Na última reportagem de capa da Veja Saúde, A batalha pela vacinação, escrevi sobre a dramática situação das coberturas vacinais no Brasil, que nunca estiveram tão baixas. Todas as vacinas infantis estão abaixo da meta e, hoje, o país é um dos dez com mais crianças desprotegidas no mundo.
Como explico no texto, há muitos motivos para isso. O que mais atrapalha a vacinação, de fato, são as dificuldades no acesso, a falta de investimento no SUS e a ausência de campanhas de comunicação nos últimos anos.
Entretanto, cresce entre os especialistas a preocupação com a hesitação vacinal e o peso da desinformação na decisão de se vacinar ou não. Com tantas informações falsas e distorcidas rolando sobre a Covid-19, a confiança nas outras doses pode ser abalada.
E aí, na hora de tomar a picada, o medo parece ser maior do que o benefício, ainda mais quando não vemos mais essas doenças (por enquanto, visto que elas estão à espreita e algumas até já retornaram ao nosso território).
Dentro de um cenário tão complexo, a Fiocruz desenvolveu, em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o projeto Pela Reconquista das Coberturas Vacinais (PRCV).
No ano passado, os dois únicos estados a atingirem a meta de cobertura da dose contra a poliomielite foram Paraíba e Amapá, os primeiros a receber o PRCV.
Além das ações diretas na sala de vacinação e no apoio aos municípios em suas ações, o PRCV tem um eixo que logo me chamou atenção, o de comunicação e educação.
São dois projetos já em execução pela entidade. Um deles, o Jovens Repórteres, tive o prazer de acompanhar pessoalmente em João Pessoa/PB.
Jovens de nove comunidades da capital paraibana foram selecionados para receber treinamento em produção de conteúdo audiovisual sobre vacinas com o celular.
A ideia é que eles próprios falem sobre a importância das vacinas em seus grupos sociais. Ou seja, furar a “bolha” de desinformação com quem já está na bolha.
A ação aconteceu em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa). Veja no vídeo como foi:
O jornalista Pedro Belo, que me acompanhou nessa viagem, também fez algumas fotos, que separamos na galeria abaixo. Para visualizar, clique nas imagens e arraste para o lado com o cursor do mouse ou o dedo.
Teatro para sensibilizar povos indígenas
A mais de 2 mil quilômetros de João Pessoa, em Oiapoque, no Amapá, o PRCV realizou o Teatro Maihui, uma imersão de jovens indígenas da região em técnicas teatrais, com a metodologia participativa do Teatro do Oprimido, criada pelo brasileiro Augusto Boal.
A ação também tem o objetivo de sensibilizar as comunidades locais sobre a importância da imunização, mas dessa vez por meio da arte. Foram 10 dias de trabalho com os indígenas.
Por conta da distância e das dificuldades no acesso, não conseguimos ir até lá, mas o pessoal da Fiocruz nos enviou imagens bacanas, que divido a seguir com vocês. Para visualizar, clique na foto e arraste para o lado com o cursor do mouse ou o dedo: