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A Substância: uma reflexão sobre ego, pressão social e saúde mental

Um dos destaques do Oscar 2025 não é apenas um filme de terror psicológico, mas um espelho incômodo da sociedade atual

Por Fabiana Guntovitch, psicanalista*
Atualizado em 2 mar 2025, 09h21 - Publicado em 2 mar 2025, 07h30
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Filme A Substância traz crítica aos padrões de beleza  (Instagram/Reprodução)
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O filme A Substância, estrelado por Demi Moore e indicado ao Oscar, tem gerado debates intensos sobre os impactos da busca incessante por validação e pertencimento.

Com uma crítica social contundente, o longa explora como a pressão estética e os padrões inalcançáveis de perfeição transformam seres humanos em produtos descartáveis.

De maneira perturbadora, a história expõe o que acontece quando o ego se torna refém das ilusões sociais e é inserido em uma sociedade doente, onde quem dita as normas, nos define como objetos a serem consumidos e descartados.

Convencidos de que precisamos nos tornar versões melhores de nós mesmos o tempo todo, somos levados a extremos, reproduzindo contra nós mesmos violências que, de tão romantizadas, não são mais percebidas por nós como tais, afinal foram e continuam sendo completamente normalizadas.

Na história em questão, Elisabeth Sparkle, personagem de Demi Moore, recorre a um tratamento revolucionário para rejuvenescer, mas acaba enfrentando consequências devastadoras.

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Psicologicamente falando, essa metáfora representa como o ego, quando excessivamente inflado pela necessidade de aprovação externa, pode se tornar uma força destrutiva. No filme, ele mostra que é capaz de matar o que resta de sua origem, essência e verdade. Neste extremo, o ego se perde e se consome a tal ponto que não lhe resta mais nenhuma conexão com sua humanidade saudável.

+Leia também: Síndrome da feiura imaginária: conheça a dismorfia corporal

Outro ponto levantado pelo filme e que não passa despercebido é o papel da indústria da beleza na imposição de padrões e na manipulação do desejo de aceitação.

Esse ciclo vicioso reflete a forma como muitas pessoas acabam adoecendo em nome de uma perfeição inatingível. Procedimentos estéticos cada vez mais invasivos são promovidos como essenciais, levando a consequências que vão desde transtornos psicológicos até complicações médicas graves.

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A Substância incomoda porque escancara uma realidade que já existe, mas muitas vezes é ignorada.

De forma inteligente, o filme é um alerta sobre os impactos de uma cultura que coloca o valor humano à mercê de interesses comerciais e sociais, sem considerar os danos que isso nos causa e, infelizmente, o preço que estamos pagando por essa ignorância, que é alto demais.

Enquanto romantizamos e normalizamos tais violências psicológicas, assim como na cena final do filme, não deveríamos nos espantar ao perceber que estamos todos com as mãos sujas de sangue.

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Sangue de todas as pessoas que, em busca de sua inexistente versão perfeita, adoeceram física e mentalmente, e daquelas que perderam suas vidas em procedimentos estéticos que nos convenceram serem essenciais.

Acima de qualquer coisa, o longa convida o público a uma reflexão urgente sobre os padrões irreais de beleza e a sede desenfreada por aceitação. E pergunta que não quer calar dentro de mim depois de assistir é: será mesmo que precisamos de tudo isso?

Por fim, acredito que A Substância não é apenas um filme de terror psicológico, mas um espelho incômodo da sociedade atual.

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Ele nos convida a repensar nossos valores, reconhecer as pressões que nos cercam e, principalmente, resgatar nossa humanidade antes que ela seja completamente consumida pela busca incessante pela perfeição.

*Fabiana Guntovitch, psicanalista e especialista em comportamento

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