Alopecia frontal fibrosante: a queda de cabelo que pode ser irreversível
A doença acomete, inclusive, as sobrancelhas; muitas vezes, o transplante capilar só pode ser indicado após dois anos de inatividade da doença
A pesquisa Frontal Fibrosing Alopecia, publicada no Journal Clinics in Dermatology, conta que, na descoberta da alopecia frontal fibrosante, em 1994, uma a cada seis mulheres na pós-menopausa era atingida pela condição, que causa perda de cabelos de forma permanente.
Hoje, ela representa a causa atual mais comum de alopecia cicatricial em todo mundo.
Os principais sintomas da alopecia frontal fibrosante
Coceira, sensibilidade e dor no couro cabeludo são alguns deles. Na fase ativa da doença, é possível perceber uma vermelhidão na área do couro cabeludo afetado e descamação.
Outro sinal é o aumento da testa com a diminuição da linha de implantação dos cabelos e a perda da costeleta.
Detalhe: essa recessão capilar não é uniforme. Pode ser linear, difusa ou pseudofranja (quando a linha de implantação está preservada, seguida de uma área de calvície por trás dessa franja).
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O quadro é lento e progressivo, e a pessoa demora para perceber. Também pode acometer as sobrancelhas, causando falhas e, em casos mais graves, sua queda quase total.
O que acontece é que o fio cai e cicatriza o folículo. Naturalmente, o organismo preenche esse folículo com fibrose (um tipo de cicatriz). Geralmente a pessoa percebe o problema quando ele já está em uma fase avançada – e, só aí, procura um tricologista ou dermatologista.
As causas por trás desse tipo de queda de cabelo
A alopecia frontal fibrosante é uma condição normalmente autoimune – tanto que a revisão apontou uma associação com hipotireoidismo em até 38% dos pacientes.
Outras doenças autoimunes que podem explicar essa alopecia incluem vitiligo, lúpus, psoríase, artrite reumatoide e anemia perniciosa.
Ela também pode ser desencadeada por fatores genéticos, estresse, alteração hormonal e falta de estrogênio na menopausa.
Nesse estudo, sugere-se que ela também pode ser estimulada por fatores ambientais, como uso de produtos de cuidados faciais sem enxágue e protetores solares. Mas, para confirmar essas associações, são necessárias mais pesquisas científicas.
Como é o diagnóstico da doença
Existem algumas formas de confirmar o quadro. Em consultório, usando um dermatoscópio, um aparelho que aumenta em até 20 vezes o tamanho das estruturas da pele, é possível observar a ausência de orifícios foliculares, descamação ao redor do folículo e a presença de vasinhos sanguíneos, indicando atividade inflamatória.
Também é possível diferenciar de outras condições, como a tricotilomania (transtorno psiquiátrico em que a pessoa sente necessidade de puxar os fios) e das demais alopecias, como a areata (perda de pelos em forma oval); por tração (quando a pessoa usa muito o cabelo preso); e a androgenética (quando a queda é hormonal e determinada geneticamente).
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Mas é só depois do exame histopatológico, ou seja, da biópsia – quando uma área do tecido é removida e enviada para análise em um laboratório – que se consegue a confirmação.
Qual o tratamento da alopecia frontal fibrosante?
O objetivo do tratamento é acabar com a atividade da doença, interromper a progressão e proporcionar alívio de quaisquer manifestações clínicas problemáticas.
Vale ressaltar que não adianta focar no crescimento de novos fios, uma vez que os folículos foram destruídos e preenchidos de fibrose.
De acordo com a revisão, a hidroxicloroquina tem se mostrado eficaz para a estabilização do quadro, já que reduziu em até 73% os sinais e sintomas em 36 pacientes.
Tanto antibióticos com ação anti-inflamatória, quanto corticoesteroides, apresentaram resultados variáveis, ou seja, em algumas pessoas eles retardaram temporariamente o distúrbio, enquanto em outras, não.
O mesmo foi observado com imunossupressores (remédios que diminuem ou inibem a ação do sistema imunológico) e imunomoduladores (medicamentos que podem exacerbar ou reduzir a resposta imune). Há ainda estudos inconclusivos com relação ao minoxidil.
Tratamentos clínicos, como a mesoterapia capilar e a microinfusão de medicamentos na pele (MMP), têm trazido ótimos resultados.
E o transplante capilar?
Na fase ativa, o transplante capilar pode estimular ainda mais o problema e acelerar essa queda de fios – ao contrário do que acontece quando se trata de outros tipos de alopecia.
Só depois de dois anos de inatividade da doença, quando ela for considerada estabilizada, é possível passar pelo procedimento.
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Por isso, fica o alerta: a qualquer sinal de queda anormal, inclusive na sobrancelha, e afinamento dos fios, procure um especialista.
*Julio Pierezan é médico tricologista, especializado em cirurgia de transplante capilar, pós-graduado em dermatologia, membro da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC) e da World FUE Institute, e diretor médico da Clínica Pierezan (SP).