Quando se fala em hipertensão, é comum pensar logo no exagero do sal e em prejuízos como infarto ou derrame. Mas há um tipo de hipertensão que pouca gente conhece e que afeta bastante a qualidade de vida de seus portadores: a pulmonar. Nela, as artérias responsáveis por levar o sangue até os pulmões sofrem um estreitamento. Com isso, ocorre uma elevação na pressão arterial dos pulmões e uma dilatação do coração que, com o tempo, fica sobrecarregado e acaba pifando. Sem falar que o paciente pode ter falta de ar durante atividades do dia a dia, cansaço e tontura, entre outros sintomas.
Agora, não ache que só você nunca ouviu falar nessa condição – que é rara, vale frisar. Uma pesquisa realizada pela Abraf (Associação Brasileira de Amigos e Familiares de Portadores de Hipertensão Arterial Pulmonar) em parceria com a farmacêutica Bayer mostra que 76% dos brasileiros entrevistados desconhecem a doença. Mais: em caso de suspeita por causa de certos indícios, menos da metade procuraria um pneumologista.
“Muitas vezes o diagnóstico é tardio justamente porque o paciente não valoriza a queixa. Ele acha que a falta de ar tem a ver com o sedentarismo. Ou o médico não investiga adequadamente o sintoma”, explica a pneumologista Roberta Pulcheri Ramos, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Por outro lado, se a investigação for feita de maneira correta, descartando as causas mais comuns dos sintomas, o diagnóstico pode, sim, acontecer precocemente.
Mas por que aparece?
A médica conta que existem alguns fatores de risco para o surgimento da hipertensão pulmonar, como uso de determinados remédios para emagrecer, doenças reumatológicas ou hepáticas, infecção pelo HIV, além de características genéticas. “Mas algumas pessoas desenvolvem a doença sem nenhum fator de risco associado. É o que denominamos de hipertensão arterial pulmonar idiopática”, conta a expert.
Quando a doença é flagrada, uma medida essencial é incentivar o paciente a evitar esforços capazes de culminar em tontura ou desmaio. “A intensidade que cada paciente tolera depende de cada caso e deve ser avaliada com o médico”, ensina Roberta. E, apesar de a hipertensão pulmonar ainda não ter cura, ela avisa que o tratamento com medicamentos é eficiente na redução da mortalidade e na melhora da qualidade de vida de quem convive com o problema.
Por falar em medicamentos, está no ar um abaixo assinado para que o governo passe a permitir o acesso do paciente com hipertensão pulmonar a todos os tratamentos existentes atualmente. Hoje, são disponibilizados apenas três dos 14 remédios disponíveis para controlar o avanço da doença.