Adesivo anticoncepcional: como funciona e qual é a eficácia?
Opção menos conhecida entre os métodos contraceptivos, o produto tem eficiência comprovada e pode ser bom aliado para quem tem rotina agitada

A criação dos primeiros anticoncepcionais hormonais durante os anos 1960 abriu as portas para o desenvolvimento de novas formas de prevenir a gravidez. Uma delas é o adesivo contraceptivo transdérmico, aprovado para uso pela primeira vez nos Estados Unidos em 2001. O produto começou a ser comercializado no Brasil no ano seguinte.
Conhecido pelo termo em inglês “patch”, traduzido como “adesivo” ou “emplastro”, o dispositivo permite a entrada de uma mistura de derivados de hormônios na corrente sanguínea através da pele. Apesar da presença no mercado há 20 anos, a alternativa ainda é pouco conhecida.
Como funcionam os adesivos anticoncepcionais?
O adesivo anticoncepcional ou adesivo combinado engloba os métodos anticoncepcionais hormonais, pois atua liberando continuamente dois hormônios similares aos naturais existentes no corpo para inibir a ovulação – os derivados são o progestógeno e o estrógeno.
A tecnologia utiliza duas estruturas presentes em toda a extensão da pele: as glândulas sudoríparas, responsáveis pela produção do suor, e os folículos pilosos, onde nascem os pelos do corpo. Ambos são porosos, o que permite que o adesivo transporte as substâncias em contato com a pele até a corrente sanguínea.
Para desviar da impermeabilidade e fazer com que os hormônios penetrem com facilidade, os adesivos também contêm compostos químicos responsáveis por enfraquecer algumas barreiras do tecido. Embora esses agentes possam provocar pequenas irritações, as reações são reversíveis.
O produto tem uma forma quadrada e é feito de um material plástico flexível. Ele pode ser aplicado na parte externa do antebraço, nas costas, na barriga, nas nádegas ou em qualquer lugar que esteja limpo e seco – exceto nos seios. O item precisa ser pressionado contra a pele por dez segundos para garantir a vedação da região.
O “patch” deve ficar colado ao corpo durante uma semana completa até ser trocado por um novo adesivo, o que deve ocorrer sempre no mesmo dia.
Caso tenha sido fixado em um domingo, por exemplo, deve ser substituído no domingo seguinte. Com o objetivo de evitar irritações cutâneas, deve ser escolhido um lugar diferente do corpo a cada renovação. Esse cronograma deve ser seguido por três semanas. Ao longo da quarta semana, em que não se usa o dispositivo, ocorrerá a menstruação.
Para evitar a gravidez, nos primeiros sete dias de uso, a peça deve ser acompanhada de outro método contraceptivo de apoio, como os preservativos feminino ou masculino.
Diante da falta de utilização por mais de sete dias ou atrasos na troca, é preciso considerar a possibilidade de utilizar uma pílula anticoncepcional de emergência. É importante consultar o ginecologista para realizar o acompanhamento de todo o processo de forma segura.
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Qual é a eficácia do adesivo anticoncepcional?
Usuárias de métodos contraceptivos orais enfrentam desafios como o esquecimento ou a dúvida em relação à rotina de ingestão das pílulas.
Neste cenário, uma vantagem do adesivo anticoncepcional demonstrada em estudos é a praticidade: a eficácia tende a ser maior do que a da pílula porque as chances de lapsos no cronograma são menores.
Como o produto é relativamente novo, as pesquisas sobre a sua eficácia são limitadas. No entanto, esses estudos têm apontado para uma efetividade similar aos métodos contraceptivos já consolidados, entre 99,3% a 99,6%.
O método também garante uma estabilidade no processo de absorção. Um contraponto da via oral que pode apresentar variáveis a partir do horário de ingestão e da atividade digestiva do fígado.
Apesar dos benefícios, os adesivos costumam ser menos efetivos para pacientes com peso igual ou superior aos 90 kg e trazem um risco alto de desenvolvimento de trombose venosa profunda.
Assim como as pílulas anticoncepcionais, o produto não oferece nenhuma prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).