O desperdício é um dos principais problemas da cadeia de alimentos. Estima-se que 15 a 40% das frutas, verduras e legumes vão parar no lixo antes de chegar à mesa do consumidor. Entre os principais motivos para tamanha perda, estão os danos que ocorrem no transporte da lavoura até os pontos de venda e o amadurecimento antecipado.
A boa notícia é que a ciência pode ajudar — e muito — a diminuir essas estatísticas. O farmacêutico Franco Maria Lajolo, a química Beatriz Rosana Lysenko e o bioquímico João Roberto do Nascimento são pioneiros na área e se dedicam a estudar, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, as transformações pelas quais os vegetais passam depois de serem retirados das árvores.
Por vários anos, eles analisaram quais eram os fatores moleculares e hormonais que faziam esses produtos apodrecerem com o tempo. Para isso, pesquisaram dois dos frutos mais populares do Brasil: a banana e o mamão. Os achados mostram que a programação genética está diretamente relacionada com o fenômeno do amadurecimento.
Os experts descobriram, por exemplo, o que faz a nanica verde ficar amarela e doce. A partir daí, é possível criar estratégias para retardar esse processo e garantir um prazo de validade maior. Na papaia, por sua vez, eles vasculharam a fundo as moléculas que fazem a polpa ficar macia e apetitosa. O objetivo final é pensar em maneiras de manter a fruta mais firme durante o transporte, evitando que as batidas estraguem o seu conteúdo e impeçam o consumo.
É lógico que um trabalho tão fascinante não poderia ficar sem homenagens. Em 2016, o trio de cientistas brasileiros recebeu o Prêmio Péter Murányi, que valoriza iniciativas nas áreas de saúde, alimentação e educação nos países em desenvolvimento. As inscrições para a edição de 2018 da premiação estão abertas! Acesse o site clicando aqui.