Dietas ideais para emagrecer, blindar o coração e evitar diabetes
Além de eleger o cardápio ideal para cada um dos objetivos acima, os cientistas ainda escolheram o menu campeão dos campeões. Conheça tudo isso
Dietas, a gente sabe, existem a granel. Se a promessa for uns quilos a menos, então, qualquer um fica perdido na hora de escolher. Por isso, separar o que funciona do puro modismo deveria ser tarefa para estudiosos. Pois foi essa a ideia que motivou a criação do ranking Best Diets (apertando a tecla sap: Melhores Dietas), que está em sua sexta edição e é publicado pela editora americana U.S. News & World Report.
A cada ano, profissionais de entidades respeitadas como as universidades Harvard, Yale e Johns Hopkins, todas nos Estados Unidos, são convidados a avaliar uma lista de programas alimentares já estabelecidos e atribuir pontos em quesitos como segurança, facilidade de seguir e eficácia na prevenção ou controle de doenças. Tudo com base na produção científica recente.
Da análise desse júri saem, então, os campeões: a dieta ideal para emagrecer, blindar o coração, domar o diabete… e a grande vencedora na classificação geral. A DASH, sigla em inglês de Medidas Dietéticas para Controlar a Hipertensão, acaba de levar o hexacampeonato como a melhor de todas entre as 38 dietas no páreo.
Leia mais: Dieta mediterrânea retarda o envelhecimento do cérebro
Você vai conferir agora as demais eleitas. Antes de ir em frente, porém, cabem algumas ponderações. “O ranking reflete a opinião de especialistas. Não é, por si só, um estudo científico”, pondera a endocrinologista Daniele Zannelli, do Hospital Vita, em Curitiba.
O endócrino Bruno Halpern, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, fala diretamente a quem anda acima do peso: “Para um emagrecimento saudável, não existe nenhuma dieta que seja claramente melhor que outra”. E a nutricionista Vanessa Poli, do Grupo de Estudos da Obesidade da Universidade Federal de São Paulo, ainda reflete: “Devemos sempre levar em conta o estilo de vida como um todo, e não a alimentação isolada. O que é bom para um pode não ser para o outro”. Com as ressalvas dadas (e devidamente respeitadas), podemos, enfim, conhecer e degustar os resultados.
1. Para perder peso:
VIGILANTES DO PESO
A dieta desse grupo acaba de ser eleita a melhor opção para driblar o efeito sanfona e conservar o novo peso em longo prazo. Com uma história de mais de cinco décadas, o método foi criado pela americana Jean Nidetch, que eliminou 31 quilos seguindo seus próprios preceitos. Jean morreu no ano passado, aos 91 anos, sem nunca ter voltado a pesar mais de 68 quilos, ideais para seu 1, 70 metro.
O programa se baseia em um esquema de pontos atribuídos de acordo com a quantidade de proteínas, carboidratos, gorduras e fibras de cada alimento. É permitido comer de tudo – até brigadeiro! Mas, como há uma cota de pontos diários a gastar, a recomendação é dar preferência a frutas (menos calóricas e, portanto, com menor, ou nenhuma, pontuação). “Gosto da ideia dos pontos porque é uma maneira de você aprender sobre o que está comendo”, analisa Halpern.
Leia mais: Magnésio na dieta afasta doenças cardíacas, AVC e diabetes
As vantagens práticas dessa estratégia foram apontadas em um estudo da Universidade Johns Hopkins, que comparou 11 métodos comerciais de emagrecimento e concluiu que os seguidores do Vigilantes do Peso tiveram os melhores resultados – perderam, em média, cerca de 3% do peso ao longo de um ano. Embora seja flexível, o programa tem uma lógica que visa coibir abusos. “Quem consumir alimentos calóricos e de baixo valor nutritivo vai gastar os pontos e ainda sentir fome”, avisa Daniele.
O que comer mais – Frutas, legumes, verduras, grãos integrais, proteínas de carnes magras, leite e seus derivados desnatados.
O que evitar (OU reduzir) – Doces, salgados de lanchonete, salgadinhos de pacote, pizza, biscoitos, bolos, refrigerantes e sucos industrializados.
2. Para emagrecer rapidamente
DIETA HMR
Uma das campeãs para perder peso rápido (isto é, em até um ano) foi desenvolvida por uma empresa americana e ainda não chegou por aqui. Funciona assim: o indivíduo escolhe entre três planos alimentares, com menus que vão de 500 a 1 400 calorias por dia e incluem refeições prontas e shakes para serem consumidos no lugar do café da manhã ou jantar. Tudo entregue em domicílio. Quem segue o cardápio mais restritivo é obrigado a fazer acompanhamento médico e não pode comer fora. Tentar fazer por conta é arriscado, devido a carências nutricionais.
O que comer mais – Frutas, legumes, verduras. O programa contempla shakes e, nas refeições prontas, inclui carnes magras e alimentos integrais.
O que evitar (ou reduzir) – Qualquer refeição fora do programa. Mesmo quem segue a versão mais flexível, quando vai comer fora deve limitar-se a saladas.
DIETA DO GRANDE PERDEDOR
Empatada com a HMR na categoria “perder peso rápido”, a dieta do reality show de origem americana (mas que já teve versão nacional) não risca nada do cardápio. É relativamente balanceada, com 45% das calorias vindas de carboidratos, 30% de proteínas e 25% de gorduras. A eficácia dessa fórmula para enxugar medidas a jato até já foi testada em alguns (pequenos) estudos. Um deles, feito com 14 obesos mórbidos (índice de massa corporal maior que 40), evidenciou uma perda de 39% em relação ao peso inicial depois de sete meses de restrição moderada de calorias combinada com exercícios intensos.
Leia mais: Por que a dieta paleolítica também não vai funcionar
Pois é, para dar resultado, também tem de malhar pesado. No programa de TV, são pelo menos quatro horas por dia, com personal trainers. “O problema dessa dieta é que só foi estudada em pessoas muito obesas, que perdem peso mais rápido mesmo”, ressalva Halpern.
O que comer mais – Frutas, verduras e legumes, além de carnes magras, peixes e alimentos integrais (massas incluídas).
O que evitar (ou reduzir) – Carne vermelha e doces (extras, como a sobremesa, não podem passar de 200 calorias diárias).
3. Controlar o diabetes
DIETA DA FERTILIDADE
Fertilidade? Antes de você matutar o que o sonho de ser mãe tem a ver com o diabetes, a gente explica: esse plano alimentar foi criado por pesquisadores de Harvard com base nas descobertas de um grande estudo feito com 238 mil enfermeiras entre 30 e 55 anos. Avaliando os hábitos das voluntárias, eles perceberam uma associação entre o consumo de certos alimentos e melhores taxas de ovulação – e, portanto, nas chances de gravidez.
Leia mais: Fracionar a dieta vale a pena?
Mas que raios essa dieta tem a ver com o controle do diabetes? “Ela é rica em fibras, que retardam a liberação da glicose no sangue”, explica a nutricionista Débora Rosa, coautora do livro A Dieta da Fertilidade (Ed. Metha). Com isso, tende a melhorar a glicemia e afastar complicações da doença.
O que comer mais – Grãos integrais, castanhas, vegetais, leite ou iogurte integral ou semidesnatado.
O que evitar (ou reduzir) – Carne vermelha, refrigerantes e carboidratos refinados (como pizza, arroz branco e biscoitos).
4.Proteger o coração
DIETA ORNISH
Trata-se, na verdade, de um programa de mudanças no estilo de vida que, devido a trabalhos feitos nos últimos 25 anos pelo médico americano Dean Ornish, ganhou reconhecimento como defensor do coração. Mas a coisa não é fácil. Praticamente vegetariano, o cardápio limita o consumo de gordura e bane até azeite de oliva. E há reveses, como exemplifica a nutricionista Mônica Beyruti, de São Paulo: “A falta de leite e ovos pode levar à carência de vitamina B12”. Para a nutricionista Camila Torreglosa, do Hospital do Coração, na capital paulista, mesmo quem já tem problema nas artérias não precisa ser tão radical. “Melhor adotar a dieta mediterrânea, mais saborosa e fácil de seguir”, opina.
Leia mais: Proteste vê erros em dietas indicadas por nutris. Conselho rebate
O que comer mais – Frutas, verduras, leguminosas (como soja), abacate, castanhas e sementes em geral.
O que evitar (ou reduzir) – Carne vermelha, aves, peixes, gema de ovo, leite, iogurte, manteiga e óleos (ou seja, fontes de gordura).
6. A campeã das campeãs
DASH
A dieta que levou o grande troféu foi originalmente formulada para conter o aumento da pressão. “Daí o fato de ser rica em vários nutrientes que ajudam a controlar os níveis, como potássio, cálcio e magnésio, e pobre em sódio”, descreve a nutricionista Márcia Simas, diretora do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Hipertensão.
O sal, um dos maiores vilões em matéria de pressão alta, é limitado a 2 300 miligramas por dia (ou 1 colher de chá), mas o objetivo é gradualmente diminuir a quantidade para 1 500 miligramas. O segredo para não estourar a cota é esquecer o saleiro e ler os rótulos. Produtos com mais de 5% do valor total de sódio recomendado por dia devem ser evitados.
Leia mais: Por que as dietas da moda falham
Como privilegia alimentos ricos em fibras e antioxidantes, e menos abastecidos de açúcar e gordura, não surpreende que a DASH também se preste a frear o diabetes e o ganho de peso. “Pessoas que buscam emagrecer podem seguir a DASH. Só devem ter atenção para o total de calorias ingeridas, uma vez que ela não impõe restrições calóricas”, lembra Mônica.
O cardápio, contudo, é contraindicado para alguns grupos. “Indivíduos com doença renal crônica ou alguns distúrbios gastrointestinais não devem segui-lo”, avisa Márcia. Enquanto a primeira turma precisa reduzir a ingestão de proteína e potássio para não sobrecarregar os rins, a segunda tem muitas vezes de racionar nas fibras e na lactose. Não havendo restrição, a DASH está liberada para provar em seu dia a dia por que é a preferida dos experts.
O que comer mais – Frutas, verduras e legumes, laticínios com baixo teor de gordura, carnes magras, castanhas e leguminosas.
O que evitar (ou reduzir) – Enlatados e outros redutos de sódio, alimentos gordurosos, doces, refrigerantes e outras bebidas