Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Compaixão: um remédio preventivo contra as doenças do coração

Ajudar os outros traz benefícios para você - e isso foi comprovado em um estudo sobre hipertensão

Por Álvaro Avezum, cardiologista*
17 Maio 2024, 09h07
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Talvez a explicação para a representação universal dos bons sentimentos ser a imagem de um coração seja mais científica do que imaginávamos: um estudo finlandês acaba de concluir que atitudes tomadas para aplacar o sofrimento de alguém tendem a promover um melhor controle da pressão arterial e a reduzir a incidência da hipertensão.

    Esses efeitos terapêuticos foram comprovados numa análise com cerca de 1 200 pessoas, acompanhadas desde 1980, e se mostraram independentes de outras características dos participantes, como idade, sexo, renda e comportamento. Sabemos que aspectos psicológicos, incluindo a ansiedade e a depressão, podem elevar a pressão arterial.

    E, embora a recíproca seja verdadeira — otimistas costumam ter uma saúde melhor —, faltava saber qual traço de personalidade reverberava mais significativamente para termos artérias e coração mais saudáveis.

    A pesquisa da Finlândia responde: é a compaixão disposicional, a abertura a ajudar os outros. É como se, ao fazer o bem, fizéssemos bem a nós mesmos. A compaixão de que fala o estudo é a “empatia com ação”: não basta se colocar no lugar do outro, é preciso se mover para apoiar o semelhante.

    Nessa mobilização, nosso organismo é recompensado. Não se trata de um ganho pequeno. A OMS estima que a hipertensão cause até 12% de todas as mortes no mundo. Além disso, há evidências de que mesmo diminuições modestas na pressão arterial sistólica — o primeiro valor da medida — levem a uma redução substancial da ocorrência de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insufciência cardíaca.

    A prevalência da hipertensão é gritante no país, girando em torno de 45% da população adulta. É o principal fator de risco para ataques cardíacos e derrames e o segundo mais importante em termos de mortalidade precoce, como demonstra o estudo PURE (Prospective Urban Rural Epidemiology), que avalia, há 17 anos, o estado de saúde de 300 mil indivíduos em 21 países, entre eles o Brasil.

    Continua após a publicidade

    Se quisermos reverter o processo de adoecimento em massa, precisamos dar um passo atrás. Pois o problema não começa com alterações nos exames. Pode ter origem em vivências desarmoniosas, sentimentos não edificantes, falta de compaixão, gratidão e perdão…

    +Leia também: Só uma em cada dez pessoas reconhece pressão alta como ameaça ao coração

    Isso prejudica o bem-estar psíquico e físico e desestimula as pessoas a se cuidar. Se somos o que pensamos e sentimos, perceberemos que a espiritualidade é indissociável dessa trama. E aqui a entendemos como um conjunto de valores morais e emocionais que norteiam pensamentos e comportamentos nas relações intra e interpessoais.

    Uma das atitudes alimentadas pela espiritualidade é justamente a compaixão, que deveria ser condição sine qua non na rotina dos médicos. Um paciente é muito mais que um exame ou uma doença, de modo que a empatia com ação permite estabelecer diálogo, confiança e caminhos para o sucesso do tratamento.

    A sensibilidade e o engajamento do profssional ao procurar ouvir, entender e agir para minimizar sofrimentos continuam sendo uma das ferramentas mais potentes da medicina.

    Continua após a publicidade

    *Álvaro Avezum é cardiologista, diretor do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP) e assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)

    Compartilhe essa matéria via:
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.