Hoje você tem 9 meses e só pensa em engatinhar pela casa. É tanta energia que eu e sua mãe não sabemos de onde você tira. Quem dera o planeta tivesse mais fontes e recursos renováveis e inesgotáveis assim!
Hoje, filho, não podemos nos dar ao luxo de nos preocupar só com o nosso bem-estar, o seu, o meu, o da família… Precisamos cuidar da saúde do mundo, essa casa que abriga quase 8 bilhões de seres humanos, fora os animais, as plantas, os fungos e os micro-organismos.
E o pior é que não só deixamos de zelar por essa morada como temos contribuído para a degradação dela, sobretudo nos últimos 100 anos.
Menino do céu, se o ritmo de produção e consumo e toda a cadeia agropecuária e industrial mobilizada por ele continuar do jeito que está, o aquecimento global vai transformar o planeta, inundando cidades, secando plantações, disseminando novas epidemias. Estaremos fritos em todos os sentidos.
Na verdade, a inconveniente verdade, a emissão de gases do efeito estufa e as mudanças climáticas, como advertem os últimos painéis e conferências científicas, não são um problema do futuro, mas do presente. A principal ameaça à existência humana, na visão de ninguém menos que a Organização Mundial da Saúde (OMS).
E, se a gente não se comovia só com as imagens de desmatamentos e queimadas no Pantanal e na Amazônia (com árvores e bichos chamuscados e derrubados) ou de vilas de pescadores sumindo do mapa submersas, o mal vem bater à nossa porta, nos expondo a ondas de calor, temporais, inversões térmicas, nuvens de poluição e outras catástrofes que, em comum, nos deixam reféns de uma miríade de doenças.
Não vai dar para ignorar e cruzar os braços, filhão. Todos somos convocados a mudar hábitos, tradições e políticas para simplesmente mantermos a casa e o corpo de pé. Embora essa história tenha tons apocalípticos, alivia saber que praticamente tudo que faz bem para o equilíbrio do planeta também é bem-vindo ao nosso organismo — de comer menos carne a passar menos horas na frente da TV ou do computador.
Cidadania, agora, é também responsabilidade ambiental, como pontua a Chloé Pinheiro, colega do pai que assina a reportagem de capa deste mês. E prioridade absoluta na agenda político-econômica e governamental, como defende, após um tour pela história da conexão entre ciência e poder, a professora Tatiana Roque no magistral O Dia em Que Voltamos de Marte (Crítica – clique aqui para comprar*).
Marte não é uma opção — pelo menos não tão cedo, para tanta gente e com os meios necessários para conseguirmos voar e nos instalar lá. Vamos cuidar da Terra, meu filho. Por nós mesmos, pelas espécies com quem dividimos o chão, a água e o ar… E para a minha, a sua e as próximas gerações.
Velhice não será mais doença!
Quando a última edição impressa de VEJA SAÚDE começava a circular pelo Brasil, a OMS voltou atrás e decidiu não incluir mais a velhice na sua lista oficial de doenças, a CID.
Vitória dos idosos e dos especialistas que lutaram para que a medida fosse revertida. E prova de que discutir os desafios do envelhecimento é mais atual do que nunca. Como mostramos na reportagem — atualizada em nosso site com a nova proposta da OMS —, está na hora de criarmos uma sociedade mais sustentável e amigável ao público mais velho.
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