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Experts na Infância

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Pediatras e outros experts da Sociedade de Pediatria de São Paulo discutem e ensinam medidas básicas para a criançada se desenvolver com saúde

Por que a obesidade infantil é uma doença

A pediatra Louise Cominato discute as terríveis consequências do excesso de peso na saúde e no futuro da criança

Por Dra. Louise Cominato*
Atualizado em 3 out 2018, 12h35 - Publicado em 10 Maio 2017, 14h04

A obesidade é uma doença. Isso mesmo, uma doença. Não se trata de uma questão estética ou mera consequência dos maus hábitos. Falamos de um problema multifatorial que deve ser prevenido desde os primeiros meses de gestação.

O preocupante é que a obesidade vem crescendo entre as crianças no mundo inteiro e se expandindo de forma alarmante em todo o Brasil. Estudos recentes mostram que metade das nossas crianças está acima do peso considerado adequado para a idade.

As consequências do excesso de peso na infância vão desde o maior risco de se tornar um adulto obeso, bem como uma maior probabilidade de encarar todos os problemas de saúde que acompanham a obesidade na vida adulta — hipertensão, diabete, acidente vascular cerebral, infarto precoce, alguns tipos de câncer, menor expectativa de vida… Isso sem contar que algumas alterações e complicações podem aparecer na própria infância. É o caso de aumento no colesterol, pressão alta, diabete, problemas ortopédicos, baixa autoestima e até depressão.

Pesquisas mostram que a prevenção é a melhor arma contra a obesidade infantil, um trabalho que deve ser iniciado antes mesmo de a mulher ficar grávida. Medidas como engravidar no peso adequado, não ganhar quilos a mais durante a gestação, respeitar o aleitamento materno, evitar o uso de antibióticos na infância, além de zelar por uma alimentação balanceada e pela prática de atividade física, são comprovadamente importantes para evitar o excesso de peso nesse período.

No que diz respeito à dieta da criança, um cardápio equilibrado, com destaque para frutas, legumes e verduras, deve ser incentivado em todas as fases da infância. Para a saúde do seu filho, lembre-se, é melhor comer menos do que comer errado. O consumo frequente de refrigerantes e sucos industrializados, por exemplo, está diretamente associado ao ganho exagerado de peso. E mesmo o suco natural de algumas frutas pode ser bastante calórico  por isso as sociedades de pediatria sugerem priorizar a ingestão das frutas in natura.

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A alimentação dos pais influencia muito no que os filhos comem. Então, alimente-se bem na frente deles. Vale evitar ou moderar o consumo de alimentos industrializados ricos em gorduras e açúcares, assim como diminuir a quantidade de açúcar e óleo servida a toda a família. Estimular a prática de atividade física nesse contexto é outro conselho fundamental.

O diagnóstico de sobrepeso e obesidade é feito por meio do cálculo do índice de massa corpórea, o IMC, que se baseia no peso e na altura da criança. O valor ideal do IMC varia com idade e sexo, de modo que existem curvas de normalidade e não um valor fixo. Faça acompanhamento de rotina com o pediatra do seu filho e peça para ele calcular o IMC.

Nas crianças que já desenvolveram obesidade, é importante investigar condições frequentes nessas circunstâncias, como aumento de colesterol e triglicérides, resistência à insulina, gordura no fígado, hipertensão arterial e problemas psicológicos.

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O tratamento da obesidade na infância e na adolescência requer atenção e apoio de pais e cuidadores. Não é tarefa fácil mudar hábitos alimentares, mas se trata de um ponto crucial para o sucesso do tratamento. Tenha em mente que é preciso, sim, tratar criança com obesidade. Não dá para esperar o estirão do crescimento para emagrecer, uma vez que crianças obesas raramente deixam de ser obesas quando ficam mais altas.

Quanto mais cedo começar o tratamento, melhor e mais eficaz ele será. O plano terapêutico deve ser realizado com profissional experiente no tratamento da obesidade infantil e baseado em dieta individualizada e prescrição de atividade física. Em alguns casos, pode exigir medicação adequada. O envolvimento familiar, assim como a assiduidade nas consultas com o profissional, garante o sucesso nessa batalha.

* Dra. Louise Cominato é coordenadora do Ambulatório de Obesidade do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo e secretária do Departamento de Endocrinologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo

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