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O cão como companheiro da criança com necessidades específicas

Expert ensina a escolher a raça mais adequada, como deve ser a aproximação com a criança e os benefícios dessa relação

Por Cleber Santos, especialista em comportamento animal*
16 nov 2022, 08h38
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  • Na medicina e na psicologia, acredita-se que o contato com os cães é capaz de despertar potencialidades em humanos. Como adestrador e especialista em comportamento animal há quase 10 anos, vejo como esse amparo emocional é ainda mais notável quando observada a proximidade deles com as crianças, sobretudo com as portadoras de necessidades específicas (PNE).

    Isso porque a troca emocional potencializa o desenvolvimento cognitivo e as habilidades sociais, além de oferecer mecanismos para a redução e a prevenção de crises de estresse e ansiedade. Assim, é crucial que pais e cuidadores permitam a essas crianças – desde pequenas – o convívio com um cão.

    Como dar início à aproximação

    Para fazer isso com segurança, os pais devem buscar o respaldo do pediatra ou do profissional que acompanha o pequeno, além da orientação do adestrador ou de um especialista em comportamento animal. Juntos, eles podem unir o aval clínico com o conhecimento sobre a relação humano/animal.

    A presença do especialista animal é fundamental para preparar o pet e ensiná-lo a se relacionar com a personalidade da criança – se possível, isso deve acontecer antes mesmo de o cão chegar à família.

    Isso porque a criança pode ser mais introspectiva e medrosa, ou mais expansiva e hiperativa. Dessa forma, o pet precisa estar muito bem treinado e equilibrado para não reagir mal a alguma situação delicada com a criança.

    É decisivo escolher muito bem um profissional que saiba fazer esse treinamento diferenciado.

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    O parceiro ideal

    Também é importante considerar a raça que melhor se adapta às necessidades específicas de cada criança.

    A maioria delas – ou mesmo os cães sem raça definida – pode ser treinada a dar assistência na realização de tarefas do dia a dia.

    Por exemplo: existem raças consideradas mais “colaborativas”, como os Goldens. Eles usam muito a boca, mas de maneira suave, e têm a pele bem resistente à dor – portanto, podem atuar bem com os pequenos que precisam de contenção corporal durante crises (de pânico, ansiedade, epilepsia, entre outras).

    Já os Labradores e os Berneses são cães mais afetuosos e tendem a ser mais submissos, o que facilita a adaptação.

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    Preocupar-se com o porte do cão é importante, pois os cães pequenos são mais frágeis e sensíveis a toques.

    Outra dica é, com a supervisão do adulto, dar à criança algumas responsabilidades relacionadas ao animal, como oferecer a alimentação ao pet. Isso é uma maneira de aumentar o vínculo e o senso de cuidado.

    Múltiplos benefícios

    As vantagens da convivência com o animal valem para os diferentes tipos de necessidades específicas – sejam físicas, cognitivas ou emocionais.

    Para crianças com deficiência visual, os cães ajudam no desenvolvimento motor, emocional e social. Eles se comunicam latindo, cutucando, fazendo sons com as patas. E, para brincar com o cachorro, a criança vai aprender a desenvolver sua sensibilidade pelos sons presentes no ambiente.

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    Crianças com autismo também têm ótima relação com os animais. Isso porque eles as ajudam na regulação do comportamento e aumentam a capacidade de relacionamento social e empatia.

    Para as que apresentam dificuldade na fala, ter um pet faz com que elas sejam estimuladas a imitar seus sons, chamá-los pelo nome… Isso contribui para a evolução da comunicação verbal.

    Quanto às crianças com alguma deficiência física e/ou motora, o animal é um aliado na manutenção do condicionamento. Afinal, segurar e jogar brinquedos, pentear o cão, dar petiscos ou mesmo passear são ações que trabalham agilidade e força nas mãos e nas pernas, além de equilíbrio e coordenação.

    No âmbito das doenças psicológicas, o fato de ter um cão no lar estimula os pacientes a saírem do isolamento ou de quadros de instabilidade e de trauma.

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    É importante lembrar que os animais apresentam uma sensibilidade incrível e podem perceber a tristeza de seus tutores. Muitas vezes, as crianças conversam com eles sobre assuntos que talvez não consigam abordar com seus familiares ou terapeutas.

    Além disso, o contato com o animalzinho aumenta os níveis de endorfina no organismo, reduzindo os quadros depressivos.

    Amor e carinho são sempre a dose complementar para qualquer acompanhamento ou tratamento. E, quando falamos de animais, essa é uma fonte inesgotável, capaz de promover mudanças transformadoras nos pequenos.

    *Cleber Santos é especialista em comportamento animal, adestrador, empreendedor e palestrante internacional. É CEO da Comportpet.

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