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Folha de coca: como ela combate o mal-estar da altitude?

Povos andinos faziam uso ritual e medicinal da planta muitos séculos antes da descoberta da cocaína

Por Maurício Brum Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
13 jan 2025, 16h05
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Folha tem propriedades estimulantes (Raffanat/CC BY-SA 4.0/Wikimedia Commons)
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Se você viajou para algum país dos Andes, é bem provável que já tenha encontrado folhas de coca para mascar, o chá feito com elas ou balinhas de mel contendo a planta (os caremelos de coca).

Vistas com reserva por serem a matéria-prima da cocaína, elas têm um uso ancestral que vai muito além da fabricação dos narcóticos. Sagrada para os povos originários, a planta também é considerada uma aliada para combater os efeitos da altitude, uma constante nas nações abraçadas pela grande cordilheira da América do Sul.

Mas o que, afinal, é a coca?

Coca é o nome dado à planta inteira e se refere a diferentes espécies do gênero Erythroxylum.

Nativa dos Andes, a planta é usada com fins medicinais e para amenizar impactos do ar rarefeito desde tempos ancestrais.

Graças às propriedades tradicionalmente atribuídas a ela, a folha e o chá produzido com ela também têm uma função ritualística, religiosa e econômica para algumas culturas de países como a Bolívia e o Peru.

E a cocaína?

A cocaína é um alcaloide que existe em pequenas quantidades nas folhas de coca. Alcaloides são compostos presentes em alguns vegetais que, sintetizados em laboratório, podem ter usos diversos. Alguns exemplos famosos de alcaloide são compostos estimulantes e viciantes, como a cafeína, a nicotina e a própria cocaína.

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No caso das folhas de coca, a concentração de cocaína é inferior a 1% e, dependendo da espécie, sequer ultrapassa 0,2%. Ela é o único alcaloide psicoativo da planta e, devido à baixíssima concentração, seus efeitos não são sentidos pelo simples consumo da planta em seu estado natural.

Para obter a droga, é preciso isolar a cocaína a partir da folha, com processos químicos, uma técnica desenvolvida somente no século 19, sem relação com os usos tradicionais da coca.

Usada inicialmente como medicamento, a cocaína acabou sendo proibida no século 20 devido ao seu altíssimo potencial de gerar dependência química, com risco de morte.

+Leia também: Cocaína: consequências do vício e reabilitação

Como a coca ajuda contra a altitude?

Mesmo que a cocaína não produza efeitos perceptíveis ao utilizar a folha de coca, a planta em si tem um potencial estimulante, e é de onde vem seu uso tradicional.

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Uma das principais maneiras de usar a coca contra a altitude é mascando as folhas. Ao fazer isso, seriam liberadas substâncias que ajudariam a enfrentar desconfortos como dor, cansaço e fome. Entre os benefícios associados, está uma melhor tolerância à indisposição causada pelo ar rarefeito, conhecida em algumas partes dos Andes como “soroche”.

O chá também teria um potencial semelhante ao da mastigação das folhas. Mas, como qualquer estimulante, é recomendado evitá-lo no final do dia, quando pode acabar prejudicando o sono.

A comprovação científica desses benefícios ainda é debatida, com algumas pesquisas apontando um potencial significativo, enquanto outros argumentam que ocorreria uma espécie de efeito placebo, superestimando impacto da coca no bem-estar.

Em qualquer cenário, tanto os povos originários quanto montanhistas seguem fazendo uso da planta em busca de reduzir os desconfortos no topo do mundo.

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