Recentemente, o ator Edson Celulari, de 58 anos, contou que foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer que afeta as células do sistema imunológico. Trata-se da mesma doença que atacou, há poucos anos, o também ator Reynaldo Gianecchini. Segundo informações do Inca (Instituto Nacional de Câncer), nos últimos 25 anos o número de casos de linfoma não-Hodgkin duplicou, especialmente entre indivíduos com mais de 60 anos. As causas para esse aumento ainda são desconhecidas.
Para entender um pouco melhor o que são os linfomas, fizemos algumas perguntas para o hematologista Carlos Chiattone, coordenador do Centro de Linfomas do Hospital Samaritano de São Paulo. Confira:
O que são linfomas?
Linfomas são um grupo de cânceres das células do sistema imunológico. São mais de 60 diferentes tipos de câncer. De forma simples, podemos dizer que se dividem em linfoma de Hodgkin (LH) e linfomas não-Hodgkin (LNH).
Quais as principais diferenças entre os dois tipos?
A diferença entre o linfoma de Hodgkin e os linfomas não-Hodgkin está nas características das células malignas. Quem faz essa diferenciação é o médico patologista olhando ao microscópio.
Via de regra, o linfoma de Hodgkin (LH) tem melhor prognóstico. Os casos avançados podem ser curados em cerca de 70% das vezes. Inclusive, os LH localizados e em suas fases iniciais apresentam uma taxa de cura excepcionalmente boa, ultrapassando os 90%.
Os linfomas não-Hodgkin, embora composto por mais de 60 tipos de diferentes cânceres, podem ser separados em dois grupos básicos de comportamento clínico: os agressivos, de crescimento rápido, e os indolentes, de crescimento lento. Os primeiros, quando tratados adequadamente, têm chance de cura ao redor de 70%.
Os indolentes são considerados incuráveis, sendo que muitas vezes optamos apenas pelo acompanhamento, sem um tratamento específico. Quando o paciente começa a apresentar sintomas da doença, aí sim entramos com o tratamento. O objetivo é utilizar um que seja efetivo, mas, ao mesmo tempo, que cause poucos efeitos colaterais – dessa forma, o paciente pode ter uma longa sobrevivência com excelente qualidade de vida. Nos pacientes com linfomas indolentes que apresentam características piores, a sobrevida é ao redor dos 6 ou 7 anos. No entanto, naqueles de melhores características a sobrevida pode ser superior a 10 anos.
Já se sabe o que causa o surgimento da doença?
A causa da expressiva maioria dos linfomas é desconhecida. Alguns linfomas podem surgir em pacientes com deficiências imunológicas, como a AIDS e uso de drogas imunossupressoras. Em outras situações, podem ser decorrentes de infecções, como o vírus EBV, o vírus HTLV-1 e a bactéria Helicobacter Pylori.
Quais os sintomas?
Como as células do sistema imunológico estão espalhadas pelo organismo, os linfomas podem ter origem em qualquer lugar. Porém, é mais comum que se apresentem com o aumento de gânglios linfáticos. Normalmente essas “ínguas”, como são popularmente chamados os gânglios linfáticos aumentados, são observadas nas regiões laterais do pescoço, nas regiões acima das clavículas, nas axilas ou nas virilhas.
Quais os tratamentos usados para combater a doença?
O tratamento depende de quatro aspectos básicos:
1. O sub-tipo do linfoma.
2. Se o linfoma é mais localizado ou mais espalhado no corpo do paciente.
3. Se o linfoma é recém-diagnosticado ou é um retorno da doença após um tratamento inicial.
4. Por último, mas muito importante, as características do paciente, como: idade, estado geral e outras doenças associadas.
Esse conjunto de informações nos faz escolher a melhor opção de tratamento para cada paciente. De uma maneira geral, o tratamento inclui quimioterapia associada à imunoterapia. A radioterapia e o transplante de medula óssea são usados em casos específicos.
É possível prevenir esse problema?
Diferentemente de muitos outros cânceres, como ainda se desconhece o que faz com que uma pessoa desenvolva linfoma, não há como preveni-lo.