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Precisamos flagrar mais cedo o câncer colorretal

As lições do método de rastreamento japonês desse tumor que cresce em incidência no Brasil

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 25 abr 2023, 13h49 - Publicado em 17 abr 2017, 14h45
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  • Em 2014, médicos do Japão publicaram um novo guia de diretrizes para descobrir precocemente o câncer colorretal, que acomete o cólon, uma porção do intestino grosso, e o reto. “A ideia era detectar a doença mais cedo, uma vez que os tumores pequenos podem ser tratados sem necessidade de cirurgias invasivas”, explica o gastroenterologista Shiro Oka, da Universidade de Hiroshima.

    A iniciativa é particularmente inspiradora para o Brasil. “Aqui no país muitas vezes descobrimos os casos já avançados, o que aumenta a complexidade e o custo do tratamento”, conta o gastroenterologista e endoscopista Marcelo Cury, diretor da clínica Scope, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

    Se as lesões são flagradas em estágio inicial, aumenta e muito a possibilidade de removê-las via endoscopia ou colonoscopia, sem que seja necessário extrair, em um procedimento cirúrgico, uma parte do intestino ou o órgão inteiro.

    De olho nesse cenário, Cury, que realizou parte dos seus estudos na área com os japoneses, convidou o professor Oka para vir ao país e compartilhar a experiência nipônica com médicos brasileiros em um evento recém-ocorrido em Campo Grande. Entre as diferenças entre o modelo oriental e o nosso, está a idade para dar início ao rastreamento do câncer colorretal. Lá, as diretrizes passaram a indicar exames a partir dos 40 anos. “Nós seguimos o protocolo americano, que preconiza exames a partir dos 50”, aponta Cury.

    Para reduzir a faixa etária de início, os japoneses tiveram que pensar e apostar em técnicas de testagem mais baratas, o que permitiria a aplicação em um número maior de pessoas.

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    “Hoje eles realizam em toda a população-alvo um exame que avalia a hemoglobina humana nas fezes, o que confirma a presença de sangue na amostra”, explica o médico brasileiro. Sangue nas fezes é um sinal importante de tumores na região.

    “Essa estratégia já é empregada em outros países e deveria ser feita aqui também, já que a incidência de câncer colorretal é maior que a de estômago e esôfago há muito tempo”, opina o gastroenterologista e endoscopista Claudio Hashimoto, da Universidade de São Paulo.

    No Brasil, embora em alguns casos seja solicitada a pesquisa de sangue oculto nas fezes, é a colonoscopia que geralmente é indicada para investigar os casos suspeitos. “É um método excelente, só que mais caro e nem sempre necessário, o que pode gerar desperdício de recursos”, diz Hashimoto.

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    A inspeção do intestino por imagens nem sempre também pega toda e qualquer lesão. “Estudos mostram que 26% das alterações que levam ao câncer não são vistas na primeira colonoscopia”, revela Oka.

    Os especialistas também acreditam que o engajamento da população é crucial para que o diagnóstico precoce vire uma grande realidade. “Precisamos de campanhas que eduquem sobre os fatores de risco e alertem sobre o aumento da incidência”, afirma Hashimoto.

    A prevenção da doença

    O Instituto Nacional de Câncer (Inca) projeta que quase 35 mil novos casos de tumores colorretais serão detectados no Brasil em 2017. Boa parte deles se inicia na forma de pólipos, pequenas verrugas que nascem nas paredes do intestino grosso e que, com o tempo, podem se tornar malignas.

    Entre os fatores de risco para o problema, estão o cigarro, o consumo excessivo de álcool e de carnes vermelhas e embutidos, sedentarismo, obesidade, histórico familiar e doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Por outro lado, uma alimentação rica em fibras, com grãos, legumes e verduras, assim como a prática regular de exercício físico, ajuda a diminuir a probabilidade desse mal aparecer.

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