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Qual a relação entre o hormônio do crescimento e a ansiedade?

Estudos tentam explicar como um menor nível de GH pode estar associado a transtornos como ansiedade e depressão, muito além dos déficits de crescimento

Por Maurício Brum
9 dez 2024, 16h30
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Brasil é líder no mundo em prevalência de transtornos de ansiedade (Foto: Freepik/Divulgação)
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O envolvimento do hormônio do crescimento em transtornos psiquiátricos vem sendo alvo de cada vez mais estudos ao redor do mundo. Também conhecido pela sigla em inglês GH, o hormônio é importante para a formação de tecidos do corpo – mas, hoje, também se sabe que disfunções no GH estão associadas à regulação da ansiedade.

Os mecanismos pelos quais isso opera, no entanto, ainda são debatidos. Um estudo publicado por pesquisadores da USP no final do ano passado lançou nova luz sobre a questão. Realizando testes em camundongos, os cientistas foram capazes de identificar um grupo de neurônios associado aos efeitos ansiolíticos do GH.

A pesquisa ainda é um primeiro passo, mas a expectativa é que uma melhor compreensão sobre as ações do GH na saúde neurológica possa, no futuro, levar ao desenvolvimento de novos fármacos para tratar esses distúrbios.

Como o estudo foi feito

Utilizando camundongos, os pesquisadores retiraram os receptores de GH de um grupo específico de neurônios. No caso, isso foi feito em células que expressam a somatostatina, um peptídeo que atua como regulador hormonal. Foram os resultados obtidos na sequência que permitiram decifrar um pouco mais a forma como o GH pode operar na saúde mental.

Sem esse receptor, os animais passaram a exibir um comportamento semelhante à ansiedade. De forma curiosa, apenas os machos tiveram essa resposta – os pesquisadores apontam que mais estudos são necessários para entender essa peculiaridade. Mas tanto machos quanto fêmeas apresentaram outra alteração significativa sem o receptor: também demonstraram uma redução na “memória do medo”, associada ao transtorno de estresse pós-traumático.

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Para avaliar isso, os animais foram submetidos a experimentos clássicos que buscam emular essas sensações – por exemplo, usando labirintos e caixas do tipo claro-escuro (exatamente como o nome sugere, há uma parte iluminada e outra sem luz). Esses modelos ajudam a avaliar quão dispostos os camundongos estão a explorar o ambiente ao redor e se expor a riscos.

+Leia também: Ansiedade: por que sofrer com o futuro?

O que os achados significam

A descoberta ajuda a colocar uma peça a mais no quebra-cabeças de como o hormônio do crescimento efetivamente pode influenciar na saúde mental. O GH é fundamental para o crescimento do corpo humano – sua deficiência, por exemplo, leva ao nanismo – e alguns estudos já vinham demonstrando uma maior prevalência de quadros de depressão e ansiedade em pessoas com níveis insuficientes do hormônio.

Determinar o impacto isolado do GH, porém, sempre foi um desafio. Isso porque a relação de causalidade nem sempre ficava clara – a maior propensão a distúrbios neuropsiquiátricos poderia ter conexão com fatores sociais e ambientais, como problemas de imagem e autoestima associados à baixa estatura.

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O estudo abre uma nova janela para os mecanismos fisiológicos do impacto do GH em quadros de ansiedade e outros transtornos do tipo – e até definir tratamentos inovadores –, embora ainda sejam necessárias mais pesquisas para descrever como isso opera em seres humanos.

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