente. Aí vem o problema: a presença dos antibióticos nesses espaços – do nosso corpo aos rios e solos – incentiva o surgimento de bactérias resistentes.

    Expostos a uma carga mais baixa desses medicamentos, alguns micro-organismos sobrevivem, justamente os mais adaptados. Estímulo semelhante acontece se uma pessoa não segue o tratamento com antibiótico até o final. Quando não matamos todas as bactérias, é provável que uma sortuda com um gene de resistência sobreviva.

    Segundo a OMS, já entramos na era pós-antibióticos, em que voltamos a ficar suscetíveis a doenças controladas há tempos, como gonorreia e tuberculose. A resistência faz parte da natureza e está escrita em alguns genes das bactérias, capazes de transmiti-los para sua prole, quando se dividem, ou para suas vizinhas, quando trocam informação genética. O uso excessivo e por vezes sem orientação dos antibióticos e a aplicação em larga escala na pecuária só aceleram o processo.

    A resistência a antibióticos é um problema de saúde pública: eleva o tempo de internação e o óbito nos hospitais. O custo para tratar um paciente com tuberculose sensível a antibióticos chega a 18 mil dólares. Se a bactéria for multirresistente, sobe para 500 mil! Sem antibióticos efetivos, será impossível realizar no futuro cirurgias abertas, transplantes de órgãos e lidar com uma população longeva e, portanto, mais sujeita a infecções.

    Daí a urgência de promover o emprego consciente desses remédios. O cidadão precisa aprender a seguir o tratamento até o fim e não usar nem pressionar o médico para prescrevê-lo diante de condições que não se beneficiam do uso, como gripes e resfriados.

    Continua após a publicidade

    Mais importante do que criar restrições legais ao produtor rural é ele entender que, apesar do lucro que obterá utilizando antibiótico como promotor de crescimento, estará financiando problemas de dimensão catastrófica. Precisamos incentivar a pesquisa de novos testes e medicamentos e pensar em soluções para o descarte doméstico e hospitalar.

    Quantas pessoas sabem que podem levar antibióticos vencidos ou não utilizados a uma farmácia credenciada como posto de coleta em vez de jogá-los na pia? Sem medidas efetivas que envolvam o público e a classe médica, vamos perder a guerra. As bactérias não brincam em serviço – e trabalham em conjunto. Já é hora de trabalharmos também.

    *Natalia Pasternak Taschner é bióloga, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo e coordenadora dos projetos Pint of Science no Brasil e Cientistas Explicam.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.