Não é só o calorão: cansaço e sono ruim lideram queixas da menopausa
Levantamento aponta os principais sintomas enfrentados no período, que é marcado por várias alterações no organismo. Saiba como contornar os problemas
O climatério, momento que antecede a menopausa, é marcado por diversas mudanças no corpo da mulher. Muita gente está familiarizada com os fogachos, ondas de calor que perturbam a vida, em especial à noite, mas os incômodos não se restringem a eles.
Um novo levantamento brasileiro, realizado pela empresa Plenapausa, com a participação de 17 mil pessoas, com idade média de 47 anos, na pré-menopausa e na menopausa, revela as principais queixas nessa fase.
A falta de energia e o cansaço contínuo foram relatados por 91% das participantes. A irritabilidade esteve presente em 89% das menções, acompanhada da instabilidade de humor e da falta de memória, citadas por 85% das respondentes. Dificuldades para dormir foram apontadas por 84% das mulheres consultadas.
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Para os especialistas, os resultados refletem o que se escuta nos consultórios e estão relacionados, principalmente, às alterações no sono.
“Quando as ondas de calor acontecem à noite, muitas vezes as mulheres acordam e ficam com um sono fracionado. Há também dificuldade para adormecer ou um despertar muito precoce”, pontua a médica Lucia Helena Simões da Costa, presidente da Comissão de Climatério da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Questões hormonais típicas do período também estão envolvidas na qualidade do descanso. “Essas mudanças podem ser decorrentes da diminuição dos níveis de estrógeno e da progesterona. Existem receptores para esses hormônios no sistema nervoso central e eles também têm uma interferência direta no adormecimento. A progesterona, por exemplo, tem efeito depressor e favorece o sono”, explica Lucia.
Para contornar o problema, vale recorrer à higiene do sono. A estratégia consiste em ações voltadas para facilitar o adormecimento, incluindo definir horários para deitar e despertar, reduzir o consumo de produtos à base de cafeína, em especial a partir da tarde, adiantar a última refeição do dia, diminuir a exposição a telas e evitar cochilos.
Por que a libido cai na menopausa?
Além dos sintomas físicos, o estudo destaca também a prevalência de problemas emocionais, com 82% delas relatando sentir ansiedade e depressão, e 76% enfrentando episódios de falta de libido.
“A resposta sexual nessa fase da vida é diferente em relação a alguém mais jovem. Diminuem as fantasias e a libido. O desejo é menos espontâneo e mais responsivo. Ou seja: a pessoa precisa ser estimulada para tê-lo”, acrescenta a médica.
Em parte, o fenômeno está relacionado à queda na produção de hormônios como testosterona, estrogênio e progesterona. Porém, fatores psicológicos, como problemas de relacionamento, mudanças corporais e envelhecimento também influenciam diretamente nesse cenário.
Podem contribuir para melhorias o uso de hormônios, a psicoterapia, a adesão a práticas de atividades físicas e o autocuidado.
“Do ponto de vista medicamentoso, a terapia de reposição hormonal acaba melhorando quase todos esses sintomas. Não existe nenhum outro medicamento capaz de agir nesse leque de manifestações”, frisa Lucia.
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Como aliviar esses sintomas?
Cada mulher vivencia a menopausa de um jeito.
“Não se tem uma explicação muito precisa sobre os motivos pelos quais algumas têm mais ou menos sintomas. Contudo, de acordo com estudos, parte da variação de intensidade envolve características genéticas”, afirma a médica da Febrasgo.
Para que o período seja menos conturbado, é preciso se preparar cedo. E não tem outro jeito: a receita é cuidar bem da saúde ao longo da vida.
“A alimentação é extremamente importante, e alguns nutrientes são essenciais nessa fase. O cálcio, por exemplo, é importante para a saúde dos ossos. Também é recomendado diminuir a ingestão de calorias e aumentar o consumo de proteínas por que, ao chegar nessa fase da vida, ocorre uma perda de massa muscular e a gordura passa a se acumular principalmente na região abdominal, onde oferece mais risco para doenças do coração”, elenca Lucia.
A prática de atividade física também é primordial. “O movimento ajuda em diversos aspectos da menopausa, como a melhora da qualidade do sono, a manutenção de um peso adequado e da massa muscular, importante para manter a massa óssea”, explica a especialista.
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