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Saúde substituirá vacina oral da pólio pela injetável a partir de 2024

Atualização, que será gradual, considerou critérios epidemiológicos, evidências relacionadas às vacinas e as recomendações internacionais sobre o tema

Por Lucas Rocha
7 jul 2023, 16h18
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Vacinação contra a poliomielite com dose injetável (Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF/Divulgação)
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A partir de 2024, o Ministério da Saúde começa a substituição gradual das vacinas contra a poliomielite aplicadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A conhecida vacina oral, que inspirou o personagem Zé Gotinha, será substituída pela versão injetável do imunizante. Hoje as duas são usadas em um esquema combinado.

Em anúncio realizado nesta sexta-feira, 7, a pasta destaca que a decisão segue uma recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e representa um avanço tecnológico.

A atualização considerou critérios epidemiológicos, evidências científicas e recomendações internacionais sobre o tema. No entanto, a versão oral permanece eficaz na prevenção da doença e ainda continuará em uso nos postos de saúde até o final da transição.

+ Leia também: O que é a poliomielite e por que ela preocupa tanto?

A forma injetável, vacina inativada poliomielite (VIP) ou Salk, já é aplicada no país em crianças, aos 2, 4 e 6 meses de vida. Seguindo a indicação dos especialistas,  ela também será usada no reforço aos 15 meses de idade, atualmente feito com a forma oral.

De acordo com o ministério, a dose de reforço aplicada atualmente aos 4 anos não será mais necessária, considerando que o esquema vacinal com quatro doses já garante a proteção contra a pólio, segundo as evidências disponíveis.

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O período de transição começa no primeiro semestre de 2024.

Entenda a mudança

A vacina poliomielite oral atenuada (VOP), conhecida como vacina Sabin, teve um papel fundamental na diminuição da circulação do poliovírus em todo o mundo. Graças à vacinação, os casos de poliomielite pelo vírus selvagem diminuíram mais de 99,9% nos últimos anos.

A Região das Américas, que investiu pesado nas campanhas de imunização, foi a primeira região do mundo a obter o Certificado de Erradicação da Poliomielite provocada pelo vírus selvagem. Mas não estamos sozinhos.

“Ainda temos países onde a pólio por vírus selvagem é endêmica e vários locais do mundo apresentam a circulação de poliovírus derivado da vacina oral atenuada, favorecendo o aparecimento de novos casos de pólio”, explica a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

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Nesta situação, o vírus atenuado que existe na dose da gotinha sofre mutações no ambiente e pode causar poliomielite. É uma situação considerada muito rara, e que costuma ocorrer em locais com baixa cobertura vacinal, onde pessoas não tem nenhuma imunidade prévia contra o patógeno.

No Brasil, a injetável é aplicada antes da gotinha justamente para diminuir esse risco. Mesmo assim, a possibilidade existe.

Por esta razão, a Organização Mundial da Saúde recomenda que os países adotem exclusivamente a versão injetável. “Para que a meta de erradicação sugerida pela entidade seja atingida, esta migração terá que acontecer de forma global”, pontua Carla.

De Zé Gotinha para “Zé Injeção”

O Brasil fez a primeira mudança em 2012, quando substituiu as duas primeiras doses pela injetável e as demais continuaram a ser feita com a vacina oral.

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Em 2016, o esquema primário (com as doses aos dois, quatro e seis meses) passou a ser feito com a VIP e os reforços, aos 15 meses e 4 anos de idade com a gotinha.

“É fundamental buscar o desenvolvimento de estratégias para manter a doença erradicada no país. Agora é hora de passar a ser utilizar somente a VIP, em todas as doses recomendadas no calendário infantil”, diz a epidemiologista.

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Vacinação contra a poliomielite com dose oral (Foto: Marcos Lopes/MS/Divulgação)

Cobertura vacinal

Carla ressalta que é essencial que todos os municípios atinjam elevadas coberturas vacinais, com índices de 95% ou mais. E isso envolve tomar a vacina oral dentro do esquema recomendado, enquanto a migração não acontece.

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“Só desta forma nossas crianças continuarão livres desta doença que já ceifou a vida de milhares de crianças no passado, além de deixá-las com sequelas irreversíveis, como a paralisia infantil”, destaca.

O Brasil não tem notificação de caso de poliomielite desde 1989. Entretanto, a taxa de imunização contra a doença no país ficou em 77,19% no ano passado, bem abaixo da meta de 95%.

A ampliação de coberturas vacinais no país foi anunciada como uma das prioridades da pasta chefiada por Nísia Trindade no início do ano. A medida tem como objetivo reduzir os riscos de reintrodução de doenças perigosas já eliminadas do território nacional.

Estão previstas ações com estados e municípios, como aplicação nas escolas, busca ativas por indivíduos que não foram vacinados, checagem e atualização da caderneta sempre que a família for ao posto.

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