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Covid-19: quem tem câncer deve tomar a vacina?

Documento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica defende a vacinação contra o coronavírus em pacientes com tumores. E traz os cuidados necessários

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 9 mar 2021, 13h58 - Publicado em 1 fev 2021, 12h18
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  • Em meio às aprovações para uso emergencial das vacinas contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) no Brasil, surgiram dúvidas sobre a segurança e a eficácia especificamente em pessoas com câncer. Isso porque os tratamentos oncológicos podem deixar o sistema imune fragilizado. Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) criou um guia baseado nas evidências científicas disponíveis até agora para responder as principais questões sobre a imunização da Covid-19 nesses indivíduos.

    Quem tem câncer deve tomar a vacina?

    Via de regra, sim. Apesar de indivíduos com câncer não terem sido incluídos nos estudos clínicos das vacinas aprovadas contra a Covid-19, os dados relacionados a outras infecções indicam que os imunizantes são eficazes mesmo nessa população. E que os riscos de não tomar as doses são muito maiores.

    “A vacinação contra o vírus da gripe reduziu hospitalizações relacionadas à doença, interrupção de quimioterapia e o risco de morte”, exemplificou o oncologista Sandro Cavallero, diretor da Sboc, em comunicado à imprensa.

    Lembre-se de que pacientes com câncer integram o grupo de risco para complicações da Covid-19. Estima-se que isso aconteça, em grande medida, por causa da idade dessas pessoas e das comorbidades que eles apresentam.

    “Além do impacto mais severo, a infecção pelo Sars-CoV-2 pode ter desdobramentos também no cuidado oncológico. Ela leva a atrasos em exames, tratamentos e monitoramento”, alertou Cavallero.

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    Com a vacina, essas repercussões poderiam ser evitadas. Ainda assim, existem alguns detalhes a considerar.

    É melhor se vacinar antes, durante ou depois do tratamento contra o câncer?

    O ideal é aplicar injeção antes de iniciar a terapia. No entanto, se isso não for possível, ela merece ser priorizada mesmo para quem já iniciou ou concluiu o tratamento recentemente.

    Em entrevista a Veja SAÚDE, a mastologista Maira Caleffi, presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) acrescentou que, apesar de não haver contraindicações para esse grupo, vale bater um papo com o especialista que acompanha o caso. “Cada paciente é único e possui características e respostas diferentes ao tratamento”, pontua.

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    Todas as vacinas aprovadas no Brasil são seguras para pessoas com câncer?

    Até o momento, as únicas liberadas para uso emergencial no Brasil são a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan e pela Sinovac, e a da AstraZeneca, feita em parceria com a Universidade de Oxford. Nos testes clínicos de fase três, ambas se mostraram seguras.

    Porém, caso haja a possibilidade de escolher entre elas, a Sboc sugere priorizar a Coronovac. Calma, vamos explicar o porquê.

    Em geral, o único tipo de vacina que não é recomendado para quem está imunodeprimido — como indivíduos em tratamento contra tumores — são as de vírus vivo atenuado, como a da febre amarela e a do sarampo. Eles usam uma versão enfraquecida do agente infeccioso para estimular o organismo a produzir anticorpos.

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    Nesse estado, o vírus quase nunca é capaz de provocar a doença em uma pessoa saudável. Porém, em alguém que está com as defesas debilitadas, o risco aumenta.

    Nenhuma das vacinas aprovadas para a Covid-19 no nosso país apostou nessa tecnologia. Só que a de Oxford usa um adenovírus — que é um vírus causador de resfriados comuns — modificado com uma parte do material genético do Sars-CoV-2. Esse adenovírus vivo é quem instiga o corpo a fabricar os anticorpos contra o coronavírus.

    A verdade é que ele não tem capacidade de se replicar dentro do corpo. Mas a Sboc recomenda que esse imunizante fique como uma segunda opção para as pessoas com câncer. É uma precaução, já que não há pesquisas sobre o seu uso em pacientes oncológicos, e em especial naqueles que realizam um tratamento imunossupressor. Ainda assim, nos cenários em que não há como escolher, é melhor tomar essa vacina que ficar sem nenhuma.

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