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Como mudou (e ainda vai mudar) nossa relação com o trabalho

Em livro, antropólogo percorre milênios de história e diversas disciplinas para analisar o que move o ser humano a trabalhar

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
14 set 2022, 11h25
foto de mulher trabalhando com post-it na testa
Mudanças na forma de trabalhar tiveram repercussões sociais... e na saúde.  (Foto: Jessica Peterson/Getty Images)
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Sobrevivência, dinheiro, propósito, problemas de saúde… Tudo isso tem a ver com trabalho — e não é de hoje. Mas a finalidade, o jeito e o tempo que passamos labutando não só se transformaram ao longo dos séculos como, na era digital e das mudanças climáticas, nos colocam desafios individuais e coletivos.

Para entender como chegamos até aqui, o antropólogo sul-africano James Suzman nos faz viajar da Idade da Pedra à dos Robôs, num percurso não linear que, entre idas e vindas, nos convida a conhecer os marcos históricos e a visão de disciplinas tão diversas como a física, a economia e a arqueologia sobre esse velho acompanhante do homem, o trabalho.

Em seu último livro, Trabalho (Vestígio – clique para comprar), Suzman apresenta os pontos de inflexão dessa jornada existencial e laboral — caso das revoluções agrícola e industrial — e como o conceito de trabalho permeia desde as leis da física e da biologia até o corolário de religiões e sistemas político-econômicos.

O autor, que realizou expedições entre povos caçadores-coletores na África, propõe uma quebra na noção de que nosso usufruto do tempo melhorou com a agricultura, a industrialização e a automação. Na realidade, os poucos grupos forrageadores que chegaram ao século 20 sem passar por esses processos têm lições a compartilhar sobre um futuro mais feliz e sustentável.

Lições e conselhos que são muito bem-vindos. Pesquisa recente encomendada ao Instituto Ipsos pela Dasa Empresas, envolvendo mais de mil trabalhadores brasileiros, indica que um em cada cinco está insatisfeito com o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e dois terços gostariam de cuidar mais da saúde.

capa do livro
(Capa: Vestígio/Divulgação)
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Trabalho
Autor: James Suzman
Tradução: Rodrigo Seabra
Editora: Vestígio
Páginas: 368

 

+ LEIA TAMBÉM: Jornalista americana documenta a geração do burnout

Marcos laborais

Fenômenos históricos que interferiram na nossa forma de trabalhar, segundo o livro:

O fogo: a manipulação das chamas e a capacidade de cozinhar a comida e deixá-la mais palatável concederam tempo e ideias para nossos antepassados se ocuparem com outras tarefas, inclusive as de cunho ritual e artístico.

A agricultura: assentar-se para cultivar plantas e animais foi um processo que ocorreu simultaneamente em alguns pontos do globo e marca a chamada revolução agrícola. O homem passou a trabalhar mais horas por dia e a criar estoques.

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A indústria: outra revolução, a industrial, começa na Inglaterra e se dissemina graças a inovações como o uso em larga escala de carvão e a máquina a vapor. Condições insalubres e trabalho infantil são uma realidade no século 19.

A urbanização: a criação da linha de montagem aumenta a produtividade e a pressão por melhorias no chão de fábrica leva a algumas conquistas para os empregados. A migração para as cidades muda o perfil e a rotina do trabalhador.

O serviço: a segunda metade do século 20 vê, primeiro nos países desenvolvidos, a transição de uma economia baseada em empregos no campo e na indústria para outra baseada em serviços (comércio, advocacia, engenharia, medicina…).

A automação: a revolução digital e a inteligência artificial mexem com a dinâmica de várias profissões e devem extinguir muitas delas. A preocupação envolve desemprego em massa num mundo em que o crescimento econômico já é insustentável.

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Quando a labuta adoece

Burnout é ícone dos tempos atuais. Mas a humanidade enfrentou outros perrengues ocupacionais:

Infecções: ao aderir à agricultura e à pecuária, o homem passa a conviver de perto com bichos e micróbios — e vira refém de surtos infecciosos.

Debilitação física: as rotinas extenuantes, por vezes de mais de 12 horas na fábrica, deixam os trabalhadores do século 19 com a saúde em frangalhos.

Intoxicação: a vida na indústria também começa a expor as pessoas a fumaça e produtos tóxicos — um problema que persiste hoje no Terceiro Mundo.

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Colapso fatal: muito além das repercussões físicas, horas extras no trabalho são ligadas a mortes em países asiáticos a partir da década de 1970 (o karoshi).

Estresse & burnout: duas palavras que fazem parte do cotidiano de funcionários e empresas. A OMS já os reconhece como questão de saúde pública.

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