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A síndrome inflamatória ligada ao coronavírus que afeta crianças

Conheça a Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica, uma complicação rara da Covid-19 no público infantil

Por Fábio de Oliveira, da Agência Einstein*
Atualizado em 6 abr 2021, 14h45 - Publicado em 9 jun 2020, 20h04
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  • O nome é grande e complexo: Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica (PIMS, na sigla em inglês). Como a nomenclatura entrega, trata-se de uma reação inflamatória grave e sistêmica que acomete crianças e está associada ao novo coronavírus (Sars-CoV-2). Até agora, foram descritos cerca de 200 casos no mundo.

    Os sintomas são semelhantes aos da doença de Kawasaki, condição que causa inflamação nos vasos e tem sintomas como febre alta e lesões na pele. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, os pequenos que apresentaram a PIMS testaram positivo para o Sars-CoV-2 por meio dos exames RT-PCR, que detecta a presença do vírus, ou sorológico, que mostra haver anticorpos contra o agente infeccioso.

    Além de febre persistente, acima de 38° e por mais de três dias, as crianças manifestavam exantemas (erupções cutâneas), inchaço nas mãos e nos pés, conjuntivite, dor abdominal, diarreia e vômito. Também foram constatadas dilatação das artérias coronárias, que levam oxigênio e nutrientes para o coração. “Isso também é verificado na doença de Kawasaki”, compara Gustavo Foronda, cardiologista pediátrico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Os casos mais graves podem evoluir com hipotensão (pressão muito baixa) e choque.

    Diferentemente da doença Kawasaki, que atinge crianças abaixo dos 5 anos, a PIMS deflagrada pela Covid-19 acomete preferencialmente a faixa etária acima de 10 anos. Ela também apresenta manifestações neurológicas, renais e no sangue.

    A mortalidade ficou em torno de 1% a 2%, mas ainda é cedo para ter uma taxa real. “O mais importante é os pediatras estarem atentos com crianças que aparecerem com esse quadro”, recomenda Gustavo Foronda. “Não parece ser uma infecção aguda pelo coronavírus, mas uma resposta inflamatória tardia induzida pelo vírus.”

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    Como há menor acometimento pulmonar, o tempo passado na UTI, intubado, é mais breve se comparado com o de um paciente adulto. “Isso depende do comprometimento cardíaco e de outros órgãos”, pondera o cardiologista pediátrico.

    Por qual razão as crianças seriam afetadas em menor proporção pelo novo coronavírus?

    Apesar da PIMS, o público infantil parece sofrer menos com a Covid-19. Uma pesquisa publicada no periódico científico Journal of American Medical Association (JAMA) pode ter identificado um fator relacionado a isso. De acordo com o editorial publicado na revista, o estudo avaliou a expressão gênica em amostras de epitélio nasal coletadas em outro trabalho envolvendo pacientes com asma de 2015 a 2018. O tecido que constitui a mucosa do nariz é um dos primeiros locais da infecção pelo novo coronavírus.

    Os pesquisadores examinaram a expressão da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) na superfície celular. Veja: uma proteína do vírus se liga à ECA2 e permite a sua entrada nas células humanas. Entre 305 pacientes com idades de 4 a 60 anos, as crianças de 4 a 9 anos apresentavam uma menor expressão da ECA2. A concentração dessa molécula crescia conforme a idade avançava.

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    Ainda segundo o editorial do JAMA, um novo estudo do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA (NIAID, em inglês) vai acompanhar 6 mil crianças para determinar os fatores de risco associados ao desenvolvimento da Covid-19.

    *Este conteúdo é da Agência Einstein.

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