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A “fome emocional” e o seu impacto na saúde

Há pessoas que colocam todos os seus sentimentos, positivos ou negativos, na comida. Especialista fala sobre esse e outros perfis alimentares

Por Fabiana Mandel Cyrulnik, endocrinologista*
2 fev 2024, 16h14
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  • Faz parte da essência humana associar as refeições diárias a emoções. Seja um belo jantar para celebrar um momento especial ou um docinho para diminuir o estresse de um dia cansativo, essa prática é mais comum do que parece.

    Entretanto, em alguns casos, essa correlação se desequilibra e pode tomar o controle dos nossos hábitos alimentares, como tem ocorrido com a modelo Yasmin Brunet.

    Ao participar do Big Brother Brasil, o maior reality show da televisão brasileira, seus hábitos têm sido expostos e amplamente discutidos nas redes sociais, principalmente após Yasmin afirmar que está depositando a ansiedade na comida.

    + Leia também: Sobre honrar os nossos desejos

    Sem a menor ambição de fazer um diagnóstico apenas com base no comportamento da modelo no programa – o que seria uma irresponsabilidade e vai totalmente contra ao que eu como médica acredito – é possível afirmar que esse tipo de comportamento pode compor um perfil alimentar que chamamos de “comedor emocional”.

    Isso ocorre quando o indivíduo come como uma forma de recompensa e para lidar com as emoções, sejam positivas ou negativas. Esse hábito pode resultar em sobrepeso ou obesidade, caso não haja controle adequado, já que o indivíduo come sem a necessidade fisiológica de repor suas energias.

    Recentemente, um estudo analisou os perfis alimentares de centenas de pessoas e as classificou entre quatro categorias, determinando a abordagem para cada uma. São elas:

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    O estudo demonstrou que a terapia guiada por esses perfis resultou em uma perda de peso 75% maior do que o tratamento prescrito sem considerar as características individuais dos pacientes. Portanto, a terapia individualizada é uma estratégia eficaz para obter melhores resultados na perda de peso.

    Ignorar a influência das emoções no comportamento alimentar pode ter um impacto negativo no tratamento da obesidade. A pessoa que come em resposta aos sentimentos frequentemente experimenta impulsos intensos e, muitas vezes, incontroláveis. Isso compromete a adesão ao plano alimentar e a motivação para seguir com o tratamento.

    + Leia também: Compulsão alimentar: o que causa e como lidar com o transtorno

    Uma pesquisa nacional realizada pelo Instituto Ipec em abril de 2023 aponta que 7 a cada 10 brasileiros sentem ou já sentiram a fome emocional. A fome emocional acontece também em pessoas com peso ideal, mas tende a ser mais frequente à medida que o Índice de Massa Corporal (IMC) aumenta, conforme indicado pela pesquisa.

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    A pesquisa também destacou que a fome emocional está frequentemente associada a episódios de “craving”. Esse termo, traduzido como fissura alimentar, descreve um desejo ou impulso intenso e imediato por um alimento específico, com sabor doce ou salgado e de grande apelo sensorial.

    O estudo aponta que três em cada quatro pessoas com obesidade afirmam lidar com o craving e que o sintoma é 50% mais frequente no gênero feminino.

    + Leia também: Não consegue deixar de comer bife? Pode ser culpa dos seus genes

    Existem alguns comportamentos que contribuem para descredibilizar o tratamento da obesidade. Por exemplo: 60% das pessoas com obesidade na amostra do Ipec conhecem alguém ou já utilizaram medicação para emagrecer por conta própria.

    Entretanto, já sabemos que o tratamento sem acompanhamento médico pode prejudicar o processo de perda de peso, causando frustrações e trazendo riscos à saúde.

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    O especialista avalia todo o seu perfil de saúde e de alimentação antes de escolher o tratamento. A fome emocional, por exemplo, pode ser identificada a partir de perguntas simples sobre as emoções envolvidas na busca pela comida:

    É importante compreender e reforçar que essa diferenciação entre os perfis têm impacto no resultado do tratamento. Com uma avaliação correta, é possível escolher o tratamento mais adequado, que, combinado a reeducação alimentar, atividade física e acompanhamento profissional, pode trazer mais chances de sucesso e, claro, qualidade de vida.

    *Fabiana Mandel Cyrulnik é endocrinologista e gerente médica de Obesidade e Diabetes na Merck Brasil.

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