A Academia Sueca divulgou há pouco os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2020. E os agraciados foram os pesquisadores Harvey Alter, Michael Houghton e Charles Rice. Eles deram uma enorme contribuição à ciência e à humanidade ao descobrir a existência do vírus da hepatite C.
A hepatite C é uma infecção causada pelo vírus de mesmo nome que promove uma inflamação no fígado, podendo ser crônica em grande parte dos casos e evoluir para cirrose e, muitas vezes, câncer nesse órgão. Existem tratamentos cada vez mais certeiros para controlar a doença, mas não é raro que o paciente tenha de um dia recorrer ao transplante de fígado. Um dos maiores cientistas do Brasil e nosso amigo e mestre, o imunologista Julio Voltarelli, da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, faleceu precocemente de hepatite C.
Segundo a Associação Americana de Diabetes, dois terços das pessoas com essa doença no fígado possuem diabetes. E sabemos que a infecção pelo vírus da hepatite C pode desencadear uma reação inflamatória capaz de elevar a glicose e induzir o aparecimento de diabetes, especialmente entre pessoas com propensão ao problema. Por outro lado, o tratamento medicamentoso contra essa infecção não só consegue controlá-la como ajuda a baixar os níveis de glicose no sangue.
Ou seja, há uma estreita conexão entre hepatite C e diabetes. E muitos brasileiros nem desconfiam que carregam o vírus porque o ataque ao fígado é silencioso por anos. Por isso o acompanhamento médico, sobretudo no contexto do diabetes, é fundamental.
Exames de rotina podem detectar se há algo errado no fígado e acusar a eventual presença do vírus. Isso é capaz de guiar um tratamento precoce tanto contra a hepatite C como para o diabetes. Atuando em ambas as frentes, garantimos mais qualidade de vida aos pacientes.