Dinheiro afeta saúde mental de 84% dos brasileiros, diz Serasa
Duas a cada três pessoas tentam esconder as dificuldades e metade delas deixou de procurar tratamento por não ter como pagar
Ansiedade, estresse, insônia, depressão… esses são os principais problemas de saúde mental associados à angústia de carregar uma dívida e ter o nome sujo na praça.
Quem diz isso é o Serasa, principal empresa de análise de crédito do Brasil, que realizou uma pesquisa com 1.240 brasileiros a respeito de como dificuldades financeiras afetam a nossa moral.
Segundo o levantamento, 84% das pessoas já tiveram a saúde mental comprometida por causa da falta de dinheiro. Além disso, sete em cada 10 cidadãos admitiram que já perderam o sono por esse tipo de problema também.
E a maioria passa por todo esse sufoco em silêncio: 65% declaram que tentam esconder as dificuldades dos outros.
Mas há caminhos para sanar essas inquietações. “A educação financeira é uma ferramenta poderosa para reduzir o impacto negativo na saúde mental, já que proporciona clareza e organização ao consumidor”, recomenda Patrícia Camillo, especialista da Serasa no assunto.
“A partir do conhecimento sobre as finanças pessoais, é possível planejar gastos, definir prioridades e estabelecer metas, diminuindo também a sensação de descontrole que costuma alimentar a ansiedade e comportamentos impulsivos”, garante a profissional.
As repostas foram coletadas entre 8 e 19 de agosto, em levantamento realizado pelo Serasa e pela Opinion Box, empresa especializada em pesquisa de mercado.
A ação fez parte da preparação do Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio e de promoção da saúde mental.
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O que o bolso não vê, o coração sente
A ansiedade é o transtorno mais relatado pelos brasileiros que enfrentam ou enfrentaram problemas financeiros, sendo apontada por 49% da amostra. Em seguida, aparecem o estresse (39%), a insônia (32%), a depressão (22%), a sensação de mal-estar (11%) e os transtornos alimentares (10%).
Os participantes também relataram mudanças de humor e instabilidade emocional (48%), problemas de autoestima (44%), falta de energia e disposição (32%) e de concentração no trabalho e nos estudos (30%).
Ficar no vermelho também prejudica a vida social: três a cada dez pessoas se isolam de amigos e familiares. Outros dados mostram que 41% evitam conversas sobre o tema e 45% sentem culpa ao pedir dinheiro emprestado.
Ciclo vicioso
Além disso, cabe pontuar que os problemas de saúde mental não são apenas consequência do descontrole financeiro, como também podem estar por trás dele.
“Quando as dívidas se tornam tanto causa, quanto consequência de desgastes emocionais, como ansiedade e estresse, cria-se um ciclo difícil de romper, em que parece que não há saída”, descreve Camillo.
Nesses casos, especialmente, é preciso procurar ajuda profissional — psicológica e financeira, no particular ou em centros de atendimento gratuito, como em centros de atenção psicossocial (Caps) e faculdades públicas que costumam oferecer orientações esse suporte.
“Além disso, uma rede de apoio faz muita diferença nessas horas, pois ajuda a diminuir essa sensação de vergonha e isolamento, criando um ambiente mais favorável a mudanças”, afirma a especialista em educação financeira do Serasa.
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Diante do aperto para pagar as contas, fica difícil também procurar ajuda profissional para apaziguar os ânimos. Segundo o estudo do Serasa, praticamente metade (49%) dos brasileiros deixaram de fazer terapia e outras consultas por falta de dinheiro.
Mesmo assim, 95% reconhecem que cuidar da saúde mental é tão ou mais importante do que cuidar da saúde física.







