Nosso genoma é formado por sequências de quatro bases nitrogenadas, representadas pelas iniciais A, C, G e T — obra da natureza. Mas estudiosos criaram duas letras a mais em laboratório para maximizar o potencial de produção de proteínas com capacidade terapêutica.
Quem está por trás é a plataforma Synthorin, adquirida pela Sanofi, que utiliza mais duas bases artificiais, X e Y, para confeccionar medicamentos.
A primeira frente de batalha é o câncer. Um dos remédios que é fruto dessa tecnologia já passa por pesquisas de fases 1 e 2 com pacientes oncológicos graves.
“Ele tem se mostrado muito seguro e já temos dados de eficácia, embora não seja o efeito comparado ao de outros tratamentos”, conta Bernardo Soares, diretor médico da Sanofi Genzyme do Brasil.
A estratégia, que poderá ser combinada a outras terapias, avança nos testes com a perspectiva de receber aval regulatório nos próximos anos.
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O que muda na história
A tecnologia pode revolucionar a oncologia. Entenda:
- Nosso DNA: Ele é constituído de quatro tipos de bases nitrogenadas: adenina (A), timina (T), guanina (G) e citosina (C). Os genes formados por elas contêm a receita para a produção das proteínas.
- A inovação: A Synthorin acrescenta duas novas bases ao DNA, X e Y, totalizando seis. Isso amplia o número de ingredientes para montar proteínas como uma molécula testada contra o câncer.
- Droga anticâncer: Um medicamento feito dessa forma é o THOR-707, uma interleucina que vem se mostrando mais potente e livre dos efeitos colaterais usuais para tratar tumores de pele, pulmão, mama e rim.