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Por que você não deve fugir da colonoscopia e do exame de fezes

Maior ação de rastreamento com profissionais voluntários já realizada revela número expressivo de lesões no intestino; projeções mostram aumento do câncer ali

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 3 abr 2025, 14h15 - Publicado em 3 abr 2025, 14h12
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Achado nacional: 54% dos pacientes submetidos a uma colonoscopia apresentavam lesões no intestino (PonyWang/Getty Images)
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Alguns exames, convenhamos, não são nada confortáveis. A colonoscopia é especialmente complicada. Depois de uma noite tomando laxantes e visitando o banheiro — a parte desafiadora da história —, você é sedado e um tubo fino, com uma câmera na ponta, direcionado ânus adentro com todo o cuidado.

Já o exame de fezes exige recolher uma amostra em um frasco para análise em laboratório. Inconveniente, mas ao menos relativamente rápido.

A pesquisa de sangue oculto nas fezes colhe pistas de uma eventual anormalidade no aparelho digestivo. Já a missão da colonoscopia é inspecionar o intestino grosso e detectar lesões e perigos ali.

Tais exames podem não gerar boas lembranças, mas ajudam a salvar vidas.

É o que documenta a maior ação de rastreamento voluntário do câncer colorretal já realizada no mundo, um feito digno de livro dos recordes ocorrido em solo brasileiro.

Entre os dias 16 e 22 de março deste ano, 65 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e outros técnicos, desataram uma campanha envolvendo 8 mil cidadãos da cidade de Goiás (GO).

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A iniciativa, liderada pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), em parceria com a policlínica do município, disponibilizou exames de sangue oculto nas fezes a esse montante todo e encaminhou para colonoscopia 563 pacientes, sendo que 423 realizaram o exame.

Entre as pesquisas de sangue oculto nas fezes, uma espécie de peneira para saber quem precisa de uma apuração detalhada, 8% dos pacientes tiveram resultado positivo, o que demanda um olhar mais aprofundado com a realização da colonoscopia, por exemplo.

E foi nessa etapa que veio o achado preocupante: 54% do público avaliado nas colonoscopias apresentava lesões no intestino, algumas delas com potencial de virar um tumor, e ao menos quatro casos avançados de câncer foram diagnosticados.

Os resultados da ação em Goiás indicam que medidas simples e baratas, como o exame de fezes, podem ajudar a antecipar a detecção de uma doença grave, mas evitável e curável.

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Também contribuem para mitigar o tabu e vencer a resistência a métodos como a colonoscopia, capaz de identificar e extrair pólipos que, um dia, poderiam se transformar no câncer.

+ LEIA TAMBÉM: Por que o câncer tem afetado cada vez mais jovens?

Câncer colorretal, uma doença em ascensão

A relevância do trabalho da SBCP e da SOBED, além do aspecto social, é mostrar aos brasileiros que existem ferramentas para cercar o câncer e, sim, é possível mudar uma triste realidade.

Hoje, segundo as entidades, cerca de 65% dos casos de câncer colorretal são diagnosticados em estágios avançados, exigindo tratamentos mais agressivos que vão de cirurgias invasivas e complexas a sessões de químio e radioterapia.

+Leia também: Casos de câncer colorretal na rede privada crescem 80% em 8 anos

Com uma colonoscopia feita no momento certo, os médicos conseguem localizar uma lesão suspeita e removê-la antes que passe pela transformação maligna, espalhando-se pela região e até por outros órgãos.

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Há boas razões para levar o assunto ainda mais a sério.

Uma nova pesquisa da Fundação do Câncer projeta um aumento de 21% nos números de câncer de intestino grosso e reto até 2040. Segundo os autores, envelhecimento populacional, hábitos pouco saudáveis e falta de programas de rastreamento sólidos seriam os principais fatores responsáveis pelo incremento nos diagnósticos.

Embora o estudo nacional aponte uma maior prevalência entre pessoas acima de 60 anos, especialistas chamam a atenção para o crescimento na incidência entre o público com menos de 50 anos.

“Na literatura médica, há cada vez mais evidências de um aumento significativo de novos casos e também da mortalidade pela doença nessa faixa etária”, diz o coloproctologista Sérgio Eduardo Alonso Araújo, presidente da SBCP.

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Essa tendência, para a qual a medicina ainda não tem todas as respostas, fez com que sociedades médicas pelo mundo passassem a recomendar os exames de rastreamento, como pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia, a partir dos 45 anos.

Hoje, a maior parte dos pacientes é encaminhada à investigação depois dessa faixa etária isso quando recebe esse tipo de orientação. Nem sempre, porém, há acesso aos exames em tempo hábil pelo país.

Se você tem indicação e condições de passar pelos exames, vale a pena superar o desconforto e a inconveniência. Eles podem salvar sua vida.

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