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Quando foi a última vez que você visitou o cirurgião-dentista?

Menos da metade da população brasileira marca consulta com esse profissional regularmente – e as consequências podem ser graves, incluindo um câncer

Por Sofia Takeda Uemura, cirurgiã-dentista*
3 abr 2022, 10h40
doenças bucais bacterianas
O brasileiro deixa de ir ao dentista sem saber que algumas infecções originadas na boca podem afetar o coração ou os rins (Foto: Caroline LM/Unsplash/Divulgação)
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A saúde começa pela boca. Essa é uma afirmação que sempre ouvimos, mas as consequências de não ter um acompanhamento regular com o cirurgião-dentista precisam ser mais claras.

De acordo com uma pesquisa divulgada em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, menos da metade da população brasileira (49%) vai ao cirurgião-dentista regularmente.

O perigo disso não tem a ver só com os dentes. Algumas infecções originadas na boca podem afetar o coração ou os rins, por exemplo.

Para ter ideia, a endocardite bacteriana é uma complicação grave provocada por bactérias que entram na circulação sanguínea e que prejudicam o funcionamento do coração. Esses micro-organismos podem surgir em infecções bucais.

As doenças nessa parte do corpo são capazes, portanto, de abalar a saúde global do indivíduo. Entre as mais comuns – sobretudo em quem não vai ao cirurgião-dentista – estão cárie, gengivite e periodontite.

A cárie

Trata-se da patologia bucal mais antiga e comum no mundo. Se não tratada, pode evoluir e atingir o canal do dente.

Essa doença é causada pelos restos alimentares – principalmente o açúcar – que, em contato com as bactérias existentes na boca, transformam-se em ácido, afetando o esmalte do dente. Isso culmina em sua descalcificação.

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Para os leigos, ela só é reconhecida quando há lesão cavitada, que é aquele “buraquinho” no dente, mas esse estágio anterior, a descalcificação, caracterizada por uma mancha branca com uma característica específica, já é cárie.

Nesse estágio, ela pode ser tratada sem a necessidade de restauração dental. Quando combatemos a cárie sem intervenção (a obturação), devolve-se a saúde sem perda da estrutura do dente.

+ LEIA TAMBÉM: O relógio da cárie: o momento em que as bactérias atacam os dentes

O açúcar branco é o que tem maior potencial cariogênico, porém, é preciso levar em conta que vários alimentos possuem “açúcar escondido”, como é o caso dos salgadinhos.

O risco de desenvolver cárie é individual, depende dos hábitos de higiene, dos costumes alimentares e da experiência anterior do indivíduo com o problema.

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Por isso, as consultas de retornos devem ser determinadas pelo cirurgião-dentista de acordo com esse risco, podendo variar de três a seis meses.

A gengivite e a periodontite

Enquanto a cárie afeta os tecidos duros do dente, a gengivite e a periodontite são doenças relacionadas à gengiva e aos tecidos que dão suporte aos dentes (osso e ligamento periodontal).

Tanto a cárie quanto a gengivite e a periodontite dependem da presença da placa bacteriana, também chamada de biofilme, que se adere à superfície dos dentes.

A gengiva saudável tem um contorno regular, é rosada e, em alguns lugares, possui uma característica pontilhada, parecida com a casca da laranja. Ela não deve sangrar – nem na escovação nem quando se passa o fio dental.

Quando a gengiva está inflamada (gengivite), ela perde essa característica de casca de laranja: fica lisa, brilhante, avermelhada ou arroxeada, sem contorno e inchada. São indícios de que há uma lesão ali.

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Já a periodontite é a inflamação que atinge o ligamento periodontal e o osso que dá suporte aos dentes, provocando mobilidade e até a perda deles.

O câncer bucal

Outro perigo de ignorar as consultas regulares com o cirurgião-dentista é não flagrar o câncer bucal. Se diagnosticado precocemente, o tratamento funciona melhor e há maior chance de cura. Porém, caso detectado mais tarde, pode ser letal.

Esse câncer envolve estruturas muito delicadas da face e, dependendo do estágio, a intervenção cirúrgica pode envolver a remoção de língua, mandíbula e maxila. São tratamentos muito invasivos e que deixam o paciente mutilado.

Esse tipo de câncer é identificado pelo cirurgião-dentista e tratado pelo oncologista.

Fatores como uso de tabaco e álcool contribuem com o aparecimento da doença – falamos do quinto tumor maligno mais comum entre homens. E, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa de novos casos é de 15 mil por ano para o triênio de 2020/2022.

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No geral, 70% dos casos acometem indivíduos com idade superior a 50 anos, mas aproximadamente ¼ dos diagnósticos pode ocorrer em pessoas mais jovens.

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A verdade é que, infelizmente, grande parte da população ainda procura o profissional da odontologia por conta de questões estéticas, e não devido à saúde.

É necessário modificar essa linha de raciocínio. A população precisa entender que a consulta é imprescindível para avaliar sua saúde bucal – e quem pode dizer qual o melhor intervalo para esses atendimentos é o cirurgião-dentista.

Essa é uma atitude básica para se manter livre das mais variadas doenças.

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*Sofia Takeda Uemura é mestre em Odontologia pelo Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, doutora em Ensino de Ciências pela Universidade Cruzeiro do Sul e especialista em Odontopediatria, Odontologia para pacientes com necessidades especiais e em Odontologia hospitalar.

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