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Acordar durante a noite para fazer xixi é normal? Médico explica

Existem condições que tornam a bexiga mais irritável e exigem esvaziamentos mais frequentes

Por Anuar Ibrahim Mitre, head nacional de urologia da BrazilHealth e médico do Hospital Sírio-Libanês*
10 fev 2025, 09h37
dia de incontinencia urinaria
A bexiga hiperativa aumenta com a idade (Foto: Dercilio/SAÚDE é Vital)
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Um dos incômodos noturnos mais comuns é precisar levantar da cama no meio do sono para ir ao banheiro. Será que é normal?

Essa é uma excelente questão e, ao mesmo tempo, complexa de responder, pois envolve três cenários distintos: normalidade, irritabilidade e bexiga hiperativa. Normalmente, o foco recai apenas sobre o último ponto, mas é importante esclarecer todas essas situações.

A urina é produzida nos rins e enviada para a bexiga por meio dos ureteres, onde fica armazenada. De tempos em tempos, e em determinadas situações, precisa ser esvaziada. Isso nos confere uma autonomia de horas e nos permite escolher o momento e o local adequados para urinar, criando uma condição confortável do ponto de vista social.

A bexiga vai se enchendo de urina sem contrações ou aumento de pressão, o que só ocorre quando atinge sua capacidade máxima. Assim, é fundamental distinguir comportamento normais e anormais do órgão.

+ Leia também: Salve seus rins: como prevenir e controlar a doença renal crônica

Como a bexiga funciona?

A bexiga do adulto é um reservatório de capacidade variável, mas, em média, armazena 500 ml de urina.

O sistema nervoso central, após uma certa idade, passa a inibir contrações reflexas involuntárias. É por isso que as crianças pequenas, que inicialmente deixam escapar o xixi de forma reflexa, gradualmente adquirem controle miccional.

No entanto, quando ela atinge um determinado volume, começa a enviar sinais ao cérebro informando que está cheia e precisa ser esvaziada.

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Durante a noite, enquanto dormimos, não ingerimos líquidos ou alimentos, reduzindo a quantidade de urina produzida pelos rins. Dessa forma, muitas pessoas conseguem passar a noite inteira de maneira tranquila. No entanto, dependendo do horário do jantar e do consumo de bebidas, o órgão pode se encher mais rapidamente, levando à necessidade de esvaziamento.

Acordar uma ou duas vezes durante a noite para urinar pode ser considerado normal, especialmente se houver consumo de álcool, chá ou café, que estimulam a micção.

Quando a frequência noturna é um problema?

Além dessas situações habituais, existem condições que tornam a bexiga mais irritável e exigem esvaziamentos mais frequentes. Alguns exemplos incluem:

Quando essas condições são tratadas, a bexiga geralmente retorna ao seu comportamento normal.

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Bexiga hiperativa: o que é e como acontece?

A bexiga hiperativa, também chamada hiperatividade vesical, é uma condição anormal, caracterizada pela presença de contrações involuntárias e indesejadas do órgão durante a fase de enchimento, ou seja, antes mesmo de estar completamente cheio. Isso faz com que a necessidade de urinar ocorra com mais frequência e urgência.

Com o envelhecimento e em determinadas situações – como estresse, hiperplasia prostática no homem acima dos 50 anos, climatério na mulher, infecções urinárias, gravidez e doenças neurológicas – a bexiga pode se tornar mais irritável e responsiva, exigindo esvaziamentos mesmo com pequenos volumes de urina.

Na hiperatividade vesical, o paciente passa a apresentar contrações involuntárias e urgência miccional, podendo precisar ir ao banheiro imediatamente, sob risco de sofrer perda involuntária de urina (urge-incontinência).

A condição representa um problema médico de alta prevalência e pode impactar significativamente a qualidade de vida. Pacientes frequentemente enfrentam:

  • Incontinência urinária
  • Dificuldade para sair de casa devido à necessidade constante de urinar
  • Restrição na ingestão de líquidos para evitar episódios frequentes de micção
  • Uso de fraldas ou absorventes para contenção
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Nos casos em que o quadro está associado a doenças neurológicas – como lesão medular, esclerose múltipla, mielites, acidente vascular cerebral e Parkinson – há ainda maior risco de infecções do trato urinário e até mesmo complicações nos rins.

A bexiga hiperativa aumenta com a idade?

A resposta é sim. A prevalência do problema sem causas neurológicas associadas aumenta com a idade, afetando até 1/3 da população acima dos 70 anos, com intensidade variável. Homens e mulheres são igualmente acometidos.

Tratamentos

O cuidado depende da causa, e há várias abordagens disponíveis:

Terapia Comportamental

  • Redução da ingestão de líquidos
  • Evitar café, chá e álcool
  • Urinar em intervalos programados, mesmo sem vontade

Fisioterapia Pélvica

Exercícios específicos para fortalecer o assoalho pélvico e melhorar o controle da bexiga.

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Medicações

Fármacos que ajudam a reduzir a hiperatividade da bexiga.

Cirurgia

Indicada em casos graves que não respondem a outros tratamentos.

Em situações mais complexas, pode ser necessário realizar um exame urodinâmico, que avalia o comportamento da bexiga e orienta o manejo adequado.

Para casos mais graves e resistentes aos tratamentos convencionais, podem ser indicadas abordagens como:

• Uso endoscópico de Botox: relaxa o músculo vesical, reduzindo as contrações involuntárias

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• Neuromoduladores sacrais (marcapassos para a bexiga): dispositivos que regulam a atividade vesical por meio de estímulos elétricos

Acordar durante a noite para urinar pode ser normal, dependendo da ingestão de líquidos e de fatores individuais. No entanto, se a frequência aumenta ou se há urgência intensa e dificuldade de controle, é essencial procurar um médico.

A hiperatividade vesical pode comprometer significativamente a qualidade de vida, mas há tratamentos disponíveis, desde ajustes comportamentais até intervenções médicas e cirúrgicas.

Se você enfrenta esse problema, busque um urologista para avaliar sua situação e determinar a melhor estratégia de tratamento. Afinal, ter um controle adequado da bexiga é fundamental para garantir bem-estar e qualidade de vida.

*Anuar Ibrahim Mitre é head nacional de urologia da BrazilHealth e médico do Hospital Sírio-Libanês.

(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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