Chegou ao Brasil uma novidade para o tratamento do diabetes tipo 1 e 2. Trata-se do Basaglar, o primeiro medicamento biossimilar da insulina glargina, criado pela parceria entre as farmacêuticas Eli Lilly e Boehringer Ingelheim. Em resumo, ele é criado a partir da versão original da insulina glargina, que há alguns anos foi recebida com entusiasmo pelos diabéticos e seus médicos. Só que a novidade é 70% mais barata do que o medicamento referência no nosso país – e com eficácia e segurança iguais, garantidos por órgãos reguladores e pesquisas científicas.
“A insulina glargina é um marco no tratamento da doença no país, porque permite aos pacientes um maior controle da glicemia e um estilo de vida mais flexível”, explica Rosangela Réa, endocrinologista e professora da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba.
Ela ganhou essa fama porque sua ação é mais estável. “As insulinas basais antigas provocavam picos do hormônio e duravam 18 horas ao invés de 24”, compara a médica. Sem saber quando esse pico aconteceria, as refeições tinham que seguir um horário mais rígido.
Já a glargina tem efeito duradouro: basta uma picada ao dia. E ela ainda diminui o risco da hipoglicemia, quadro perigoso que pode ocorrer quando há insulina demais em circulação.
Além disso, como contém apenas insulina, o produto não precisa ser misturado a outros elementos toda vez que for aplicado. “Esse procedimento é delicado e, se feito inadequadamente, compromete a eficácia do remédio”, relembra a médica. Em vez disso, o fármaco é apresentado em canetas injetáveis com agulhas fininhas.
Mais acessibilidade
A insulina glargina disponível até então, da Sanofi, pesava no bolso dos pacientes. Em algumas situações, seu preço simplesmente inviabilizava o tratamento no longo prazo, obrigando os pacientes a utilizar opções menos apropriadas.
Com a nova opção no mercado, a esperança é de que mais diabéticos possam alcançar um controle adequado da doença. Aliás, após a chegada de Basaglar, a versão de referência da insulina glargina já baixou seu preço por meio de programas de assistência ao paciente. O que a concorrência não faz…
Vale lembrar que a insulina glargina é de longa ação e não substitui a versão de ação rápida ou a ultrarrápida, que é tomada imediatamente antes das refeições. Coordenar essas medicações direito é fruto de um bom diálogo com o doutor.
O que é um biossimilar?
Os medicamentos biológicos, caso da insulina glargina, são feitos a partir de organismos vivos e compostos por milhares de moléculas. Assim, mesmo quando a patente deles cai, é impossível copiá-lo de maneira idêntica, como ocorre com os genéricos de remédios convencionais.
No entanto, dá para chegar bem perto da estrutura original – e, por meio de estudos científicos, garantir segurança e eficácia igual ao do produto referência. Quando isso acontece, trata-se de um biossimilar. Esse é o caso do Basaglar.
O surgimento dos biossimilares é visto com bons olhos justamente por oferecer opções mais baratas ao consumidor.