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Estudo de vacina contra chikungunya precisa de jovens de 12 a 14 anos

Vacina inédita mostrou-se segura e produziu anticorpos em mais de 96% dos participantes nos Estados Unidos. Médica explica como participar da pesquisa

Por Ana Paula Rocha Veiga, infectologista*
Atualizado em 8 Maio 2023, 17h55 - Publicado em 2 fev 2023, 10h15
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Vacina inédita contra a chikungunya está em estudo clínico de fase 3 no Brasil.  (Foto: CDC/Unsplash/Divulgação)
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O boletim epidemiológico mais recente da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), divulgado no dia 25 de janeiro, mostra que o Brasil registrou, no ano passado, 265 265 casos suspeitos de chikungunya. A entidade tem representação em 27 países da região das Américas.

Segundo a Opas, 99,6% dos casos da doença no continente americano se concentraram em apenas três países: Brasil (98%), Paraguai (0,9%) e Guatemala (0,7%). Ofuscada pela pandemia de Covid-19 nos últimos três anos, e dividindo alertas com outras doenças endêmicas (como a dengue e o zikavírus), a chikungunya tem passado despercebida aos olhos da sociedade brasileira.

Como arbovirose, também é transmitida por nosso muito conhecido mosquito Aedes aegypti. Em geral, é uma doença infecciosa e que provoca sintomas como febre alta, dores no corpo e nas articulações, manchas vermelhas na pele e conjuntivite.

O que muita gente desconhece é que, às vezes, as dores intensas nas articulações e nos músculos podem persistir por dias e até meses. Para ter uma ideia, entre algumas pessoas a doença se torna incapacitante.

+ Leia também: Estudo diz que chikungunya pode afetar o cérebro

Em casos pontuais, ainda mais graves, a partir de um quadro de chikungunya, os pacientes podem desenvolver meningite, problemas cardíacos ou até ir a óbito.

Inclusive, o mesmo boletim da Opas informa que, em 2022, 94 pessoas morreram nas Américas em decorrência da chikungunya – todas viviam no território brasileiro.

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A vacina

É só conhecendo esse contexto que podemos compreender o porquê de cientistas terem se mobilizado em torno de uma vacina contra a chikungunya, produto que agora está em estudo clínico de fase 3 no Brasil.

A fase 3 é a que necessita de um número maior de participantes para avaliar a segurança e eficácia de imunizantes. Trazida ao país pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica austríaca Valneva, a vacina é inédita no mundo.

Na Grande São Paulo, o Centro de Pesquisa do Instituto de Infectologia Emílio Ribas participa do estudo que acontece no Brasil com adolescentes – mas há mais nove centros envolvidos com essa pesquisa clínica em todo o Brasil.

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Iniciado no ano passado, o estudo já conseguiu todos os voluntários de que precisava na faixa etária de 15 a 17 anos. O esforço agora se concentra em divulgar a pesquisa para jovens de 12 a 14 anos.

Em adultos, a vacina já havia passado pelo mesmo estudo clínico de fase 3, só que nos Estados Unidos. Ao todo, 4 115 voluntários participaram. Dados preliminares apontaram que a vacina é segura e conseguiu produzir anticorpos em 96,3% dos voluntários.

Como em qualquer estudo clínico com vacina, a organização e o acompanhamento dos voluntários são feitos de forma muito criteriosa. Por nossa experiência com o estudo da Coronavac, contra a Covid-19, em 2020, fomos convidados para participar desse estudo com a vacina de chikungunya.

Nosso centro de pesquisa foi auditado e recebemos uma certificação internacional da EMA (Agência Europeia de Medicamentos).

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Os interessados em se voluntariar devem estar acompanhados de seus responsáveis legais. Primeiramente eles são informados de todos os detalhes do estudo, tiram suas dúvidas e, após o “aceite”, devem assinar o termo de consentimento para autorizar o início da coleta dos exames e o acompanhamento da equipe.

Metade dos participantes recebe a vacina e a outra metade, o placebo – essa informação é mantida sob sigilo até o final do estudo. A equipe médica do centro faz o monitoramento e dá orientações online aos participantes durante mais de um ano. Para mais informações, é só ligar para (11) 9 1026-6996.

Mais uma vez, assim como aconteceu com a Covid-19, o que mais tem estimulado os voluntários é a vontade de ajudar o país a ter uma vacina. Agora, são as novas gerações que chegam com um senso de altruísmo e a confiança na ciência de que o mundo tanto precisa.

*Ana Paula Rocha Veiga é médica infectologista, foi coordenadora do estudo com a vacina Coronavac e agora coordena o estudo com a vacina de chikungunya no Instituto de Infectologia Emílio Ribas

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