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Saúde é pop

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Tá na internet, tá na TV, tá nos livros... tá no nosso dia a dia. O jornalista André Bernardo mostra como fenômenos culturais e sociais mexem com a saúde — e vice-versa.
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Em livro, Washington Olivetto relatou “passado de fumante”

Após ser sequestrado, em 2001, o publicitário decidiu que ia parar de fumar de vez

Por André Bernardo
15 out 2024, 09h56
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  • No começo dos anos 2000, o publicitário Washington Olivetto, que faleceu no último dia 13, passou 53 dias em poder de sequestradores.

    Foi resgatado com a ajuda de Aline Dota, uma estudante de medicina que, com o estetoscópio na parede, ouviu o publicitário gritar por socorro na casa ao lado e chamou a polícia.

    Seu cativeiro, um cubículo de três metros de comprimento por um metro de largura, ficava em um sobrado no bairro do Brooklin, zona sul de São Paulo. “Resolvi que levaria pelo menos um benefício daquele trágico episódio: parar de vez com o cigarro”, declarou Olivetto em Direto de Washington (Estação Brasil – Clique para comprar*).

    Em sua autobiografia, publicada em 2018, o publicitário admite que, mesmo sabendo que fazia mal, fumou muito durante anos. “Comecei a fumar tarde, quando já cursava a faculdade, e por causa de mulher. Como as meninas da minha geração estavam começando a fumar, eu queria ter cigarros para oferecer a elas”, relata em outro trecho do livro.

    Com o fim do sequestro, em 2002, Olivetto passou a fumar apenas charutos. “Mas, como sou compulsivo, comecei a tragar, o que é um crime. Fumava uns três por dia”, recorda. A pedido dos filhos, os gêmeos Antônia e Theo, hoje com 19 anos, tentou parar várias vezes, mas não conseguiu.

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    Largou o vício de vez em 2011, quando o otorrino André Duprat descobriu e tirou um pólipo de suas cordas vocais. “O tal pólipo podia ter se transformado numa grande encrenca”, admite. Diante da advertência do médico, Olivetto parou de fumar no mesmo dia. Nada de cigarros. Nada de charutos. Jamais.

    “É proibido fumar”

    Ao longo da carreira, Olivetto trabalhou para a fabricante de cigarros Souza Cruz – primeiro na DPZ e, depois, na W/Brasil. Em 2020, a empresa foi rebatizada como BAT Brasil, sigla para British American Tobacco.

    “Naquela época, a Souza Cruz pagava todos os meses uma multa à prefeitura do Rio de Janeiro por se recusar a colocar nos seus elevadores o aviso ‘É proibido fumar’, obrigatório por lei”, revela no livro.

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    Embora trabalhasse para a Souza Cruz, Olivetto fumava cigarros da concorrente, a Philip Morris.

    No capítulo 2 da autobiografia, o publicitário relata a influência da indústria do tabaco na vida cultural e na mídia do país.

    Ele relata que, todos os anos, a Souza Cruz “comprava os principais patrocínios das rádios e televisões de maior audiência, as contracapas de todas as revistas, a maioria dos outdoors”; “bancava edições especiais dos jornais, merchandisings nas novelas e nos longas-metragens; imprimia pôsteres e cartazes de ponto de venda em quantidades industriais”, e “veiculava comerciais nos cinemas”.

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    Olivetto também mostra no texto uma mudança de mentalidade em relação ao tabagismo. “Hoje não faria campanhas de cigarro. E não estou dizendo isso porque as rigorosas proibições de publicidade transformaram as fábricas de cigarro em pequenos anunciantes. Não faria por convicção mesmo”, afirma na obra.

    “Uma coisa que custa menos de dois dólares e vem em maços de vinte não pode ser boa”, gostava de repetir em entrevistas.

    Washington Olivetto morreu no último domingo, dia 13, aos 73 anos. Estava internado havia quatro meses no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro. Deixa mulher, Patrícia, e três filhos, Homero, Antônia e Theo.

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    A causa da morte, a pedido da família, não foi divulgada.

    *A venda de produtos por meio desse link pode render alguma remuneração à Editora Abril

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