Não existe saúde mental (só) no trabalho
Uma reflexão sobre um discurso que se tornou preponderante dentro e fora das empresas
O erro de pensar a saúde mental apenas na dimensão do trabalho é o mesmo que tentar pensar uma oposição entre vida pessoal e vida profissional. Ora, não se pode esquecer que a pessoa que sai de casa com problemas pendentes é a mesma que se ocupará de um ofício durante a maior parte do seu dia.
Vale dizer que, muitas vezes, é essa separação que nos permite ter um alívio de certos problemas. É o caso, por exemplo, de quando atingimos tamanha concentração em nossos afazeres que abstraímos do mundo lá fora. Porém, é inegável que os mundos da vida privada e da vida profissional se sobrepõem, e nesse processo podem interferir um no outro, gerando ruídos em nossas relações e afetando nossa presença e desempenho.
Pensar a saúde mental é pensar no ser humano completo. Nesse sentido, não existe saúde mental corporativa apartada da completude do ser humano que trabalha nem da complementaridade dos ambientes que ele ocupa.
Parece mais difícil pensar a saúde mental dessa forma? Ninguém nunca disse que seria fácil. O trabalho com a saúde mental precisa ser completo, apoiando o colaborador nas várias dimensões da sua vida e buscando sua emancipação para que não se torne um trabalho de tutela e dependência.
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Só assim o indivíduo pode sentir-se pleno e experimentar a satisfação com o seu trabalho tão necessária para que exerça o seu papel de maneira desenvolta e produtiva na sociedade.
Qualquer promessa de saúde mental no trabalho que venda rapidez de resultados e parcialidade de ações será uma solução fugaz. Líderes e organizações precisam estar cientes de que lidar com a mente humana é lidar com uma realidade que não é simples, mas pode ser simplificada desde que não se torne, jamais, simplória.