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Saúde é pop

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Tá na internet, tá na TV, tá nos livros... tá no nosso dia a dia. O jornalista André Bernardo mostra como fenômenos culturais e sociais mexem com a saúde — e vice-versa.
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Série Turma da Mônica – Origens mostra que sonhos não envelhecem

Produção que estreia hoje ensina a importância de cultivar amizades de infância para a saúde mental dos idosos

Por André Bernardo
24 out 2024, 11h36
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Malu Valle, Daniel Dantas, Louise Cardoso, Dhu Moraes e Paulo Betti dão vida aos personagens septuagenários  (Foto: Fabio Braga/Pivô Audiovisual/Divulgação)
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Quando Maurício de Sousa publicou a primeira tirinha da Mônica, em 1963, Louise Cardoso tinha apenas sete anos. Ainda não imaginava que, quando crescesse, viraria atriz. Muito menos que, um dia, interpretaria aquela garota “baixinha”, “forte” e “dentuça”.

Pois é ela, do alto de seus 69 anos, que dá vida à personagem mais amada dos quadrinhos brasileiros na série Turma da Mônica – Origens, que estreia hoje no Globoplay. A “dona da rua” não foi a única do universo de Maurício de Sousa a chegar à fase adulta. Na série, Cebolinha, Cascão, Magali e Milena também são retratados como septuagenários.

“Quando fui convidada, tomei um susto. O último personagem que imaginava fazer era a Mônica. Nos gibis, ela tem apenas sete anos!”, espanta-se a atriz de 69 anos.

“Tenho 48 anos de carreira. Já fiz de tudo. Fazer a Mônica me traz uma alegria muito grande. Só tenho a agradecer pelo convite”, afirma a atriz. Fazem parte do elenco ainda Daniel Dantas, Paulo Betti, Malu Valle e Dhu Moraes.

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A ideia de “envelhecer” os mais famosos moradores do bairro do Limoeiro surgiu em 2022. O projeto original, conta a diretora-geral Isabel Valiante, era fazer a segunda temporada de Turma da Mônica – A Série (2022). Mas, como o elenco original já não era assim mais tão criança, os responsáveis pela série teriam de escalar um novo elenco.

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Foi quando surgiu o insight de, em vez de simplesmente fazer uma continuação, rebobinar a fita e contar um pouco da história como tudo começou: como a Turma da Mônica “virou” a Turma da Mônica?

“Apresentamos essa primeira ideia para o Maurício de Sousa, que rapidamente abraçou a história. Aí, partimos para construir essa série com duas linhas temporais paralelas”, comenta a diretora-geral.

De repente 70

A série começa quando a Turma da Mônica, já crescida, se reúne para assistir à passagem de um cometa – o mesmo que eles viram quando ainda eram crianças, há 63 anos. Uma luneta cai na cabeça da Mônica e ela perde a memória. Mais do que isso: não reconhece os amigos. “Chegamos a consultar uma neurologista para criar uma ‘perda de memória’ que, apesar de possível, não fosse definitiva ou debilitante”, pondera Valiante.

Preocupados com a saúde da amiga, Cebolinha, Cascão, Magali e Milena resolvem fazer de tudo para ajudá-la a se recuperar a tempo de assistirem juntos à passagem do tal cometa. É nessa hora que eles decidem revisitar o Limoeiro Palace Hotel, o lugar onde se conheceram aos sete anos de idade.

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“O foco principal, tanto do roteiro quanto da direção, foi deixar a turma ativa e bem-humorada. São crianças de 70 anos. Fiz ensaios, inclusive, juntando adultos e crianças, para encontrar trejeitos comuns para usar nas passagens de tempo”, prossegue.

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Turma da Mônica envelheceu com saúde

Mas, afinal, como estão hoje Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e Milena na terceira idade? “Mônica não é mais brigona como era quando criança”, avisa Louise. “Com o tempo, ficou mais zen”, brinca. Aos 70 anos, a líder da turma consegue o que quer pela inteligência. “É uma mulher admirável, que luta pelos seus direitos”, define. “Ninguém pisa no calo dela”.

A exemplo da protagonista, a atriz também procura cuidar da saúde física e mental: não come carne vermelha, não bebe álcool e, sempre que possível, faz meditação. “Meu maior tesouro são os meus amigos. Gosto de cultivar o bom humor, mesmo nas situações mais difíceis. Procuro não levar a vida tão a sério”, filosofa.

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Já Magali continua comilona, mas aprendeu a escolher o que é melhor para a saúde. Cebolinha continua querendo ser o dono da rua, mas já não fala mais errado. Cascão continua bom de bola, mas não tem mais medo de água.

E Milena continua esbanjando confiança, mas não quer se mudar do Limoeiro. “As amizades verdadeiras sobrevivem a qualquer mudança”, garante Isabel. “E, sim, esse exercício de convivência é importante para um envelhecimento ativo e saudável”.

+ Leia também: Quem quer ser um centenário?

“Sonhos não envelhecem”

Cultivar amigos de infância, daqueles que você conheceu no colégio, é um santo remédio.“Muitas vezes, as pessoas envelhecem acreditando que serão os filhos e netos que cuidarão delas na velhice. Mas, e se esses filhos e netos tomarem outros rumos na vida? Ou, então, precisarem mudar de cidade ou de país? Nestes casos, é importante ter uma rede de apoio para qualquer emergência”, explica a pesquisadora Cristina Cristovão Ribeiro, doutora em Gerontologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e organizadora do livro Propósito de Vida da Pessoa Idosa (Editora Summus, 2024 – Clique para comprar*).

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Só existe uma coisa melhor do que cultivar amigos de infância: é fazer novas amizades. Mas, para isso acontecer, não há mistério: o idoso precisa sair de casa. Opções não faltam: praticar exercícios ao ar livre, entrar para uma academia de dança, fazer trabalho voluntário na paróquia do bairro, se matricular numa universidade da terceira idade…

“Tem uma música do Milton Nascimento que diz: ‘Sonhos não envelhecem’. Sabe aquele sonho que você sempre teve e nunca conseguiu realizar? Então, pode ser que tenha chegado a hora de transformá-lo em realidade. O importante é não ter medo do novo. Nunca é tarde para descobrir o que dá sentido à vida”, afirma Cristina.

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