Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

O tratamento contra o câncer de pulmão está cada vez mais preciso

Os bastidores da descoberta de uma mutação genética que permitiu criar novo medicamento e personalizar mais o tratamento do câncer de pulmão

Por Ramon Andrade de Mello, oncologista*
2 out 2020, 18h42
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A ciência tem buscado terapias que possam trazer respostas mais assertivas contra os mais diversos tipos de câncer. Um dos grandes desafios dos últimos anos foi encontrar melhores formas de abordagem para os tumores que acometem os pulmões. Em todo o mundo, mais de 80% dos casos dessa doença estão associados ao consumo do tabaco e derivados e, no Brasil, ele é o segundo mais comum em homens e mulheres (excetuando-se o câncer de pele não melanoma).

    Felizmente, a incidência vem apresentando redução nas últimas décadas, resultado das campanhas antitabagistas acompanhadas de restrições ao consumo do cigarro em determinados lugares, principalmente em ambientes fechados. Mas a doença ainda impõe dificuldades que vão desde o diagnóstico precoce até o tratamento efetivo.

    Nesse contexto, as investigações científicas têm apontado o importante papel dos biomarcadores, que geralmente são proteínas, genes e outras moléculas que provocam modificações nas células e permitem checar a presença de uma doença e mensurar sua gravidade. Eles também nos ajudam a identificar as terapias ideais para alcançar as células do câncer. Com isso, o oncologista pode personalizar o tratamento, indicando os medicamentos que propiciam melhores resultados.

    Um dos nossos trabalhos iniciais, realizado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal, foi pesquisar 20 desses biomarcadores que podiam estar associados ao risco e ao prognóstico do câncer do pulmão. Nesse estudo, demonstramos que uma variação genética (mais precisamente, o polimorfismo do EGF+ 61) estava ligada a um risco adicional de desenvolver a doença na população portuguesa. Essa alteração estimula um mecanismo bioquímico que aumenta a proliferação de células malignas, favorecendo a disseminação do tumor, inclusive para fora do pulmão (metástase).

    Em 2012, nosso grupo de pesquisa em Portugal publicou o primeiro estudo europeu de vida real demonstrando o impacto populacional da mutação do gene do receptor dessa variação genética (EGFR) após um ensaio clínico internacional. Essas descobertas permitem não só compreender melhor a doença e o tratamento mas também planejar melhor os recursos de saúde pública. Sabendo a prevalência da mutação em determinado público, podemos definir as estratégias de detecção e tratamento para inibir esses tumores em parcela da população.

    Continua após a publicidade

    Atualmente, a identificação dessa variação genética e molecular já se consolidou na prática clínica e inclusive orientou o desenvolvimento de uma medicação, hoje disponível no Brasil, inclusive pelo SUS. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) tem empregado essa classe de medicamentos (gefitinibe) em pacientes com a mutação e o tratamento promove taxas de resposta positiva em cerca de 60% dos casos.

    Nosso próximo passo é avançar com estudos similares aqui no país. Pela Unifesp, estamos concluindo os trâmites burocráticos para uma parceria inédita com o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos a fim de estudar mutações genéticas no câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram. Os resultados vão permitir que a indústria farmacêutica trabalhe na criação e na oferta de medicamentos com respostas mais precisas, aprimorando o tratamento de centenas de brasileiros.

    * Ramon Andrade de Mello é oncologista, professor da disciplina de oncologia clínica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade Nove de Julho (Uninove) e da Escola de Medicina da Universidade do Algarve, em Portugal

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.