Crescer com animais de estimação traz benefícios à saúde?
Conviver com pets pode melhorar o bem-estar e tornar a rotina de crianças e jovens mais saudável – mas é preciso cautela antes de adotar um bichinho

Com crianças em casa, os pedidos para ter um animal de estimação são bastante comuns. E com as devidas ressalvas, a ciência parece estar do lado dessa demanda dos pequenos: há indícios de que ter um pet pode melhorar indicativos de saúde de crianças e adultos.
Os benefícios inclusive podem começar já ao adotar um pet durante a gravidez. Mas é preciso cautela ao tomar a decisão de incluir um amigo de quatro patas na família: é essencial ter em conta a capacidade de cuidar do animal e considerar questões de saúde pré-existentes dos pequenos.
Confira algumas vantagens que podem vir com um pet na rotina.
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Mais tempo lá fora
Ter um cachorro pode incentivar as crianças a alcançar os níveis ideais de atividade física diária – é o que demonstrou um estudo australiano. Foram avaliadas 600 crianças em idade escolar, entre diferentes configurações familiares: aquelas que já tinham cães; as que não tinham nenhum pet; aquelas que adotaram um cachorro durante o estudo, e as que tinham um cão que veio a falecer durante a pesquisa.
A presença do animal em casa aumenta o tempo que as crianças passam se exercitando. Os impactos foram especialmente significativos para meninas.
Quase 1 hora adicional de atividades físicas faz parte da rotina de meninas cujas famílias têm um cachorro ou que adotaram um cãozinho, em comparação àquelas que não tem um pet. Perder o bichinho, em contrapartida, reduziu o tempo gasto em exercícios físicos.
Praticar exercícios físicos, seja caminhando com o dog ou brincando, também ajuda a manter os pequenos longe das telas – ou seja, os benefícios se acumulam.
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Cuidado com a natureza
Além de incentivar os pequenos a se exercitarem mais, a interação diária com os bichos de estimação promove entre as crianças um maior senso de empatia em relação à natureza.
Mesmo crianças com pouco acesso a espaços naturais desenvolveram índices melhores de proximidade com o meio ambiente ao ter um animal em casa.
Autoestima e companheirismo
Uma pesquisa de revisão encontrou associações entre ter um pet e marcadores de saúde emocional. Um dos destaques é relacionado à autoestima: há evidências de que, quanto maior o apego ao animal, melhores os níveis de autoestima e autoconfiança, especialmente na pré-adolescência e adolescência.
Para esse mesmo grupo, ter um pet foi indicativo de menores índices de solidão – que é um fator de risco para depressão e ansiedade.
Cuidar de um bichinho pode cultivar a percepção de responsabilidade e importância, o que faz crianças e jovens se sentirem bem consigo mesmos.
Inteligência verbal
Outro levantamento científico encontrou dados que apontam maior inteligência verbal entre crianças com pets na família.
Aos dois anos, a pesquisa indicou que os pequenos tinham melhor comunicação não verbal do que aqueles que vivem sem os companheirinhos. O comportamento pró-social também é reforçado no grupo que convive com pets.
Já aos cinco anos, os resultados mostram melhores taxas de desenvolvimento de linguagem entre meninos e meninas que têm aliados animais.
Prevenção de asma e alergias alimentares
Estudos robustos já evidenciaram que a exposição a um cachorro no primeiro ano de vida da criança diminui em 13% a chance de que ela desenvolva asma durante a infância.
Agora, pesquisas mais recentes relatam que a convivência com os animais também ajuda a reduzir a probabilidade de ter alergias alimentares.
A exposição a cães e gatos durante o desenvolvimento fetal – ou seja, durante a gravidez da mãe – e ao longo da primeira infância diminuiu a incidência de alergias alimentares até os três anos de idade.
Cuidados: cautela ao adotar um bichinho
Embora diversos estudos se debrucem sobre as vantagens que ter um pet pode trazer, tanto para crianças quanto para adultos, adotar um animal não é garantia de uma saúde física ou emocional melhor.
É preciso avaliar as condições de cada família de cuidar adequadamente do animal, incluindo na conta o acompanhamento veterinário e outras necessidades, como passeios diários no caso de cães.
A saúde da criança também precisa ser considerada: adotar um animal não vai trazer benefícios para uma criança que já tem alergias, por exemplo – na realidade, é possível que a doença piore.
Os próprios estudos ressaltam que ainda há limitações ao afirmar os benefícios da convivência com animais: é preciso adaptar os resultados de acordo com diferentes realidades socioeconômicas e desenvolver pesquisas mais aprofundadas para descobrir os impactos de diferentes espécies de animais à saúde.