Um hospital no Rio de Janeiro é o primeiro do país a utilizar uma tecnologia que pode ser um divisor de águas para transplantes hepáticos. Na avaliação de Eduardo Fernandes, cirurgião especialista em transplantes de órgãos do abdômen, a máquina Liver Assist, que faz sua estreia nacional no Hospital São Lucas Copacabana, tem tudo para mudar o cenário atual.
É que o descarte de órgãos é frequente, sobretudo em áreas mais remotas de países continentais como o Brasil, onde não há tanta logística para transporte. E o fígado, depois de retirado do corpo, leva de oito a dez horas até começar a sofrer por falta de oxigênio, uma condição conhecida como isquemia.
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“Com essa tecnologia de origem holandesa, é possível transfundir os órgãos para que fiquem viáveis por muito mais tempo”, explica Fernandes. “Isso pode ser feito com sangue humano, em temperatura normal, ou com uma solução especial, em hipotermia, que é o método utilizado aqui”, continua.
No fim do processo, o fígado que estava deteriorado volta a ser oxigenado. “Em um cenário como o nosso, em que 50% dos órgãos doados não são aproveitados, a tecnologia vai maximizar o número de transplantes”, prevê o médico. E já renova a esperança de quem espera na fila por um fígado.
Obesidade maltrata demais o fígado
Cientistas coreanos realizaram uma revisão de estudos e bateram o martelo: o alto índice de massa corporal (IMC) eleva o risco de câncer nesse órgão. “A obesidade tem ligação com a esteatose hepática, a gordura no fígado. E essa é uma condição que leva a uma inflamação crônica, podendo gerar lesão no DNA das células e o desenvolvimento de tumores”, explica o hepatologista Paulo Bittencourt, presidente do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig).
A prevenção envolve mudança de estilo de vida, com prática de atividade física e manutenção de um bom peso e uma dieta saudável, evitando alimentos ultraprocessados e supercalóricos, bem como o consumo excessivo de álcool.