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Coronavírus: estimativa aponta número de casos 14x maior do que o oficial

Estudo sugere que os números oficiais de Covid-19 no Brasil são só a ponta do iceberg. Segundo ele, somaríamos 1,6 milhão de casos até o dia 4 de maio

Por Maria Fernanda Ziegler (Agência Fapesp)
Atualizado em 18 ago 2020, 10h46 - Publicado em 8 Maio 2020, 12h18
boletim coronavirus casos
Se as estimativas estiverem certas, já seríamos o novo epicentro da doença. (Ilustração: Rômolo/SAÚDE é Vital)
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Estimativa realizada por pesquisadores brasileiros e publicada no site Covid-19 Brasil aponta mais de 1,6 milhão de casos da doença causada pelo novo coronavírus no país, sendo 526 mil só no Estado de São Paulo. O número, referente ao dia 4 de maio, é 14 vezes maior do que o registro oficial. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o país registrava 108 mil episódios confirmados da doença, sendo 32 mil só no estado paulista.

A contabilização desses casos ocultados das estatísticas pela subnotificação colocaria o Brasil como o novo epicentro da doença, ultrapassando os 1,2 milhão de casos registrados nos Estados Unidos, país com população maior que a brasileira.

“É sabido que existe uma grande subnotificação de casos no Brasil todo, porque só estão sendo testados os casos graves, de quem vai para os hospitais. Mas de quanto é essa distorção da realidade?”, diz Domingos Alves, integrante do grupo Covid-19 Brasil, formado por cientistas de mais de dez universidades brasileiras.

O pesquisador, que também é coordenador do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que uma estimativa mais realista da evolução do Covid-19 permitiria que governos e população tivessem maior capacidade de planejar medidas de combate à pandemia.

“Para ter uma noção real da dimensão, o ideal seria a testagem em massa. Como não temos testes disponíveis para todos, as estimativas podem servir de base para o gerenciamento de medidas de confinamento, necessidade de novos leitos e da abertura de hospitais de campanha”, afirma Alves, que tem experiência em modelagem de epidemias de pneumonia.

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Para chegar ao número de casos 14 vezes maior que o registro oficial, os pesquisadores se basearam nos dados epidemiológicos da Coreia do Sul e ajustaram fatores como faixa etária, porcentual de comorbidades e fatores de risco para Covid-19 na população brasileira. O ajuste contou ainda com informações sobre a quantidade de mortes.

“Aparentemente, o número de óbitos é um preditor para o número de casos. Já se sabe que a taxa de letalidade em diferentes países é mais ou menos fixa: 5,8% do total de casos”, revela.

No entanto, Alves ressalta que existe também uma grande subnotificação dos casos de morte. “Em meio a uma epidemia, pessoas morrem com sintomas de Covid-19, mas permanecem como casos suspeitos, porque não foram e nem serão testados. Em muitas cidades, já está acontecendo de as pessoas morrerem em casa, sem receberem atendimento. É a subnotificação das mortes. Mas nós trabalhamos com base apenas nos óbitos confirmados”, pondera.

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Dessa forma, admite o pesquisador, a realidade deve ser ainda mais grave do que a estimativa. “É possível que seja 20 vezes pior do que os dados oficiais estão mostrando. A estimativa de a epidemia ser 14 vezes mais grave que o registrado já assusta e pode fazer com que as pessoas optem por um lockdown ou cobrem mais leitos e hospitais de campanha, mas é importante ressaltar que se trata de uma estimativa para baixo que estamos fazendo nesse estudo”, conclui.

Este conteúdo foi produzido pela Agência Fapesp.

 

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