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Remédios para pressão alta não agravam o coronavírus, segundo estudos

Especulava-se que os medicamentos para hipertensão poderiam trazer complicações por Covid-19. Mas uma série de pesquisas afasta essa hipótese

Por Theo Ruprecht
Atualizado em 21 dez 2020, 10h15 - Publicado em 4 Maio 2020, 19h17
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  • A teoria de que certos remédios para hipertensão aumentariam o risco de complicações do coronavírus (Sars-CoV-2) começa a cair por terra. Três diferentes estudos publicados no respeitado periódico científico The New England Journal of Medicine indicaram, cada um à sua maneira, que não há uma associação entre o uso desses medicamentos e o agravamento da Covid-19.

    Mas de onde surgiu essa história? Ora, já se sabe que o novo coronavírus invade as células ao se ligar em um receptor delas chamado de ACE2. Pois essa estrutura integra o sistema de controle da pressão no organismo — e, até por isso, é alvo de vários remédios contra a hipertensão.

    Em alguns experimentos com animais, fármacos que agem nessa via aumentaram a quantidade de receptores ACE2, o que, em tese, significaria um maior número de portas para o Sars-CoV-2 entrar nas células saudáveis.

    Felizmente, essas observações no laboratório não se converteram em más notícias na prática. Em um comentário também divulgado no The New England Journal of Medicine, cientistas não envolvidos com aquele trio de pesquisas — e, portanto, isentos para fazer críticas —, afirmaram: “É tranquilizador observar que três estudos com populações e métodos diferentes cheguem a uma mensagem consistente de que o uso contínuo desses medicamentos para hipertensão dificilmente é nocivo para pacientes com Covid-19. Vários outros levantamentos menores concluíram o mesmo”.

    As pesquisas que trouxeram a boa nova

    A primeira investigação, da Universidade Harvard (EUA), angariou pacientes hospitalizados de 11 países. A partir dos dados de 8 910 indivíduos, seus autores perceberam que idade avançada, doenças cardíacas, DPOC e tabagismo foram ligados a um maior risco de morte. Por outro lado, usuários de anti-hipertensivos não tiveram maior probabilidade de falecerem, em comparação com quem não os tomava.

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    O segundo trabalho, conduzido por experts italianos, avaliou 6 272 pessoas com diagnóstico confirmado de Covid-19 e outros 30 759 sujeitos sem o problema. Ao estudar ambas as turmas, ficou claro que as medicações não elevaram o risco de infecção por coronavírus. As drogas também não foram associadas a casos mais graves dessa enfermidade.

    Já profissionais da Universidade de Nova York (EUA) resolveram verificar se, entre as pílulas para hipertensão, alguma potencializaria os estragos do Sars-CoV-2. O levantamento checou registros médicos de 12 594 pacientes, entre os quais 5 894 testaram positivo para a infecção do momento. Conclusão: nenhum comprimido avaliado foi vinculado a formas mais severas da Covid-19.

    “Sociedades e especialistas já haviam se unido para orientar os pacientes a não abandonarem o tratamento por medo […] da pandemia. Os dados dessas três pesquisas suportam essas recomendações”, escreveram os cientistas, naquele mesmo comentário. Verdade que eles defendem a realização de uma pesquisa randomizada para enterrar definitivamente essa questão. Mas as evidências atuais dão mais segurança para os milhões de pacientes com pressão alta.

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    Hipertensão faz parte do grupo de risco para o coronavírus?

    Se os remédios não parecem ser um problema, a pressão alta favorece os danos do coronavírus. Há diversas hipóteses para explicar isso, embora nenhuma seja definitiva.

    Sabe-se, por exemplo, que doenças crônicas tendem a facilitar o surgimento de infecções em geral. Além disso, a hipertensão lesiona rins e o coração, que também parecem ser atacados pelo Sars-CoV-2.

    Diante disso, manter essa enfermidade sob controle — seguindo as orientações médicas, comendo bem e se exercitando —, é uma forma de afastar o risco de complicações promovidas por essa pandemia.

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