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Eu disse não e minha vida melhorou

Escritora escondia a dor causada pela sarcoidose para agradar os outros, até que descobriu o poder transformador do ‘não’

Por Natalie Lue, escritora*
9 jul 2023, 11h16

Certa manhã, no início de 2005, descobri que eu podia dizer “não” simplesmente porque queria.

Naquele dia específico, sentei no consultório na clínica de doenças respiratórias de um hospital no norte de Londres, na Inglaterra, preparada para as más notícias que eu sabia que viriam.

Por 18 meses, entrei e saí de várias alas, às vezes semanalmente, para radiografias do tórax, testes de função pulmonar, exames de sangue, tomografias e exames invasivos em geral.

Isso depois de ter sido diagnosticada com uma misteriosa doença do sistema imunológico chamada sarcoidose, que quase me deixou cega de um olho – e que me transformou em uma especialista em esconder fortes dores nas articulações.

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+ Leia também: Um em cada dez indivíduos é afetado por doença autoimune, diz estudo

Algumas semanas antes do “meu primeiro não”, eu estava comemorando o término de um ano de tratamento agressivo com esteroides durante as férias no Egito. E, lá, encontrei um caroço no pescoço que indicava que a doença estava “de volta”.

“O tratamento de esteroides não funcionou. Não sabemos qual a causa disso e a doença não tem cura, então você precisará tomar esteroides pelo resto da vida.”

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Escritora Natalie Lue
Escritora Natalie Lue, autora do livro “A alegria de dizer não” (Latitude/Divulgação/Divulgação)

Eu tinha acabado de completar 28 anos e aí percebi: embora entendesse que a minha doença era séria, meu foco até aquele momento sempre foi de estar a serviço de todos, e não de mim.

Eu havia decidido não sobrecarregar meus familiares com informações demais sobre a sarcoidose, porque eu sabia que eles não conseguiriam lidar com isso. E, admito, suas atitudes – incluindo estarem mais preocupados com quanto peso eu ganhei com os esteroides – me estressavam.

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Leia também: Quando a imunidade se volta contra o próprio corpo

Meu chefe e meus colegas desconheciam a extensão da minha doença, porque eu havia decidido agir como se não estivesse doente e compensar quaisquer inconvenientes, como consultas e aplicações de esteroides no olho, com alto desempenho.

Começava o dia gritando de agonia e, quando saia do metrô e entrava no escritório, me revestia com o verniz da calma.

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Foi por isso que, quando ouvi um “não” – ressoante, sem remorso e decidido –, olhei em volta para ver quem havia dito aquilo. A expressão de confusão no rosto do meu médico deixou claro que tinha sido eu.

Essa negativa era para um tratamento crônico à base de corticoides que eu sentia que não pertencia a mim. Entendo o seu valor, mas eu gostaria de explorar outros caminhos.

Normalmente eu me sentiria ansiosa por dizer “não” a uma autoridade e parecer uma pessoa “difícil”, mas esse sentimento estava ausente.

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Ocorreu-me que era minha responsabilidade tomar decisões e cuidar de mim. Oito meses depois de explorar opções que passavam longe dos esteroides, eu comecei a reformular todas as áreas da minha vida. Minha doença respondeu positivamente.

Acredito que foi aquele limite estabelecido por mim mesmo que mudou a minha vida para melhor.

Ao longo de 16 anos desde daquele dia, uma vez ou outra, a solução para quase todas as lutas e problemas provou ser a mesma de antes: abraçar a alegria de dizer “não”.

*Natalie Lue é escritora, artista e podcaster. Nasceu no Reino Unido, e cresceu em Dublin, na Irlanda. No Brasil, publicou o livro A alegria de dizer não, pelo selo Latitude.

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