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“Cadê o bebê?” Precisamos falar sobre a saúde mental das tentantes

A infertilidade deve ser discutida de forma clara, didática e livre de qualquer tipo de estigma, preconceito e tabu

Por Liliana Seger, psicóloga*
Atualizado em 29 nov 2024, 10h34 - Publicado em 29 nov 2024, 10h30
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Expectativa intensa pela gestação pode desencadear problemas psicológicos (Freepik/Freepik)
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Tentar. Tentar requer empenho, esforço, dedicação. Demanda tempo, serenidade, constância. Exige paciência, gentileza, acolhimento. Acolhimento individual e acolhimento coletivo. Mas será que a sociedade está conseguindo acolher mulheres que tentam engravidar e não conseguem?

E será que a sociedade faz o exercício de compreender que a infertilidade, palavra que pesa toneladas nas nossas costas, é uma condição que afeta elas e eles na mesma proporção (40% elas, 40% eles e 20% os dois)? Respondo: não está!

Não só a sociedade, mas as famílias e os próprios casais, incluindo nós, mulheres, que muitas vezes acabamos nos isolando com vergonha, frustração, revolta e solidão profunda. Isso não acontece à toa: invariavelmente, na nossa cultura, quando um casal demora para ter filhos existe a cobrança, e, se, de fato existe um “problema”, normalmente ele é atribuído somente à mulher.

+Leia também: Homem também sofre de infertilidade?

Estudo o tema das “tentantes” (termo usado para mulheres que buscam a maternidade) há 30 anos e, em 2015, lancei Cadê você, bebê? (Ipê das Letras – Clique para comprar). para trazer informação, conforto e apoios físico, mental, emocional e social para tantas mulheres e casais que conheci nas últimas décadas.

Parti de toda a minha experiência de consultório, de grupos de apoio e dos relatos informativos e emocionantes de dezenas de mulheres que me ajudaram a contar suas histórias. Fizemos uma segunda edição especial do livro, lançada no último mês de outubro, dedicada a arrecadar fundos para viabilizar o tratamento de reprodução de uma tentante.

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Ela busca o sonho da maternidade há 5 anos, com todas as limitações inerentes ao processo somadas às muitas limitações financeiras.

O tratamento de reprodução humana é caríssimo e inviável para a imensa maioria da população brasileira. Uma única tentativa custa cerca de 30 mil reais e não é garantia de sucesso. O Sistema Único de Saúde (SUS) não contempla todos os tipos de tratamento e tem regras bastante limitadas.

Tudo é muito complexo e particular na longa e delicada jornada das mulheres e casais tentantes. E, por mais que a gente viva num mundo em constante transformação, com formatos variados de família, ainda é muito comum vislumbrar aquele roteiro padrão: quando um casal resolve ficar junto, logo vai aparecer com a notícia de que estão grávidos.

Mas, quando a notícia tarda a chegar, começam a surgir aquelas pressões em forma de piadinha, de fofoca, de cobrança, de lamento. Quando uma mulher olha para o lado e vê familiares, amigas, colegas de trabalho e até desconhecidas nas redes sociais sorrindo e mostrando a barriga crescer vem aquele sentimento de culpa e de autodepreciação: “Sou incompleta”!

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A partir disso, sua vida é tomada por sentimentos, sensações e atitudes que invadem corpo, mente e espírito.

Por mais que muitos homens desejem e sonhem com a paternidade, é no corpo dela que tudo acontece, só ela pode gestar um ser humano e é ela quem carrega a responsabilidade por tudo o que está por vir. A tensão com toda a situação acaba gerando muitos conflitos, por vezes separações e frequentemente muitas dores aos casais.

A ciência mostra que estresse e ansiedade são fatores que influenciam na reprodução humana e no seu tratamento. Por isso é fundamental um acompanhamento multidisciplinar para quem está passando por esse processo. Também é fundamental promover acesso à informação séria e responsável sobre as principais causas da infertilidade.

Para as mulheres o fator mais importante é a idade: quanto mais o tempo passa, mais dificuldade para engravidar e maiores os riscos de abortamento espontâneo. Nascemos com um número limitado de óvulos, que vão diminuindo progressivamente de quantidade e de qualidade ao longo do tempo.

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Doenças benignas uterinas (endometriose, adenomiose, miomatose), doenças crônicas não transmissíveis e disfunções ovulatórias também podem comprometer a fertilidade.

O relógio biológico também conta para os homens: estudos recentes mostram que eles podem ter diminuição na produção e na qualidade dos espermatozóides. Além disso, caxumba, doenças crônicas não transmissíveis, doenças sexualmente transmissíveis e questões hormonais e anatômicas podem interferir na fertilidade.

O mais importante de tudo é que a gente seja capaz de conversar sobre infertilidade de forma clara, didática e livre de qualquer tipo de estigma, preconceito e tabu. O silêncio adoece a mulher, o homem e toda a sociedade.

*Liliana Seger é psicóloga clínica e doutora pelo Instituto de Psicologia da USP

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+Leia também: Por que precisamos falar mais sobre a infertilidade

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