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Não precisa de cirurgia? Esclareça 5 mitos sobre pedras na vesícula

Mesmo sem sintomas, presença de cálculos no órgão exige intervenção pois aumenta o risco de câncer e outras complicações

Por Antônio Couceiro Lopes, cirurgião do aparelho digestivo*
Atualizado em 12 fev 2025, 13h18 - Publicado em 12 fev 2025, 12h12
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Saiba como lidar com a pedra na vesícula (Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
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A incidência de colelitíase, as famosas pedras na vesícula, varia entre 15% e 20% da população. Trata-se de uma doença relativamente comum, cujo tratamento é cirúrgico, como veremos a seguir.

No entanto, tanto a cirurgia quanto o pós-operatório são cercados de mitos que confundem a população e expõem os pacientes a riscos desnecessários.

Neste artigo, vamos esclarecer cinco dos mitos mais comuns relacionados ao procedimento.

A cirurgia só está indicada em pacientes com sintomas

Mito! Uma vez feito o diagnóstico de colelitíase, a cirurgia para retirada da vesícula deve ser realizada, pois a presença das pedras traz consequências à saúde.

A inflamação crônica causada pela presença de cálculos grandes (>1 cm) e/ou múltiplos aumenta o risco de câncer de vesícula a longo prazo. Além disso, os cálculos podem obstruir a saída da bile, causando cólicas biliares ou colecistite aguda, um quadro inflamatório que pode exigir cirurgia de urgência.

Já os cálculos pequenos apresentam risco de migração para as vias biliares, podendo causar pancreatite, uma inflamação potencialmente grave e até fatal. 90% das pancreatites agudas são provocadas por pedras na vesícula.

Toda indicação cirúrgica deve considerar o estado clínico do paciente, o risco cardiológico e o seu desempenho funcional. Nos casos em que o risco cirúrgico é elevado, a conduta deve ser discutida com a equipe médica para garantir a melhor decisão para o paciente.

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Trata-se de uma cirurgia simples, sem riscos, sempre minimamente invasivas

Mito. Toda cirurgia apresenta riscos. Atualmente, com os protocolos institucionais de segurança, técnicas cirúrgicas aprimoradas e anestesia moderna, os riscos são minimizados, mas ainda assim existem.

O ponto é que cirurgias eletivas (programadas) apresentam menor risco de complicações quando comparadas às realizadas de urgência.

A colecistectomia laparoscópica, guiada por vídeo, é considerada padrão-ouro, sendo minimamente invasiva, realizada por pequenas incisões no abdome. A cirurgia robótica também é uma opção minimamente invasiva, mas ainda não amplamente difundida.

Mas em situações mais complexas, como inflamação grave ou complicações intraoperatórias, pode ser necessário recorrer à cirurgia convencional, com incisões maiores e recuperação mais prolongada.

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Após a cirurgia, não se pode mais comer comida gordurosa

Outro mito. A digestão das gorduras é feita com a ajuda dos sais biliares, presentes na bile, que é produzida pelo fígado e transportada diretamente para o intestino por meio dos ductos biliares.

A retirada da vesícula não interfere na produção de bile, nem na sua liberação para o intestino. O orgão funciona apenas como um reservatório da bile. Sua remoção não afeta a absorção de gorduras da dieta.

Portanto, não há necessidade de restrição do nutriente após a cirurgia, salvo em casos específicos orientados pelo médico.

+Leia também: Zoom: pedras vão rolar!

É preciso tomar suplementos depois de tirar a vesícula

Mito. As vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) são absorvidas junto com as gorduras no trato digestivo.

Como a produção e transporte da bile permanecem normais, não há prejuízo na absorção de gorduras e, consequentemente, não há necessidade de reposição vitamínica após a cirurgia.

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A ingestão adequada dessas substâncias deve ser avaliada no contexto geral da dieta, mas a colecistectomia, por si só, não causa deficiência.

Após a cirurgia, é normal ficar com diarreia

Este é, talvez, o mito mais difundido sobre a cirurgia de retirada da vesícula. Eis algumas considerações sobre ele:

Primeiro, pode ocorrer uma mudança na microbiota intestinal após a colecistectomia, levando a alterações temporárias no trânsito intestinal, como o aumento da frequência evacuatória.

A suplementação com pré e probióticos pode ser utilizada para equilibrar a flora intestinal e minimizar os sintomas. Casos em que a diarreia persiste de forma crônica são raros e devem ser acompanhados pelo médico.

Conclusão

A colecistectomia é um procedimento seguro e eficaz, indicado para evitar complicações graves associadas às pedras na vesícula, como pancreatite e colecistite aguda.

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Muitos dos mitos sobre a cirurgia e o pós-operatório não têm fundamento científico e podem levar a dúvidas desnecessárias entre os pacientes.

Se você recebeu o diagnóstico de pedras na vesícula, consulte um cirurgião especialista para avaliar o melhor tratamento para o seu caso.

*Antônio Couceiro Lopes é cirurgião do aparelho digestivo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e fellow do Colégio Americano de Cirurgiões

(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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