De acordo com o último levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, mais da metade dos adultos brasileiros está acima do peso. Pois essa situação não é muito diferente entre os pequenos. Segundo o IBGE, 15% das crianças na faixa etária de 5 a 9 anos são obesas no país.
Recentemente, cientistas da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, decidiram investigar uma suspeita que por muitos anos passou praticamente despercebida nesse contexto: afinal, a asma teria algum peso nessas estatísticas alarmantes?
Para responder a questão, os cientistas analisaram dados de 2 171 crianças entre 5 e 8 anos que foram acompanhadas por uma década. A princípio, nenhuma era obesa, mas 18% delas estavam com sobrepeso – e 13% foram diagnosticadas com asma. Esses voluntários mirins foram recrutados originalmente para um estudo denominado CHS, dedicado a observar os impactos da poluição do ar em sua saúde respiratória e metabólica. Além disso, examinaram mais 2 684 crianças dos 9,7 até os 17,8 anos de idade.
Leia mais: Aleitamento materno diminuiria os sintomas da asma nos bebês
Além de um registro anual de peso e altura, foram levados em consideração um questionário sobre determinados hábitos – como exposição ao tabagismo (em casa e na gestação) –, casos de doenças respiratórias na família e a prática de atividade física.
Leia mais: Ioga aliviaria os sintomas da asma
Ao fim do período, o índice de obesidade entre essa turma era de 15,8%. Com esse e outros dados em mãos, os experts concluíram que os asmáticos são até 51% mais propensos à obesidade, principalmente na primeira infância (que vai dos 0 aos 6 anos) e na adolescência. Para os que têm histórico de chiado na respiração – aquele ruído semelhante a um assobio – a probabilidade de obesidade sobe 42%.
Leia mais: 4 regras básicas para controlar a asma em crianças
A idade em que a asma deu as caras não se mostrou relevante no estudo. Por sua vez, medicamentos como bombinhas se mostraram essenciais para prevenir o ganho de peso. “Isso mostra que o diagnóstico precoce e o controle da asma são, sim, importantes para por um fim à epidemia de obesidade infantil”, declarou Frank Gilliland, um dos autores do estudo, em comunicado oficial.
O especialista ressalta ainda que toda essa dificuldade de respirar pode resultar em outras encrencas metabólicas na vida adulta, a exemplo de diabete do tipo 2. O desafio agora é entender melhor essa associação, já que até mesmo as crianças que praticavam atividade física estavam sujeitas a engordar além da conta.