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Estudo traz alento para os pacientes com doença renal crônica

Essa doença ameaça o funcionamento dos rins e pode levar à morte. Mas medicamento já usado no diabetes do tipo 2 traz nova esperança contra o quadro renal

Por Roberto Pecoits Filho, nefrologista*
14 jan 2023, 09h34
como tratar a doença renal crônica
Tratamento da doença renal crônica ganha aliado de peso. (Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
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Quero começar esse artigo trazendo uma novidade para os pacientes com doença renal crônica (DRC), problema que afeta quase 10% da população adulta no Brasil.

Mas, antes, vale dar um panorama sobre a DRC: apesar de ela ser, muitas vezes, uma complicação do diabetes, outros fatores também estão por trás da condição, como a pressão alta e as doenças inflamatórias, além de características genéticas.

Trata-se de um quadro perigoso, que pode levar a falência dos rins e a multiplicação do risco de problemas cardiovasculares. Ainda assim, ele é pouco reconhecido. Vale ressaltar que o diagnóstico é simples: basta avaliar a presença de substâncias como creatinina no sangue, e albumina na urina.

A boa notícia

Um estudo clínico global, publicado em novembro de 2022 no The New England Journal of Medicine – uma das principais publicações médicas do mundo –, consagra os inibidores de SGLT2, como a empagliflozina, no rol de medicamentos com benefícios marcantes para pacientes com DRC.

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O artigo EMPA-KIDNEY, realizado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, contou com mais de 6 600 pacientes em 241 clínicas em oito países.
Os dados publicados são muito positivos para aqueles que são tratados com empagliflozina, um inibidor do transporte de glicose presente nas células dos rins e outros órgãos, e inicialmente utilizado em diabéticos para reduzir a concentração de glicose no sangue.

Com o tratamento, o risco de falência dos rins, o que geralmente leva à necessidade de tratamento com diálise ou transplante renal, ou provoca mortalidade por causas cardiovasculares, foi significativamente reduzido em 28%.

Em combinação com outros estudos com a medicação divulgados anteriormente, os dados do EMPA-KIDNEY indicam que pacientes com DRC em um estágio inicial e até os mais avançados podem se beneficiar e ser tratados com sucesso.

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Outro dado bastante interessante é que o medicamento também demonstrou uma redução significativa no número de internações hospitalares: ela caiu 14%.

+ Leia também: A crise da saúde renal e o desafio do acesso à diálise feita em casa

É preciso salientar que a DRC dobra o risco de internação dos pacientes e é uma das principais causas de morte globalmente. Portanto, o benefício renal pode ter representado um impacto positivo na redução de hospitalizações, e até mesmo na mortalidade.

Agora, com a empagliflozina ou outros inibidores de SLGT2, temos um tratamento que protege os rins e o sistema cardiovascular concomitantemente.

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Isso significa que podemos tentar adiar tratamentos de diálise ou transplantes, além de aumentar a longevidade dos pacientes.

Por isso, a publicação do EMPA-KIDNEY é tão importante para os profissionais de saúde e, especialmente, para os pacientes com DRC. Afinal, agora os médicos podem ampliar o arsenal terapêutico e os pacientes têm acesso a medicamentos inovadores que os tratam de maneira holística.

No Brasil, a empagliflozina já é aprovada para os pacientes com diabetes tipo 2 e para aqueles que possuem insuficiência cardíaca.

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Mas, por enquanto, sua indicação para o tratamento de pacientes com DRC não está aprovada pela Anvisa e outras agências internacionais, como o Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos. Mas existe uma previsão de que isso venha a ocorrer nos próximos meses.

*Roberto Pecoits Filho é nefrologista e professor titular da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná

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