Psicólogo da Universidade de São Paulo e especialista na mente de pessoas com HIV, Esdras Vasconcellos costuma dizer: “O impacto da doença não se restringe ao ataque do vírus no sistema imune. Ele atinge principalmente a estabilidade emocional”.
Daí porque cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, submeteram 83 voluntários a uma espécie de terapia que aborda os desafios impostos pela infecção — outros 46 pacientes tiveram um atendimento-padrão. Ao final de quatro meses, percebeu-se que o primeiro grupo apresentou menores taxas de depressão e de abandono das medicações.
“Um profissional remove a aversão aos remédios, que remete inclusive ao preconceito que circunda esse mal”, explica Vasconcellos. “Vale lembrar que as medicações de hoje garantem longevidade e qualidade de vida”, arremata.
Foco no dia a dia com HIV
No estudo americano, a psicoterapia veio acompanhada de uma técnica chamada Life-Steps. Ela consiste em entender o cotidiano do sujeito para motivá-lo a enfrentar seu problema e, dentro do possível, ajustar o tratamento à sua rotina. Embora recente, o método parece promissor.
Depressão fomenta a aids
A depressão baixa nossas defesas naturais contra vírus e micro-organismos nocivos. “Em indivíduos com HIV, o quadro pode abrir brecha para a progressão da aids ou para o surgimento de infecções oportunistas”, ensina Vasconcellos. Fora que culmina em menor adesão ao coquetel.