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Qual é o papel da cannabis no tratamento da dor?

Entenda o que a planta de fato pode fazer e quais são as limitações para seu uso

Por Mariana Schamas, cinesiologista*
16 dez 2024, 09h16
folha de maconha medicinal
Contra algumas doenças, há mais certeza de seu benefício, mas em outras situações faltam evidências que justifiquem a prescrição (Foto: Veni vidi...shoot - Getty Images /Tratamento de imagem: Marisa Tomas/SAÚDE é Vital)
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A cannabis vem ganhando destaque e popularidade nas mídias e, com isso, muita gente quer usar de forma aleatória e sem parâmetros. É aí que mora o perigo. O bom tratamento é baseado em boa evidência. Não é porque é natural que é bom para tudo.

Medicamentos produzidos a partir de plantas medicinais e seus derivados são chamados fitoterápicos e contém substâncias ativas e naturais que promovem efeitos terapêuticos. O princípio ativo da aspirina, por exemplo, é o ácido salicílico, extraído da casca do salgueiro-branco (Salix alba).

+Leia também: Cannabis medicinal: o que esperar dela?

A morfina e a codeína foram extraídos da papoula (Papaver somniferum) que é usada no tratamento da dor severa. Esses medicamentos não são fitoterápicos, pois são moléculas sintéticas, mas têm origem nas plantas, foram estudados e tiveram sua eficácia comprovada pela ciência.

E a cannabis, é um fitoterápico? Para ser classificado assim, o precisa atender a critérios específicos como ter origem natural, ser validado cientificamente, com evidências de eficácia e segurança e ter seus compostos ativos preservados.

Sendo assim, ela pode ser considerada um fitoterápico, pois se enquadra nos critérios acima, exceto quando é usada como base para medicamentos sintéticos, como o dronabinol. As formas recreativas e não regulamentadas, feitas de forma artesanal e sem controle, também não se enquadram na categoria.

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A cannabis é uma planta medicinal comercializada em forma de óleos, tinturas e extratos que contêm compostos ativos (THC e CBD), terpenos e flavonoides que, juntos, promovem um efeito terapêutico conhecido como efeito entourage, fenômeno terapêutico da interação entre compostos químicos derivados de plantas.

Para indicar qualquer tratamento de saúde, é preciso avaliar cada paciente de forma criteriosa, fazendo uma profunda investigação das queixas, sintomas, hábitos, medicamentos usados, contexto social, aspecto psicológicos, exames físicos e laboratoriais, exames de imagens, outras comorbidades e realidades de cada um.

A partir dessa anamnese, elabora-se o plano terapêutico. Se a cannabis for escolhida, é necessário que as composições sejam pensadas de acordo com a proposta e, além disso, que o profissional prescritor seja especialista em dor e em cannabis.

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Alguns efeitos estudados da cannabis:

  • Redução da dor crônica
  • Alívio de dores neuropáticas
  • Efeito anti-inflamatório
  • Menor dependência de opioides
  • Melhora da qualidade do sono
  • Efeitos relaxantes

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O sistema endocanabinoide

O curioso é que cada um de nós tem a possibilidade de produzir “medicamentos” contra a dor no próprio organismo. Temos um sistema endocanabinoide (SEC) interno, que produz substâncias analgésicas naturais.

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Como funciona? O SEC é um organizador que existe no corpo. É composto por substâncias químicas predominantes no sistema nervoso central e presentes no sistema imunológico. Essas substâncias e seus receptores (tipo peça de quebra-cabeça) funcionam de maneira ordenada e, quando encaixam, regulam funções como humor, dor, apetite, sono e resposta inflamatória.

O que estimula nosso sistema endocanabinoide natural? Adivinha? Nosso querido e amado exercício físico regular, sono de qualidade, alimentação balanceada, gerenciamento das emoções e exposição ao sol. Esse é o cenário perfeito dentro e fora do corpo, que nos mantém saudáveis.

A cannabis, quando ingerida, atua em conjunto com esse sistema. Se considera utilizá-la, é importante ressaltar as seguintes considerações:

  • Legalidade do uso terapêutico do cannabis de acordo com as legislações locais;
  • Consulta com um médico especialista antes de iniciar o uso de qualquer forma de cannabis, principalmente para evitar interações medicamentosas e complicações, além de avaliar as condições de saúde preexistentes;
  • Dosagem e proporções (THC:CBD).
  • Eficácia, indicação e efeitos colaterais variam dependendo da composição do produto e da sensibilidade de cada paciente;
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Natural não é sinônimo de eficaz nem de seguro. Precisamos cada vez mais investir em pesquisas de qualidade para entender como a substância age no nosso corpo e como usá-la de maneira segura. Em algumas circunstâncias, a cannabis pode ser contraindicada, tais como:

  • Pessoas propensas a dependência de THC;
  • Pessoas menores de 25 anos com quadros psiquiátricos. A cannabis pode interferir no desenvolvimento cognitivo;
  • Esquizofrenia e psicoses;
  • Doença cardíaca instável;
  • O uso inalado é proibido no Brasil e não pode ser indicado por médicos, embora em outros países seja permitido;
  • Gravidez e lactação;
  • Disfunção hepática prévia;

Até agora, a cannabis tem ajudado muitas pessoas a controlarem suas dores. Vale a pena consultar um especialista no assunto. Não use de forma recreativa pensando que é terapêutico, por que não é a mesma coisa.

*Mariana Schamas, cinesiologista, pós-graduada em Dor. Idealizadora do Programa LibertaDor – curso para pacientes com dor crônica

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