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Viagem terapia: as vantagens de sair de casa

A lazer ou a trabalho, para perto ou longe, curta ou longa: visitar outros lugares e conhecer novas culturas faz um bem danado para o corpo e a mente

Por André Bernardo (texto) | Laura Luduvig (design) | Daniel Almeida (ilustração)
19 dez 2023, 10h01
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  • Fábio Porchat costuma dizer que trabalha para viajar. Três vezes ao ano, ele sai de férias. A mais recente, em novembro, foi para a Áustria. Em dezembro, seu destino é o Everest.

    “Quando viajo, me desconecto do meu mundo e descubro que a vida é maior que os meus problemas”, diz o apresentador e humorista, que já conheceu 63 países.

    Parceira de Porchat no canal Porta Afora, Rosana Hermann gosta tanto de viajar que, todo ano, em seu aniversário, ela se dá de presente uma viagem.

    No dia 26 de julho, desbravou a Grécia. “Um roteiro de viagem é como uma ópera em três atos. Tudo de ruim acontece no primeiro e no terceiro atos, no antes e no depois, enquanto o prazer está no segundo ato, isto é, no durante”, compara a jornalista.

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    Se Porchat transforma suas histórias de viagem em stand-up comedy e Rosana, em programas de TV, Martha Medeiros transforma as suas em crônicas.

    Já lançou três volumes de Um Lugar na Janela (L&PM). Todo ano, a escritora faz pelo menos duas viagens: uma, de carro, para Punta del Este, no Uruguai, e outra, de avião, para a Europa, onde mora uma de suas filhas.

    “O lado bom de viajar é tirar férias da rotina”, afirma a autora, que já esteve em 30 nações. “Gosto de acordar e não saber como será aquele dia novinho em folha.”

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    Que viajar costuma ser uma delícia, não importa se a trabalho ou a lazer, para o estado vizinho ou para o outro lado do mundo, por poucos dias ou sem hora para voltar, todo mundo sabe.

    Agora, o que nem sempre desconfiam é que fazer as malas e pegar um voo ou estrada pode fazer bem à saúde.

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    Quem assina embaixo não são só “turistas profissionais”, como Fábio, Rosana e Martha, mas também cientistas como Paulo Anciaes, da University College London, na Inglaterra, e Jun Wen, da Universidade Edith Cowan, na Austrália.

    Então, vamos por partes. Ou melhor, por escalas.

    Primeira parada: Reino Unido. Anciaes realizou um estudo, publicado na revista técnica Transport & Health, em que entrevistou 3 mil britânicos e chegou à conclusão de que, se viajar é bom, matar a saudade de amigos e familiares que você não vê há tempos e moram longe é melhor ainda.

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    “Você não precisa cruzar o Atlântico para desfrutar dos efeitos terapêuticos de uma viagem. Basta ir aonde quiser e sentir-se bem quando chegar lá”, observa.

    “Só aconselho não se estressar se, por acaso, pegar engarrafamento ou perder a conexão do voo. Imprevistos acontecem.”

    Próxima parada: Oceania. Foi lá que Jun Wen constatou, após se debruçar sobre evidências, que, mais do que uma recreação, viajar pode funcionar como intervenção terapêutica para certas doenças.

    Isso mesmo! Dar a volta ao mundo (ou por outra cidade) é indicado não só a quem está saudável como a quem está mais vulnerável ou quer se recuperar — e tem condições de se deslocar.

    “Viajar proporciona novas experiências cognitivas e sensoriais a pacientes que sofrem de demência”, exemplifica Wen.

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    Não sabe aonde ir? Veja dicas! (Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital)

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    “Mas é preciso avaliar caso a caso. Dependendo do estágio da doença, o turismo de realidade virtual é uma opção”, continua, fazendo referência a viagens através de óculos especiais que não exigem sair do lugar.

    Sim, hoje já se fala em um ramo chamado “turismo de bem-estar”, algo que virou até tema de livro com Travel Therapy – Around the World in Search of Happiness (“Terapia de Viagem – Ao Redor do Mundo em Busca da Felicidade”), inédito no Brasil.

    Seu autor, o empresário Stuart Katz, aborda as muitas viagens que fez a mais de 100 países e relata os incontáveis benefícios que tanto carimbo em passaporte trouxe à sua saúde.

    Por experiência própria, afirma que, mais do que relaxar ou divertir, viajar pode ser transformador.

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    “Toda vez que volto de viagem, sinto meu espírito rejuvenescido e minhas feridas, visíveis ou invisíveis, curadas”, garante.

    “Foi-se o tempo em que viajar era fugir da realidade. Hoje em dia, adquiriu um novo sentido: descobrir a si mesmo. A jornada exterior impulsiona a interior.”

    Entre seus destinos favoritos, Katz cita ao menos três: a Bolívia, na América do Sul, que descreve como “uma expedição ao passado”; o Sri Lanka, na Ásia, “um santuário terapêutico”; e as Ilhas Fiji, na Oceania, “uma visão do paraíso”.

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    E você, caro leitor, gosta de viajar? E por quê? O site Booking.com fez essa pergunta a 47,7 mil pessoas de 28 países — 2 mil delas no Brasil.

    A resposta de 88% dos brasileiros foi: “Para descansar a cabeça”.

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    Há outros achados interessantes na pesquisa: quando viajam, 39% dos entrevistados buscam encontrar a paz em retiros religiosos, 44% estão à procura de atividades de mindfulness e 58% dão preferência ao turismo do sono — outro segmento em alta, voltado a quem quer… dormir bem.

    Fora isso, 83% acreditam que viajar é tão relaxante quanto praticar ioga e meditação.

    “O brasileiro se sente mais vivo quando viaja. Em um ranking mundial, está em segundo lugar, atrás dos tailandeses e empatado com os chineses”, afirma Nelson Benavides, gerente regional da plataforma Booking.com no país.

    “Oito em cada dez pessoas querem que seu cotidiano seja tão prazeroso e revigorante quanto as férias. Sonham em trazer para casa a sensação de bem-estar que desfrutam quando estão viajando.”

    Se você é daqueles que acham que o sonho de viajar não cabe no bolso, prepare-se para mudar de ideia.

    Conselhos não faltam para desengavetar aquele plano de conhecer os parques da Disney, nos Estados Unidos, ou de visitar a Torre Eiffel, na França.

    Que tal reservar voos e hotéis com antecedência, aproveitar promoções e checar opções com descontos, utilizar programas de fidelidade e fugir da alta temporada?

    Em resumo, dá para se planejar. E, quanto antes, melhor.

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    Dá para viajar mesmo com pouca grana! Veja dicas (Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital)

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    A atriz Luana Xavier conta que, desde adolescente, economizava o dinheiro da mesada para viajar. Passar férias na casa da madrinha, num bairro distante do dela, já era um programão.

    “Viajar é tão bom que deveria ser prescrito em receita médica”, brinca a apresentadora do programa Viagem a Qualquer Custo, do GNT.

    “Todo passeio nos torna pessoas melhores. Ao conhecer novas culturas, aprendemos a respeitar as diferenças.”

    Mas, para a viagem dos sonhos não se transformar em pesadelo, Ana Paula Tomaz, gerente-executiva da CVC, lista alguns cuidados básicos, como conferir a validade do passaporte, certificar-se da necessidade de vistos e tirar cópias de documentos importantes.

    “O seguro-viagem é essencial para cobrir emergências médicas”, avisa.

    E, por falar nisso, tão aconselhável quanto conversar com um agente de viagens é se informar sobre medidas preventivas a tomar antes ou depois de embarcar.

    Existe inclusive uma especialidade na medicina focada nisso, a medicina do viajante.

    De acordo com a infectologista Karina Takesaki Miyaji, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a ideia é orientar quem vai mudar de ares a evitar doenças, sobretudo as infecciosas, e acidentes, o que inclui contaminação ou picadas de insetos e animais peçonhentos — rol que engloba abelhas, aranhas, escorpiões e serpentes. E também saber o que fazer caso ocorra um episódio desses.

    “O pior inimigo do viajante é a diarreia”, afirma a médica. “Pode ter várias causas: de vírus e bactérias a mudanças na alimentação.”

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    Porchat sabe bem do que Karina está falando. Ele passou por um perrengue daqueles quando viajou, sozinho, para Lalibela, na Etiópia. Na última noite da viagem, a comida não caiu bem e ele sofreu uma “intoxicação alimentar violenta”.

    Para piorar, não havia hospital na cidade, telefone na recepção ou funcionário no hotel. “A dica de ouro é beber água sempre na garrafinha lacrada”, recomenda o humorista.

    Para escapar dos sustos, vale até agendar consulta com um especialista uns 30 dias antes da viagem para conferir a caderneta de vacinação, administrar as vacinas indicadas para o local da viagem e, eventualmente, comprar alguns medicamentos a serem incluídos na bagagem.

    Não é brincadeira! No livro O Médico Doente (Companhia das Letras, clique para comprar), Drauzio Varella lembra a ocasião em que viajou a trabalho para a Floresta Amazônica, em 2004, sem tomar o reforço da vacina contra a febre amarela.

    Conclusão: pegou a doença transmitida por mosquitos e quase morreu.

    “Tive calafrio, febre alta e dor nas costas”, relata.

    “Na fase a que eu cheguei, a mortalidade vai a 80%. Tive a sorte de estar entre os 20%, talvez protegido pela primeira dose da vacina que tomei quando tinha 23 anos.”

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    As principais capitais do país costumam ter ambulatórios dedicados à saúde dos viajantes, centros aptos a esclarecer dúvidas e angústias quanto ao paradeiro.

    A atenção com a saúde deve continuar durante o roteiro.

    “A principal causa de morte entre viajantes são os acidentes, principalmente os de trânsito, seguidos de doenças cardiovasculares, já presentes antes da viagem”, conta a infectologista Káris Maria de Pinho Rodrigues, coordenadora do Centro de Informação em Saúde para Viajantes (Cives) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

    “Pesquise sobre o destino escolhido, verifique como está sua saúde e, se possível, tente se desligar de celulares e mídias sociais no percurso”, reforça a professora.

    Segundo estimativas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, o percentual de viajantes que sofrem algum piripaque em países de média ou baixa renda pode chegar a impressionantes 80%.

    Por que isso acontece? “Porque eles correm riscos desnecessários, se expondo a situações que dificilmente experimentariam em seu lugar de origem”, responde a infectologista Amanda Nazareth Lara, do Ambulatório de Medicina de Viagem da USP.

    Exemplos: tirar uma selfie num local perigoso, fazer uso excessivo de bebida alcoólica ou praticar sexo casual sem camisinha.

    “O ideal é ter sempre uma postura sensata”, reforça a médica. “Se o destino for praia, use protetor solar e beba bastante água. Se for montanha, faça trilhas seguras. Se for cidade, evite andar sozinho por ruas desertas.”

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    Alguns cuidados, na verdade, devem ser tomados antes de chegar ao aeroporto ou à rodoviária.

    Já ouviu falar em síndrome da classe econômica e de jet lag?

    O primeiro caso remete ao maior risco de trombose nas pernas durante viagens longas — no avião ou mesmo no ônibus.

    A má circulação provoca a formação de um coágulo que percorre o sistema circulatório, podendo chegar ao pulmão.

    Lá, desata uma embolia potenciamente fatal. São 200 mil novos casos por ano só no Brasil.

    “Para evitar o pior, o passageiro deve movimentar as pernas, exercitar os músculos da panturrilha e, sempre que possível, realizar pequenas caminhadas durante o trajeto”, orienta o médico Mateus Borges, diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).

    “Outras recomendações são beber bastante água e evitar álcool e sedativos. Meias de compressão também podem ser úteis porque reduzem a sensação de peso e inchaço nas pernas.”

    Sobre o segundo caso, o jet lag, não é toda viagem de avião que resulta nesse distúrbio do sono ligado à mudança no fuso horário.

    O descompasso costuma ocorrer em percursos prolongados, caso da rota São Paulo-Tel Aviv, em Israel, que pode chegar a 15 horas e 35 minutos de duração!

    Embora os sintomas variem de pessoa para pessoa, os mais comuns incluem cansaço, sonolência, dor de cabeça, dificuldade de concentração e alterações no humor.

    Para amenizar os estragos, os experts recomendam: ao embarcar, altere seu relógio para a hora do local de destino e, assim que chegar lá, procure se adaptar ao novo fuso.

    “O ideal é, antes da viagem, tentar se habituar ao horário do destino. Mas, se isso não for possível, procure, já durante a viagem, seguir a rotina de se alimentar e de dormir no horário local”, orienta Karina.

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    Se há uma coisa que não combina com o espírito aventureiro nesse mundo tão globalizado é medo de avião.

    O poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto era um dos que detestavam voar. Mas, por força de sua carreira diplomática, que durou de 1945 a 1990, vivia em aeroportos.

    Morou em 14 cidades: de Quito, no Equador, a Dacar, no Senegal. Quando precisava embarcar, tomava algumas resoluções, como viajar sempre sozinho — ele ia na frente; depois seguia a família — e beber uma dose de uísque para relaxar (ideia desaconselhada pelos médicos).

    Dizia que aprendeu o truque com o também poeta e diplomata Vinícius de Moraes. “O avião é mais pesado que o ar, tem motor a explosão e foi inventado por brasileiro. E você ainda quer que eu entre nele?”, costumava argumentar o eterno parceiro de Tom Jobim.

    Brincadeiras à parte, avião é o meio de transporte mais seguro que existe. Palavra do escritor Ivan Sant’Anna, autor dos livros Caixa-Preta e Voo Cego, que os dados corroboram.

    “Você corre mais riscos andando de carro por São Paulo do que de avião”, afirma ele.

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    A psicóloga Solange Signori Iamin concorda em gênero, número e grau. Ela é autora de Eu Voo sem Medo (Appris), que se propõe a ensinar como perder a fobia de estar entre as nuvens.

    “A pergunta que eu mais ouço é ‘Turbulência derruba avião?’ E a resposta que mais dou é ‘Não!’”, diz.

    “Turbulência pode, na pior das hipóteses, abrir os compartimentos de carga e derrubar malas e mochilas, mas, em hipótese alguma, consegue derrubar a aeronave. Você pode até sentir algum desconforto, como náusea, tontura e vômito, mas, se estiver com o cinto afivelado, a chance de se machucar é mínima.”

    Colocando as tensões de lado, viajar tende a ser uma experiência enriquecedora do ponto de vista psíquico, físico e cultural.

    E não é à toa que o turismo de bem-estar faz parte de uma indústria altamente lucrativa.

    Segundo dados do Global Wellness Institute, o setor movimentou, em 2022, ao redor de 27 trilhões de reais.

    Há uma década, esse faturamento não chegava a 17 trilhões, e, para 2027, a expectativa é embolsar mais de 41 trilhões — cerca de duas vezes o PIB da Alemanha, a maior economia da União Europeia.

    Só o turismo de bem-estar gera mais de 3,1 trilhões de reais nessa história. É muita grana!

    “O turismo é dividido em segmentos. Tem o gastronômico, o cultural, o ecológico… O de bem-estar é justamente esse voltado a vivências pautadas pelos benefícios à saúde”, explica Vitor de Pieri, especialista em geografia aplicada ao turismo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

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    Destinos que fazem bem à saúde! (Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital)

    Mas atenção: você não precisa escalar o Everest, o pico mais alto do globo, nem mergulhar nas Fossas Marianas, o ponto mais profundo, para sentir os efeitos terapêuticos de uma viagem.

    Quiçá precisa se deitar ao sol em um spa no Caribe ou repousar em um retiro nos Alpes suíços. Não precisa nem sequer sair do Brasil.

    “Somos o único território com seis biomas diferentes: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal”, exalta Fabiana Oliveira, coordenadora de Desenvolvimento e Apoio à Comercialização de Produtos e Experiências do Ministério do Turismo (MTur).

    “O Brasil dá ao turista a possibilidade de praticar atividades que não implicam custos elevados. E a trilha é um bom exemplo disso.”

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    Se está na dúvida sobre por onde começar, Michelle Andreazza dá uma mãozinha. Ela é a idealizadora do portal Amo Estar Bem.

    Nele, o viajante encontra os mais variados estilos de hospedagem, para todos os bolsos: de pousada a resort, de camping a fazenda, de hostel a retiro.

    “Um dos benefícios de viajar é adotar hábitos saudáveis em sua rotina diária. Pode ser uma alimentação vegana, uma meditação antes de dormir ou uma pausa de um minuto, para respirar profundamente e em silêncio, entre uma reunião e outra”, ilustra Michelle.

    Pois é, para não voltar das férias mais cansado do que quando viajou, a psicóloga Elaine Santos, do Instituto Desacelera, vai direto ao ponto: pratique o slow travel — ou, em bom português, “viaje devagar”.

    Nada de incluir dezenas de pontos turísticos em poucos dias de viagem. Caso contrário, seu passeio vai parecer uma gincana, daquelas em que é necessário cumprir o maior número de desafios no menor tempo possível.

    O primeiro passo, ao organizar sua viagem, é privilegiar lugares calmos, de preferência em contato com a natureza, e fugir de destinos muito badalados e concorridos.

    “Ao fazer sua bagagem, opte por roupas leves e pegue só o necessário. Durante a viagem, viva mais o mundo real e menos o virtual. Reserve alguns minutos para ficar totalmente off-line”, ressalta Elaine.

    Como diria o compositor Zeca Baleiro: “Viva primeiro, poste depois”.

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    Enquanto o tão aguardado dia do embarque não chega, que tal praticar turismo de bem-estar sem sair de sua cidade?

    Pode ser em alguma área verde, como o Jardim Botânico, no Rio, ou o Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

    Para a empresária Jackie de Botton, diretora criativa da The School of Life Brasil, fundada por seu primo, o filósofo suíço Alain de Botton, a caminhada está para a viagem como a árvore bonsai está para a floresta.

    “A necessidade de passear começa no mesmo lugar que a vontade de viajar: o desejo de reiniciar a mente. Então, qualquer escapada vale: do parque próximo de casa à viagem dos sonhos para o Japão”, provoca.

    Coincidência ou não, veio de lá, da terra do sol nascente, a terapia shinrin-yoku, ou “banho de floresta”, que consiste em caminhar, contemplar e respirar o ar puro de praças, bosques ou jardins.

    Entre outros benefícios, já comprovados pela ciência, estão o equilíbrio dos batimentos cardíacos, o fortalecimento da imunidade e a melhora da qualidade do sono.

    “Bastam 90 minutos para você sentir os efeitos por até uma semana”, promete o psicólogo Marco Aurélio Bilibio Carvalho, diretor do Instituto Brasileiro de Ecopsicologia (IBE).

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    O Brasil tem hoje 60 guias de banhos de floresta em quatro estados: Rio, São Paulo, Goiás e Santa Catarina.

    Se você gosta de desbravar o mundo — perto ou longe de casa —, não perca tempo.

    “Ainda há tantos lugares que queria conhecer, como Patagônia e Indonésia, e outros tantos aos quais queria voltar, como Grécia e México”, suspira Martha Medeiros.

    “Só de falar já dá vontade de tirar a mala do armário.” Ora, pensando bem, “Boa viagem!” também é uma forma de dizer “Saúde!”

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