Dieta inadequada e sedentarismo são dois hábitos que trazem riscos à saúde, principalmente quando pensamos em gestantes. Um dos motivos é que o ganho de peso aumenta significativamente a propensão da mulher ao diabetes gestacional. E, hoje, vemos um número cada vez maior de grávidas com sobrepeso ou obesidade.
Mas há medidas preventivas. Um estudo finlandês concluiu há pouco que intervenções na dieta no início da gestação reduzem o risco de o diabetes aparecer.
Isso é importante para a mãe e o bebê: o diabetes gestacional está ligado a complicações na gravidez em si e no parto e aumenta a probabilidade de a criança ter doenças metabólicas mais tarde.
Os perigos do excesso de glicose no sangue materno têm a ver com a inflamação. Segundo os pesquisadores finlandeses, uma dieta que eleva as substâncias inflamatórias circulantes, com maior consumo de gordura (sobretudo a saturada das carnes e dos industrializados) e de alimentos com alto índice glicêmico (doces, massas e produtos feitos de farinha branca), está diretamente relacionada ao maior risco de diabetes gestacional.
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As análises também revelaram, no sentido oposto, que um cardápio que promova a saúde de forma abrangente está associada a menos chances de desenvolver a doença. O que é particularmente bem-vindo nesse caso? Comer mais verduras, legumes, frutas, cereais e outros alimentos integrais e fontes de gorduras insaturadas, caso de peixes e azeite de oliva.
É que esses alimentos e nutrientes ajudam a reduzir a inflamação a que o corpo está exposto. Com menos inflamação, cai o risco de diabetes. Assim, toda gestante se beneficiará de uma orientação dietética no início da gravidez.
Algumas circunstâncias pedem mais atenção. Mulheres acima do peso, com resistência à insulina ou histórico familiar de diabetes devem ser particularmente encorajadas a monitorar a situação e a fazer mudanças de hábito alimentar, além de praticar atividade física.
Uma dieta balanceada nos períodos de pré-concepção e gestação, que respeite o equilíbrio dos macro e micronutrientes, não só soma pontos à prevenção do diabetes como garante o pleno desenvolvimento e crescimento do feto.
Sugerimos priorizar proteínas como carnes magras, ovos, laticínios e leguminosas; carboidratos complexos como frutas, legumes, grãos e cereais integrais; gorduras boas como as do azeite, das castanhas e de frutos como abacate; e fontes de vitaminas e minerais, presentes nesses grupos alimentares. Vegetais em geral ainda contribuem com antioxidantes (carotenoides, polifenóis etc).
Muitas vezes, especialmente em situações de maior risco, é recomendável contar com o acompanhamento de um nutrólogo, além das consultas de rotina com o obstetra. Esse cuidado, que envolve ideias de cardápio e substituição de alimentos, é extremamente bem-vindo a essa fase tão especial.
* Fernando Prado é ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, doutor pela Unifesp e o Imperial College London, na Inglaterra; Marcella Garcez é nutróloga, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e mestre em ciências da saúde pela PUC-PR